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Além destes objectivos, do maior interesse para a Junta no momento em que se estavam a fazer os necessários estudos para lançar uma nova forma de representação da dívida pública por meio dos chamados certificados de aforro, outras finalidades se tiveram em vista, como, por exemplo, o estabelecimento de contactos com os serviços de dívida pública e até certos serviços particulares concorrentes do Estado no aproveitamento da poupança nacional; o estreitamento de relações entre a Junta do Crédito Público e as suas agências no estrangeiro, no intuito de receber destas informações acerca das causas que por vezes originam variações na cotação dos títulos- do Estado Português nesses países; o possível restabelecimento das funções que desempenhava em Paris, antes da última guerra mundial, o Crédit Lyonnais como entidade encarregada de pagar os cupões dos títulos do empréstimo externo de 3 por cento; a recolha de novos ensinamentos sobre microfilmagem, o seu emprego nos serviços da dívida pública, catalogação, etc.

A fim de economizar tempo, decidiu a comissão que o presidente da Junta do Crédito Público se deslocasse a Paris e a Londres, mas que os dois restantes membros dividissem entre si o campo de trabalho, por forma que cada um actuasse apenas numa daquelas capitais, ou só, ou a coadjuvar o presidente nas principais diligências a efectuar.

Nesta ordem de ideias, o director-geral deslocou-se somente a Paris e o consultor técnico-financeiro esteve apenas em Londres.

Dos contactos tidos em Paris convém destacar as visitas efectuadas à Direction de Ia Dette Publique, à Caísse dês Dépôts et Consignations e ao Bureau Central des Caisses d'Epargne.

A Direction de la Dette Publique ë uma Direcção-Geral do Ministério das Finanças e Economia, que tem funções semelhantes à Junta do Crédito Público, embora com certas diferenças nalguns aspectos especiais. Foi feita uma visita pormenorizada a todas as dependências do departamento e obtiveram-se esclarecimentos sobre organização dos serviços, política geral de crédito, colocação de empréstimos do Estado, processos de interessar o público em tais empréstimos, diversas modalidades de empréstimos, prazos de amortização, juros, ligações com a banca particular, etc.

Das demoradas conversas tidas com o director da Dette Publique é curios o destacar alguns pontos de interesse, como, por exemplo: Entre os empréstimos públicos de pequena duração, semelhantes tios certificados de aforro que se tinha em vista lançar no nosso país, destacam-se os bonds du Trésor, amortizáveis ao fim de 2 anos ou no fim de l ano, e os de juro progressivo amortizáveis entre 3 e 36 meses.

2) O lançamento de qualquer empréstimo, e mormente dos bonds du Trésor, é sempre acompanhado de intensa propaganda, não só por meio de cartazes, como também por meio da rádio e da televisão.

3) Quem vende ao público os títulos dos empréstimos do Estado são os bancos, fazendo-se previamente um contrato entre estes e o Ministério das Finanças, no qual se fixa a comissão que os bancos cobram pela operação. Esta comissão é bastante superior àquela que normalmente se paga ao banco ou bancos portugueses encarregados de colocar os empréstimos do Estado.

4) Os bonds du Trésor estão isentos de todos os impostos, mas os títulos dos empréstimos particulares com aval do Estado estão sujeitos a imposto s, embora seja de notar que o juro é de õ por cento, superior, portanto, ao juro que normalmente vencem em Portugal os títulos dos empréstimos da mesma natureza e que beneficiam, em contrapartida, de redução ou isenção do imposto sobre a aplicação de capitais.

5) As rendas vitalícias não são feitas pela Direction de la Dette Publique, mas sim por outro organismo, denominado Caísse Nationale d'Assurance sur la Vie. Em compensação, todas as pensões vitalícias, como as pensões civis, as pensões militares, as pensões militares de invalidez e de vítimas civis, etc., estão a cargo da Dette Publique e constituem dívida pública.

6) A lotaria nacional é explorada pela Direction de la Dette Publique, constituindo o lucro da mesma receita do Estado.

7) Os particulares podem pagar os seus impostos por meio de entrega de títulos da dívida pública, os quais são abatidos à dívida, constituindo isto um processo de amortizar a dívida fundada.

A Caísse des Dépôts et Cousignations e as Caisses d'Epargue, que constituem um prolongamento daquela, centralizam, em França, a grande maioria da poupança colectiva e desempenham grandes funções bancárias e de regularização do mercado dos seguros de vida, além de outras relativas a rendas vitalícias, pensões de reforma dos operários dos estabelecimentos industriais do Estado, gerência dos fundos das sociedades de socorros mútuos, etc.

Há caixas de poupanças ordinárias ou particulares, denominadas Caisses d'Epargne et de Prévoyance e a Cuisse National d'Epargue, organismo ligado ao Ministério dos Correios e Telecomunicações, conhecido por caixa de poupança dos P. T. T.