dormida dessa enfermeira, que, segundo parecer clínico, tinha de estar presente.

O Orador: - A percentagem é deficiente, mas é evidente que o Governo procura resolver o problema.

Aquilo que acabo de dizer está escrito no relatório do proficiente enfermeiro-mor Emílio Faro, onde se encontra uma nota que diz assim:

Em 1928 tínhamos 6 500 camas nos hospitais gerais; em 1952 esse número elevou-se para 22 000 e o plano prevê 30 026 camas, sem contar as dos hospitais especiais previstos na lei.

(25 Anos de Administração Pública, publicação do Ministério do Interior).

Está, portanto, assegurada, a enfermagem do Hospital Escolar numa percentagem em relação ao número de camas, que não nos envergonha, pois é igual à dos hospitais reunidos de Roma.

Desejaria o Sr. Deputado Cid dos Santos um número ainda maior de enfermeiros, isto é, aproximadamente um enfermeiro por cama, como no hospital do sul de Estocolmo? O Sr. Deputado Cid dos Santos fez as contas, no sentido de saber quanto isso custava?

Quanto à qualidade do pessoal de enfermagem que vai trabalhar no Hospital Escolar nada posso esclarecer, antes gostaria de ser esclarecido.

Este problema já foi ventilado na mesma orientação do aviso prévio pelo Sr. Prof. F. Gentil nos seus artigos.

Quando os li, deduzi que há professores das Faculdades que são directores de escolas da enfermagem, e eles é que podem dizer alguma coisa sobre a competência dos diplomados que saem das escolas cujo funcionamento está a seu cargo.

Vamos trabalhando, mas há limitações, e nós, que partimos do zero, não podemos de um momento para o outro comparar-nos tom Estocolmo. Não podemos pensar que ao voltar duma página fique tudo feito. Dêmos tempo ao tempo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quanto aos laboratórios e clínicas, devem articular-se e coordenar-se em sentido prático e financeiramente equilibrado, evitando-se duplicações inúteis.

É preferível, por exemplo, um laboratório central de radiologia, com equipamento completo em todos os domínios, do que instalações privativas múltiplas com aparelhos especializados dispendiosos que «ó raramente possam ser utilizados.

Dadas as finalidades científica e pedagógica dos hospitais escolares, os laboratórios centrais devem estar muito bem apetrechados, concentrando neles as instalações que, por muito onerosas, seria antieconómico multiplicar nos serviços privativos das clínicas, a não ser em casos especiais.

Numa visita que fiz no Verão passado à Escandinávia não encontrei no célebre Radiumbemmet, de Estocolmo, o grande bloco acelerador de partículas capuz de por diluir uma energia cinética de 31 milhões de electrões-vóltios, denominado Betraton; vi-o depois funcionar no mais modesto Radium Hospital, de Oslo.

As possibilidades financeiras são, infelizmente, limitadas por toda a parte.

Vozes: - Muito bem!

Comprar-se um aparelho muito cairo para uma clínica, para servir uma só vez e depois se encher de pó, não está certo.

O Orador: - Quanto ao modo de recrutamento do professorado, permito-me discordar do Prof. Cid dos Santos ao estabelecer um regime demasiado apertado, sem elasticidade.

Os factos provam, efectivamente, que ao mesmo tempo que os Hospitais Civis vão fazendo escola, preparando médicos e cirurgiões de renome, a Faculdade de Medicina de Lisboa não tem hesitado, quando lhe convém, em recrutar professores onde encontra valores intelectuais, que se revelam e afirmam em conferências, publicações, congressos e investigação, seja nos Hospitais Civis, seja na Faculdade. Esse sangue fresco vai avigorar a Faculdade de Lisboa, mantendo-lhe o dinamismo.

Quem se sinta com forças pode trabalhar, investigar, fazer clínica e fazer ciência, na certeza de que, lá no alto, a Faculdade não ignora o seu esforço, o seu trabalho e o seu talento.

Para citar um exemplo, lembrarei o nome do pai do ilustre autor do aviso prévio, o Prof. Reinaldo dos Santos, que esteve muitos anos afastado da Faculdade de Medicina, onde fora primeiro-assistente, tendo adquirido mais tarde justa fama como cirurgião, dos Hospitais Civis, depois do que ingressou como catedrático na Faculdade de Medicina, onde conquistou renome mundial.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Se compreendi o sentido das palavras do Prof. Cid dos Santos, aplicando a rigor as suas ideias a Faculdade de Medicina de Lisboa talvez não pudesse hoje orgulha-se de conta Reinaldo dos Santos entre os seus mais notáveis ornamentos, que tanto tem elevado o nome da nossa pátria, bem como o prestígio das ciências médicas portuguesas.

O Orador: - Agradeço muito a explicação de V. Ex.ª, que é o complemento do que eu tinha dito.

Sr. Presidente: vou terminar as minhas considerações, mas não o quero fazer sem cumprir determinados deveres.

Temos entre nós mestres internacionalmente conhecidos, figuras gradas da medicina contemporânea.

O seu esforço deve convergir na tendência universal de uma acção polivalente, social, profiláctica, curativa e laboratorial, mas com critério prático dominante.

E isto que pedem os povos e é isto que pedem os alunos.

Aos Srs. Ministros do Interior, das Obras Públicas e da Educação Nacional exprimo o meu contentamento por vê-los irmanados numa obra de que nós, portugueses, podemos orgulhar-nos.

Ao ilustre Prof. Cid dos Santos quero deixar a certeza de que no âmbito das minhas discordâncias não há a mais pequena parcela de dúvida quanto ao seu valor como homem de ciência e à sua dedicação pelo ensino.

E, por último, deixo aos Srs. Deputados uma informação: visitei hospitais de Londres, Paris, Madrid, Estocolmo, Oslo, Berlim, Genebra, etc., e posso afirmar que, com todas as suas falhas, o grande Hospital Es-