E o que tem sido a sua acção atestam-no os relatórios que este organismo todos os anos vem publicando.

Em Coimbra, nos Hospitais da Universidade, com a colaboração do Instituto de Assistência à Família, temos já organizado, além do inquérito assistencial extensivo a todos os doentes do concelho de Coimbra e que procuram as consultas externas ou internato nas enfermarias, o serviço social hospitalar; devo anunciar que os resultados têm sido magníficos. Eles poderiam, creio bem, servir de paradigma para outros hospitais do País onde se pretendessem instalar serviços com equivalentes objectivos.

Dou mesmo a sugestão de se dever pensar em medida legislativa criadora de serviço social hospitalar em cidades cuja população fosse acima de certo limite.

Não poderia tornar-se extensivo, pelo menos de começo, a cidades de pequena população, por motivos de ordem orçamental. Em França tais medidas já foram legalmente promulgadas para cidades de população superior a 100 000 habitantes. E em todos os hospitais de Paris funciona, em plena actividade e êxito, o serviço social.

Se em Portugal se quisesse adoptar o mesmo critério, só duas cidades gozariam de tal privilégio, quando é certo que o serviço social hospitalar já vigora em cidades onde a população pouco vai além de metade daquela, que é Coimbra.

O serviço social hospitalar poderia estabelecer-se em estreita colaboração com a1 direcção dos Hospitais e Instituto de Assistência, à Família, instituição esta que em tão boa hora foi, há anos, criada entre nós.

fora das atenções do nosso Governo, e, em II de Outubro de 1050, -S. Exa. o actual Ministro do Interior confirmava por um despacho a organização das brigadas da educação sanitária da família. Já nos Hospitais da Universidade de Coimbra, com a colaboração do Instituto de Assistência à Família, se criaram. Há actualmente duas brigadas em permanente actividade e os resultados são deveras proveitosos.

As vantagens do Home Care são de ordem económica e moral.

Para se avaliar das vantagens de ordem económica bastará dizer-se que nos lugares onde a experiência só realizou a percentagem dos doentes sujeitos a este regime elevou-se a 35 por cento da totalidade dos internados. Menor preço nas diárias, descongestionamento dos leitos dos hospitais, reduzindo assim a necessidade de novas construções. Quer dizer: economia para o Tesouro Público e para o próprio doente.

Por outro lado, medicina mais humana, de ordem moral, pois não segrega o doente do seio da própria família. E não são poucos os casos em que a estada prolongada de um dos cônjuges em hospital ou sanatório tem dado origem a conflitos e desregramentos de ordem moral e a rotura dos laços conjugais.

É, creio bem, uma experiência que merece ser intensificada entre nós.

Sr. Presidente: um outro problema seria ainda o da reeducação funcional para os fisicamente diminuídos.

Embora seja problema particularmente posto em países que muito sofreram durante as duas guerras mundiais, onde foi elevado o número de mutilados e estropiados (a Inglaterra pode constituir disso exemplo e tem montados tais serviços segundo métodos rigorosamente científicos, em pleno funcionamento e com rendimento apreciável), todavia, também entre nós não seria despropósito nele se pensar.

Com efeito, se o doente abandona o hospital fisicamente diminuído, onde poderá ele continuar a ganhar u sua vida? E, todavia, mediante conveniente reeducaçào funcional (ou reeducação profissional, consoante suas aptidões psicotécnicas), poderia ainda continuar a ser um valor útil de produção. E, quando tal entre nós se fizesse, talvez devesse ser o hospital, senão a sede da reeducação profissional, ao menos a da readaptação funcional.

Sr. Presidente e meus senhores: eis um conjunto de problemas que, sobre ser uma suave crítica ao aviso prévio, constitui sobretudo um conjunto de sugestões, que o Governo da Nação tomará na medida em que o merecerem e de harmonia com as possibilidades do Tesouro.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Moura Relvas: - Sr. Presidente: ouvi, com a maior atenção, o aviso prévio do Prof. Cid dos Santos, pois a mereciam a competência e renome inegáveis que adquiriu como profissional, confirmados pelas minhas leituras da especialidade que cultivo.

Só poderia estranhar-se que pessoa dotada de tão altos méritos viesse trazer a esta Câmara questões limitadas a um Hospital Escolar. A explicação, todavia, torna-se clara se tiver-mos em consideração que o Hospital Escolar de que se trata é uma imorredoura demonstração do poder realizador do Estado Novo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por isso mesmo, a entrega, pelo Ministério das Obras Públicas ao Ministério do Interior, do grande Hospital Escolar, foi o primeiro acto oficial das comemorações do 27.º aniversário da entra da do Prof. Salazar para o Governo. Foi por equívoco que o Sr. Deputado Cid dos Santos se referiu a uma inauguração que ainda se não fez, tirando dum facto que se não deu corolários que não tinham cabimento.

O nome de Salazar está intimamente ligado a esta obra, pois foi na nota oficiosa de 27 de Julho de 1933 que o Sr. Presidente do Conselho marcou a resolução de promover a construção dos Hospitais Escolares de Lisboa e Porto, preenchendo uma grave lacuna da nossa vida médica.

No acto da entrega o Sr. Ministro das Obras Públicas pôs em destaque, com números e comparações elucidativas, a importância desse grandioso monumento, erguido à defesa da saúde, ao combate à doença, à preparação dos médicos e ao progresso das ciências médicas portuguesas.