de Lisboa, herdeira da gloriosa tradição do antigo curso superior de Letras e alfobre de valores eminentes da cultora portuguesa, aos quais tenho sempre tributado a minha admiração e respeito.
Mas é também como universitário e estudioso que tenho o mais reverente culto pela tradição cultural eborense. Foi com respeito e emoção que tardiamente visitei a vetusta e gloriosa cidade, tão rica de monumentos evocadores, de documentos de uma vida política, religiosa, intelectual e social que do mais remoto passado veio enchendo de formosas iluminuras os anais da história pátria, berço de varões notáveis e mesmo de figuras femininas do maior relevo, centro outrora das mais variadas e fecundas actividades, hoje convertida, na expressão corrente, em cidade-museu, mas, a meu ver, nem por isso devendo considerar-se apenas relíquia inerte do passado, de uma frialdade somente contrariada pelo calor emocional das evocações históricas e arqueológicas, antes devendo representar uma tradição viva, uma tradição que assegura energias novas e é a expressão da continuidade da Pátria imortal.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - Não posso deter-me agora na menção de tantos títulos indeclináveis de Évora ao reconhecimento e ao culto da Nação. Citarei apenas o facto curioso do, procurando há anos estudar a distribuição, geográfica dos homens notáveis, dos grandes homens, em Portugal, ter encontrado das mais altas percentagens de homens ilustres, em relação à população, para o Alentejo e para Évora. O papel de centros universitários e cultos nessas percentagens é sensível, inclusive pelos meios de valorização e até notoriedade de que dispõem. Évora foi um grande centro cultural do Pais; falo imparcialmente, homem nortenho,- aberto na justiça feita à grande cidade do Sul. Deve continuar a sê-lo.
A meu ver, a Nação tem uma divida para com Évora: a de a restituir à sua categoria de cidade universitária.
O Sr. Bartolomeu Gromicho : - Muito bem!
O Orador; - Não peço que se multipliquem os estabelecimentos de ensino universitário de modo incompatível com as possibilidades e com os interesses nacionais. Mas porque não repartir algumas secções ou institutos das Faculdades existentes por vários pontos do Pais, nomeadamente Braga e Évora?
Vozes : - Muito bem !
O Orador: - Aliás Braga será a sede indicada de Faculdades católicas ou pontifícias, das quais a jovem Faculdade de Filosofia ali instituída é já um anúncio feliz.
Vozes : - Muito bem, muito bem!
O Orador: - Évora e o Porto deveriam também, com justiça, receber uma parcela nu distribuição dos núcleos universitários de estudos humanísticos.
Vozes : - Muito bem!
O Orador: - Esperemos que a existência já, na capital do Norte, dum centro de tais estudos, criado pelo Município e pelo Instituto de Alta Cultura, seja o germe da Faculdade ou instituto universitário a que o Porto tem evidente jus.
Vozes : - Muito bem!
O Orador: - Com as secções e quadros de disciplinas das actuais Universidades poderia fazer-se uma repartição mais satisfatória do que as actuais concentração e uniformização.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Mas há que ter ainda em conta um facto incontroverso: o de que as Universidades e Faculdades clássicas existentes, que vêm de 1911 e de antes, possuem, em muitos sectores, um excesso de população escolar para as possibilidades docentes, em pessoal, material e instalações. Em geral os quadros de pessoal docente e auxiliar são os mesmos de 1911: o numero de alunos, em muitas disciplinas, triplicou ou até quadriplicou. Há que pensar na gravidade do facto do ponto de vista da eficiência do ensino e da formação dos diplomados.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Reservo-me naturalmente para noutra oportunidade desenvolver este assunto, que me parece de ponderar seriamente. Não me assusta a difusão da cultura superior ao máximo, antes a considero vantajosa, se for electiva, e não um verniz superficial, uma perigosa aparência, sem conteúdo real e útil.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Também então encararei o problema cultural no ultramar.
Por hoje quis apenas afirmar que não há, nem deve haver, competição entre a Faculdade de Letras de Lisboa e a cidade de Évora a propósito da Biblioteca da Manizola, mas é de vantagem rever o problema geral do ensino universitário no País, não só no sentido de melhorar a sua eficiência como também no de atender ás legítimas reivindicações culturais de cidades que, como Évora, tom uma tradição das mais respeitáveis na matéria e não devem ser votadas ao esquecimento, a uma injusta inferioridade no fomento cultural do Pais.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.
que surgem, infelizmente, muito de longe em longe, continua a dar lamentáveis provas de incapacidade técnica e artística.
Nestas condições, roqueiro que pelas repartições competentes me seja indicado:
1.º O número de películas cinematográficas, excluídas as de pequena metragem, documentários