sob o olhar misericordioso da Virgem fidelíssima, prosseguiram na cidade da Covilhã, onde tão excelso prelado nasceu e rezou a sua primeira missa e que agora o distinguiu com a sua medalha de ouro, para culminarem, em apoteose, na de Beja, onde, com a presença de membros do Governo e categorizados ornamentos do alto clero português, se celebraram, com raro brilhantismo, os seus cinquenta anos de virtuoso sacerdócio, trinta e cinco de magnifico episcopado e outros tantos de fecunda e perseverante acção apostólica, evangelizadora e caritativa.

Sr. Presidente: acaba de ser homenageado, em ponho nitidamente nacional, um alto príncipe da Igreja e uma grande e nobre figura de Portugal.

E tal homenagem esmaltaram-na do rutilante brilho da sua presença espiritual Sua Santidade o Papá Pio XII - «aquela luz que as tempestades não apagam nem sequer diminuem, a voz que o tumulto das paixões não consegue abafar, a fortaleza impoluta e universal da honra e da dignidade humana», na abnegadamente, a inclemência dos bombardeamentos, se debruçou carinhosamente sobre os feridos e os moribundos e enxugou tantas lágrimas e mitigou tantas dores e valeu a tantas desventuras.

Da indómita bravura, da inexcedível abnegação, do heroísmo serenei e firme do chefe, esbelto e valoroso, dos capelães militares do Corpo Expedicionário Português falam eloquentemente honrosos louvores por feitos em campanha o as inúmeras medalhas, nacionais e estrangeiras, que constelam aquela batina episcopal, sob que pulsa o coração de um indefesso patriota e de um grande português.

Soldado da Pátria, ainda, numa luta incruenta, mas fecunda, em favor da educação, da instrução e da cultura do povo português, da moralização dos costumes, do apuramento dos sentimentos, do revigoramento dos caracteres, enfim, da elevação do prestígio e da dignidade da pessoa humana.

Soldado da Igreja num combate de todos os dias e de todas as horas, sem desânimos nem desfalecimentos, contra a heresia, a impiedade e a descrença, triunfantes numa diocese que longo o criminoso abandono reduzira a um informe montão de ruínas.

Soldado da Igreja a que se deve a recristianização dessa diocese, a edificação na sua sede de um magnífico seminário, de uma grandiosa sé catedral, de um monumento votivo a Nossa Senhora da Conceição, a preparação de uma verdadeira elite de novos sacerdotes, um notável impulso ao apostolado das missões e à acção católica e, enfim, com a colaboração do seu dedicado, ilustre e virtuoso clero, a conquista para o reino de Deus de uma multidão de descrentes, indiferentes ou simples adormecidos.

Bispo da Caridade, sim, bem merece essa designação o das magnificas pastorais, o inspirado criador de tantas e tão prestantes obras de piedade e caridade, nos limites da sua vasta diocese, casas de trabalho, uniões de caridade, Conferências de S. Vicente de Paulo, sopas de pobres, cozinhas económicas, colónias balneares e essa humanitária e singular instituição que é o Amparo dos Pobres, em favor das crianças, dos inválidos e dos sem trabalho.

Bispo da Caridade, sim, o de alma pura, generosa e compadecida que, vencendo dificuldades e resistências sem conta, logrou erigir, com a indispensável comparticipação do Estado, um bairro de cem moradias para outras tantas famílias pobres, que há pouco foi inaugurado, sob a doce invocação da Excelsa Senhora Padroeira de Portugal.

Senhor Presidente: no desenvolvimento do erudito e patriótico discurso que proferiu na brilhante sessão solene de encerramento das comemorações jubilares

que inspiraram estas descoloridas palavras o Sr. Prof. Luís de Pina sugeriu a instituição no nosso pais, à semelhança do que se fez na vizinha Espanha, do Vicariato-Geral dos Capelães Militares e a designação, para seu primeiro titular, de S. Ex.ª Rev.ma o Sr. D. José do Patrocínio Dias.

As palavras do eminente catedrático foram vibrantemente aplaudidas por todos os assistentes, que o seu alvitre - inteiramente o partilhamos - é de todo o ponto oportuno e feliz, e se o Governo se dispuser a propor a criação de tal vicariato, a ninguém caberia melhor a alta dignidade de ordinário castrense ou bispo dos exércitos do que ao ínclito antístite de Beja, por seus méritos excepcionais e pelos relevantes serviços prestados a Deus e à Pátria, na guerra como na paz.

Sr. Presidente: diligenciei fixar em ligeiro apontamento, para exaltá-las, as facetas mais salientes da riquíssima e superior personalidade do eminente prelado que a divina providência designou para dirigir e salvar a diocese de Beja numa hora particularmente difícil da sua dilatada existência; e, a traços fugidios, recordei a obra notabilíssima que S. Ex.ª logrou erguer em trinta e cinco anos de corajosa, perseverante e fecunda actividade episcopal.

Vem dos primeiros alvores de uma juventude distante e está firmemente enraizado nos mais íntimos recessos da minha alma o culto fervoroso e consciente que voto aos talentos, virtudes e qualidades do egrégio prelado D. José do Patrocínio Dias; bendito o ensejo, o que