Evolução do movimento de enfermagem em Portugal nos anos lectivos de 1925-1926 a 1952-1953 em escolas oficiais e particulares

(Ver tabela na imagem)

Sr. Presidente: dir-se-á que, apesar disso, há falta de enfermeiras. E é verdade. Sòmente essa verdade é de alcance mundial, e não apenas nacional.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Permito-me dar à Assembleia algumas notas acerca do problema da enfermagem em vários países e das tentativas desesperadas de todos os governos para lhe dar solução:

Na África do Sul a falta de enfermeiras levou a Administração do Transval a enviar uma missão à zona ocidental alemã para ali recrutar raparigas, que vão estudar enfermagem nas escolas sul-africanas. Os primeiros grupos a chegarem a Joanesburgo totalizaram 170 raparigas (Hospitais Portugueses, n.º 20, P- 44).

Na América a falta de enfermeiras alarmou de tal modo as repartições respectivas que o Governo, constituiu uma comissão de recrutamento de enfermeiras para estudar e resolver o problema. A comissão elaborou um plano de cinco anos, com início em 1951 e a desenvolver-se em duas fases: na primeira foi feito um apelo em massa e de âmbito nacional; na segunda são estimulados grupos de indivíduos em cada estado e em todas as localidades para entusiasmarem as raparigas a matricular-se nas escolas de enfermagem. Para este efeito utilizam a rádio, televisão, jornais, cartazes, etc. No ano de 1951 a comissão publicou cerca de 7 000 anúncios, afixou 22 180 cartazes em áreas urbanas e 3 121 em áreas rurais. Foram distribuídas no mesmo ano 150 000 brochuras (The American Journal of Nursing, Março de 1952, p. 302).

Por outro lado fez-se apelo pela imprensa, rádio e televisão às raparigas e senhoras desocupadas para que, voluntária e gratuitamente, venham ajudar as enfermeiras nos Hospitais carecidos de pessoal. E o número de voluntárias justificou a elaboração de uma lista de serviços que todos os hospitais da América poderão confiar-lhes (The Hospital Head Nurse, p. 179).

Finalmente, como medida de recurso, a América está ocupando cada vez maior número de enfermeiros casadas. Assim o Cook Country Hospital, de Chicago, com 3 400 camas, tinha em 1952 38,8 por cento de enfermeiras-casadas; o Minneapolis General Hospital, de 629 camas, tem 34 por cento de enfermeiras casadas; o Harris Hospital tem 110 enfermeiras, das quais 80 por cento são casadas,

Na Bélgica, La, Flandre Liberalle, Gand (2 de Abril de 1952) queixava-se da falta de enfermeiras no seu país. Dizia que, enquanto a Austrália tinha 1 enfermeira por 202 habitantes, os Estados Unidos 1 enfermeira por 292 habitantes, a Inglaterra 1 por 337, a Dinamarca, 1 por 350, a Bélgica não possui mais de 6 680 enfermeiras em actividade, ou seja 1 para 1 252 habitantes.

Para despertar o gosto pela enfermagem criou-se em Bruxelas, no ano de 1946, na Escola Normal Émile-Demot uma secção de pré-enfermagem, na qual raparigas dos 15 aos 18 anos tomam os primeiros contactos com tudo o que interessa à saúde pública e individual, não só através de cursos, mas sobretudo de estágios que põem as alunas em contacto diário com n vida social. Ao mesmo tempo, lançou-se uma grande campanha no público para que, com contribuições voluntárias, fossem criadas bolsas de estudo para aumentar a frequência desta escola.