tagens, mas, antes, orientador do desenvolvimento industrial, aconselhando novas modalidades, para dar satisfação às iniciativas que vão surgindo, conduzindo-as para terrenos mais propícios a resultados remuneradores, seja pela lei existente ou por outros regulamentos económicos, por cada ramo industrial.

Cumpro ao Governo actuar pelos meios que lhe permitam orientar o desenvolvimento industrial, mas no sentido construtivo a que se propõe, o não o poderá fazer se não usar francamente de um regime de condicionamento, seja pela lei existente ou por outros regulamentos económicos, por cada zona industrial. Parece que nos acanhamos de nós mesmos ao desinteressarmo-nos do uma orgânica que não deve concorrer para monopólios, mas que tem obrigação de defender interesses criados, que devem servir o bem comum, e que é necessário que contribuam assim para melhorar o nível de vida da população portuguesa.

Se discordo de grandes concentrações, que só em casos especiais poderão ser consideradas no nosso país, contrárias à nossa mediania e até ao nosso espírito de administração, também não posso conceber que continuemos dispostos a esta pulverização de indústrias, o de tal ordem que, atropelando tudo o todos, nos conduza a uma situação insustentável.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Noutros países exerce-se o equilíbrio de produção por formas diversas, através do próprio comando da indústria existente ou de controle bancário, que contraria ou aprova novas instalações.

A baixa de preços artificialmente conseguida com unia concorrência desregrada não é uma solução, e menos uma vantagem, para a economia nacional.

A nossa indústria só em casos muito especiais pode contar com a sua expansão nos mercados externos, e compreendo-se que assim aconteça, mais por dificuldades económicas do que por deficiências técnicas.

Sr. Presidente: a maior parte das indústrias portuguesas luta, não só nas nossas províncias ultramarinas, mas até mesmo na metrópole, com sérias dificuldades perante a concorrência estrangeira; é necessário que o Estado, pelos seus principais organismos, dê a preferência ao que se produz em Portugal. Para competir não basta pagar salários mais baixos, haverá que dispor do matérias-primas a preços mínimos e, principalme nte, obter todo o rendimento dos maquinismos montados.

Acrescentaremos à desproporção do nosso consumo, comparativamente com o de outros países, base principal para manter unia regular produção, os prémios que os industriais estrangeiros recebem em beneficio dos produtos de exportação, sistema talvez artificial, mas que, sem dúvida, representa um auxílio positivo sobre o excesso da sua produção, o que lhos facilita assim grandemente a concorrência.

É necessário, sem dúvida, melhorar os nossos métodos de fabrico, para que possamos competir, mas é, preciso dispor também da compreensão de todos para que o nosso esforço resulte útil e benéfico.

Conjuguemos as nossas vontades à volta das nobres intenções do Governo, não permitindo que a burocracia as deturpe; habilitemos os nossos trabalhadores, que melhores não há, com os conhecimentos básicos dos materiais com que trabalham e do melhor rendimento que deles podem obter.

Teremos de pôr de parte os nossos maquinismos antiquados, mas é necessário que seja terminantemente proibida a importação de outros já desactualizados e postos de parte por organizações estrangeiras e que continuam diariamente a passar pelas nossas alfândegas, o que constitui sério pesadelo para a nossa pequena economia.

Sr. Presidente: creio firmemente que a ciência o a técnica são indispensáveis para realizar a grande obra tio conjunto que se planeia, obra que deverá ser conduzida pelo Governo com a representação efectiva dos organismos corporativos e com a experiência dos que têm dado o seu esforço e as suas provas de bem servir o Estado, a bem da Nação.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - O debate continuará na sessão de amanhã.

Está encerrada a sessão.

Eram 17 horas e 15 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Herculano Amorim Ferreira.

José dos Santos Bessa.

Manuel Maria Múrias Júnior.

D. Maria Leonor Correia Botelho.

Mário Correia Teles de Araújo e Albuquerque.

Paulo Cancella de Abreu.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Alberto Cruz.

Amândio Rebelo de Figueiredo.

António de Almeida.

António Augusto Esteves Mendes Correia.

António da Purificação Vasconcelos Baptista Felgueiras.

António dos Santos Carreto.

Augusto César Cerqueira Gomes.

Carlos de Azevedo Mendes.

Carlos Mantero Belard.

Gaspar Inácio Ferreira.

Gastão Carlos de Deus Figueira.

João Carlos de Assis Pereira de Melo.

João Mendes da Costa Amaral.

Jorge Botelho Moniz.

Jorge Pereira Jardim.

José Gualberto de Sá Carneiro.

Luís Filipe da Fonseca Morais Alçada.

Manuel Cerqueira Gomes.

Manuel Colares Pereira.

Manuel de Magalhães Pessoa.

Manuel Marques Teixeira.

Pedro de Chaves Cymbron Borges de Sousa.

Pedro Joaquim da Cunha Meneses Pinto Cardoso.

Sebastião Garcia Ramires. Urgel Abílio Horta.