A rega tornar-se-ia um objectivo primário e, dentro de certos limites, independente do encargo unitário que ocasionasse. Também a gama das culturas regadas aumentaria, por incluir então o tabaco, a beterraba sacarina, o algodão e outras.

Mesmo dentro destas premissas, aliás semelhantes às que estiveram na base da reforma agrária italiana, não se me afigura que a solução para o sobrepovoamento rural pudesse ser encontrada a não ser no domínio extra-agrário, como, de resto, os primeiros resultados daquela experiência já comprovam superabundantemente. Quer dizer: nem a possibilidade de emprego de culturas industriais -uma das quais, a beterraba sacarina, só por si, bastaria para, de momento, romper o equilíbrio estagnante da nossa agricultura, abrindo-lhe novos caminhos e maiores possibilidades - nem este alargamento de culturas remuneradoras chegariam para encontrar uma solução segura para ocupar decentemente a nossa população rural. Só o desenvolvimento industrial poderá assegurar aquilo que a terra não garante.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Mas, assentando-se, para lá do campo dos princípios, no das práticas, na integração das economias ultramarinas e da metropolitana de forma a constituir-se uma verdadeira unidade económica, que parece não dever oferecer objecções a ninguém, então o problema modifica-se na medida em que o território se expande, novas possibilidades se abrem e diferentes condicionalismos se estabelecem.

É certo que falta um estudo ordenado que permita no campo da produção fixar uma orientação clara ao desenvolvimento económico no continente e no ultramar, de sorte que as economias se fundam e integrem num plano comum.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

dos que tem preços de custo dos produtos agrícolas mais caros, não obstante sermos, também, dos que pagam salários agrícolas mais baixos, donde decorre ser a nossa produtividade do trabalho terrivelmente baixa e sujeita, senão a uma lei de regressão, pelo menos a progresso sem significado.

Ora, essa política não podo ser levada a efeito, materializada, sem modernizar a nossa exploração, sem a dotar do equipamento indispensável, sem lhe assegurar o crédito necessário e lhe garantir o escoamento dos produtos, sem a tornar, em três palavras: estável, viável e moderna.

Para isso há ainda que adaptar os serviços públicos, por reforma que acabe não só com o conflito de competências, como com a política dos vários departamentos, de forma a permitir que atinjam em eficiência o assistência efectivas o País na sua diversidade e os problemas regionais na sua interdependência.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

alentejana, fica-se com uma ideia das consequências relativamente rápidas que acarretaria, quer no aumento da densidade pecuária e sua móis regular e económica alimentação, quer na absorção de braços, quer na elevação do rendimento unitário, sem afectar a produtividade do trabalho, quer, ainda, no resultado económico da exploração.

Virá, porém, a acontecer que sejam os lavradores que ponham, à disposição dos serviços agrícolas os terrenos necessários, substituindo o Estado na sua função, enquanto continuarão a ser acusados de rotina, de desinteresse, de indiferença?

Desejo ainda marcar neste capitulo a nota de que considero - e não estou em má companhia - este caso da maior importância e susceptível de grande repercussão no sentido de caminhar para um melhor aproveitamento da terra, proporcionando-o às exigências da técnica e da economia, capaz de influir decisivamente na evolução da terra alentejana, se for acompanhado de um conjunto simples de medidas indirecta s pouco custosas, facilmente aceites e certamente reprodutivas.

Não se perca, porém, de vista que a modernização, que implica mecanização e motorização onde for viável, isto é, um equipamento incomportável presentemente para a esmagadora maioria das nossas explorações, interfere directamente com a dimensão da empresa e o plano da exploração. De há anos a esta parte a superioridade da exploração especializada sobre a tipicamente intensiva em regime de policultura vem a marcar-se para lá das pequenas manchas de horticultura variegada nos arredores de um centro urbano ou industrial que escapou à lei da localização concentrada da indústria ou nasceu depois de os problemas da disseminação industrial começarem a interessar e preocupar alguns países.

O ideal de uma agricultura ocupando, intensa e fatigantemente, trabalho humano, principalmente da família, praticada muna área tendendo para o minifúndio, constituindo uma exploração em regime intensivo e policultural, consubstanciou-se, caracterizadamente, na agricultura francesa, belga e do Norte da Itália, assegurando durante muito tempo um vigor e uma capacidade de resistência invejáveis pelo nosso lavrador, mas está hoje, também, na origem da sua cristalização, a contrastar com a situação do tipo definido pelos países nórdicos - uma agricultura especializada marcadamente técnica, mecânica, industrial.

Vozes: - Muito bem!