Por decreto-lei há poucos dias publicado, foi, finalmente, atendida, e por forma muito feliz, essa grande aspiração daquela terra, e cuja repercussão, nunca é de mais exaltar, visto constituir uma das condições mais importantes para a eficiência do ensino liceal, pelo que está de parabéns a população escolar do distrito de Angra.

Assim, é do mais elementar dever de gratidão manifestar, deste lugar, em representação do círculo que me elegeu, todo o reconhecimento que é devido, em especial, a SS Exas. os Ministros das Obras Públicas, Finanças e Educação Nacional e a todo o Governo, que, mais uma vez, deixou bem patente a sua compreensão e espírito de bem servir as justas aspirações da gente insular.

Bem haja, pois, o Governo da Nação.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Sarmento Rodrigues: - Sr. Presidente: embora o grave momento nacional que vivemos seja mais de acções que de palavras, pareceu-me que seria meu dever, aqui nesta Assembleia, chamar mais uma vez, neste final de trabalhos parlamentares, a atenção constante dos Portugueses para a imperiosa necessidade de promover uma total concentração dos valores desta nação perante a situação dramática que estamos atravessando, e da qual quase se não dá fé em muitos sectores da vida nacional.

Angola, a querida e grandiosa província, esperança e orgulho da Nação Portuguesa, tem sofrido inclemências como se estivesse em guerra. E a nós todos compete igualmente enfrentar os acontecimentos, compartilhando os sacrifícios e as esperanças.

Teremos talvez uma ideia da dura realidade se pensarmos que em resultado de cobardes e sanguinários ataques a gente pacífica e indefesa e na protecção das vidas de laboriosos e leais portugueses, sem distinção de raças ou origens, devem ter tombado já mais vítimas nos últimos meses de agressões no Congo do que em todas as campanhas de Angola e Moçambique do final do século passado, e porventura também do primeiro quartel deste século, exceptuada a primeira grande guerra.

Neste curto espaço de tempo, em condições dramatizadas pela surpresa interna e por ameaças externas, escreveram-se já em Angola páginas de história que os vindouros hão-de recordar. O comportamento heróico de portugueses nascidos em Angola ou nela arreigados, o contínuo, esgotante, estrénuo e valoroso esforço dos elementos das forças militares, de terra, do mar e do ar, da segurança pública e das autoridades civis, especialmente as mais expostas no interior, assim como a tenacidade e disposição intemerata da população de Angola em geral, passarão a ser mais um grande motivo de orgulho da gente portuguesa, que não recua perante a adversidade, nem transige diante da violência. Podemos com segurança afirmar que a gesta portuguesa, posta de novo à prova neste momento em Angola, é digna das tradições das grandes empresas de outros tempos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Esta é, Sr. Presidente, a minha sincera convicção, pelo conhecimento de alguns factos e pelo exame isento de uma situação tão sujeita a despertar veementes e desencontradas paixões. Por isso, aqui desejo deixar, antes do encerramento desta sessão legislativa, uma última saudação comovida a todos os que em Angola se batem com bravura n. defesa da honra e da integridade da Pátria Portuguesa.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E que me seja permitido prestar a minha homenagem ao Sr. Governador-Geral, Dr. Silva Tavares, que com tanta, dignidade tem sabido honrar a sua posição e as suas responsabilidades, sereno nas ocasiões perturbadas, claro em momentos confusos, leal e justo perante o exaltamento de paixões e sempre confiante no valor do povo que governa e nos destinos da Nação.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: o sangue generoso que correu em Angola é a mais sólida garantia da continuidade da Nação, e será um dos mais fortes motivos centrais para aglutinar todos os portugueses na decisão de juntos afrontar as ameaças e suportar os sacrifícios e encargos que a defesa nacional imponha.

Devemos regozijar-nos com as declarações oficiais que ultimamente têm sido feitas no sentido da defesa intransigente dos nossos direitos e da nossa gente, neste momento mais ameaçados em Angola. Mas não posso deixar de pedir a mesma atenção para a urgência de, pela mesma forma decidida e intensa, se aprestar a defesa das outras parcelas nacionais, sobretudo as que se encontram em maior risco neste momento, ou sejam a Guiné e Moçambique.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Quero crer, Sr. Presidente, que assim se esteja (procedendo e com isso me alegrarei. Porque temos a todo o custo de evitar que um sudário, trágico de vítimas seja o prólogo de um esforço que tudo indica terá de ser feito. E quanto mais tarde o for mais pesado e menos eficaz será.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Com estas minhas palavras não faço mais que repisar o que tenho sempre dito aqui nesta. Casa, em conferências, em discursos, por toda a parte, tantas vezes e com tanta insistência que até a mim parece impertinência. É preciso empenhar, arriscar tudo, sem reservas, na defesa do ultramar. Não há meios termos, nem podo haver pensamentos reservados e cautelosos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Empenhar, arriscar tudo! E a existência, nacional que está em jogo.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não tenhamos ilusões, mesmo nestas pequenas acalmias que porventura se nos deparem. Pelo contrário: aproveitemo-las para intensificar e para fortalecera nossa grandeza e unidade.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Por isso, volto ainda a repetir, cada vez mais alto: não podemos perder tempo!

Vozes: - Muito bem, muito bem!