lativa, com alma, com comando, com fundos públicos cada vez mais vastos, com cimento armado e onerosas importações de materiais e aparelhagem, tudo o que tem sido realizado desde a promulgação do Estatuto da Assistência.

Eu quereria perguntar ao ilustre Deputado em que país tem estado durante a última década?

Quereria pedir ao ilustre professor um pouco, ao menos, da fundamentação do que assim afirma com tal generalização e perguntar-lhe se ainda pode pensar-se que o País é Lisboa ou que Lisboa é o Hospital de Santa Marta?!

Prefiro, porém, não comentar. Prefiro rever as razões que me levaram em Março passado a elogiar a política do Governo em, matéria hospitalar, a elogiar a obra do Dr. Trigo de Negreiros, elogios que tenho trazido, já por outras vezes, precisamente como fundamento de reclamações ou de anseios de progresso. Só no bom podem fundar-se esperanças e garantia do melhor.

Nessa revisão, comecei por visitar o Hospital Escolar. O acesso é fácil e a localização magnífica. Não foi só a saúde do lisboeta que ganhou, mas também a valorização da sua cidade.

Entrando si esquerda deparou-se-me uma placa em que se recorda o motivo, a dignidade da inauguração o edifício, que foi feita com a presidência do Chefe do Estado, para comemorar vinte e cinco anos de governo de Salazar.

Há talvez quem entre e não leia - esta inscrição; há quem possivelmente a leia, mas, por não atinar no seu significado e no seu simbolismo, minimize a cerimónia em que se procedeu ao seu descerramento.

Li e creio que compreendi. Foram os vinte e cinco anos de governo de Salazar que tornaram possível a realização de tão grande empreendimento. À homenagem prestada por iniciativa dos que mais directamente participaram na execução daquela obra associou-se a Nação, agradecida pela construção de um magnífico estabelecimento hospitalar destinado ao tratamento de muitos e muitos portugueses.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

revendo-nos na graça dos novos bairros e nas, muitas das realizações levadas a cabo de há duas décadas para cá.

Para só aludir às que respeitam ao domínio da assistência, avulta logo o Hospital Júlio de Matos, que, disposto em pavilhões, ocupa uma grande área, e também o equilibrado e magnífico edifício do Instituto Português de Oncologia e depois a bela Escola de Enfermagem, das Casas de S. Vicente, da inesquecível e querida irmã Eugénia, cuja bondade, competência e alta espiritualidade tanto vigor deram a este último ciclo da assistência em Portugal.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Como todos o reconhecem, como o reconheceu, em primeiro lugar, Duarte Pacheco, a este último ciclo da assistência chamarei agora, Sr. Deputado Cid dos Santos, ciclo de bênçãos. Lembrei-me então no terraço altaneiro do Hospital Escolar, perante obras de tal porte, de que só com o levantamento destes grandes edifícios despendeu o Estado mais de meio milhão de contos, em execução de uma política que, sob este aspecto, não tem paralelo em qualquer outro período da nossa história.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Dominado por muitos sentimentos, entre os quais não foi o menor o orgulho de português perante a nossa capacidade realizadora ali patenteada e também o do reconhecimento aos homens que a despertaram, deixei o terraço e, ao pausar depois pelas dependências destinadas aos serviços de cardiologia, cuja justificação já foi feita por ilustres Deputados que me antecederam, lamentei que não tivessem ainda entrado em funcionamento, pois isso me permitiria verificar se a sua aparelhagem delicada, complexa e esta era susceptível de medir a intensidade da minha emoção.

Vi muito, Sr. Presidente, melhor, vi bastante, do edifício do Hospital.

Não poderei acompanhar, porém, o ilustre Deputado Cid dos Santos na sua minuciosa digressão. Isto por dois motivos: receio, em primeiro lugar, perder a direcção e o norte no labirinto de pormenores em que se embrenhou o nosso colega; depois, em meu entender, esta Assembleia está apta a definir ou a criticar uma orientação, mas não pode deter-se na análise de uma simples distribuição de serviços .... Há outros problemas que prendem a nossa atenção.

Um deles consiste em demarcar a posição dos Hospitais Escolares no quadro dos hospitais, do País.

Destacado como ponto fundamental no anúncio do aviso prévio, afigura-se-me que o seu ilustre autor não lhe deu, repito, o desenvolvimento devido, e se limitou a sugerir, com base em possíveis conflitos e atritos, que a parte hospitalar volte para o Ministério da Educação, de onde, em seu entender, nunca deveria ter saído.

Ora, conflitos e atritos existem em toda a parte, e deles não está isenta a Faculdade de Medicina de Lisboa, como não esteve o Hospital de Santa Marta, enquanto funcionou anexo à mesma.

Se o conselho da Faculdade de Medicina não logrou convencer o professor e vogal do mesmo conselho Dr. Cid dos Santos da isenção com que procedera lia distribuição das clínicas no bloco sul, aprovada, aliás, por unanimidade de votos dos professores presentes, como poderá convencer os elementos estranhos a referida Faculdade?

O que é necessário é criar um espírito de, colaboração entre os diversos elementos que trabalham no Hospital, em ordem a conseguir-se reduzir ao mínimo tais conflitos, designadamente quando possam reflectir-se na eficiência dos serviços.

No Hospital Escolar de Lille, recentemente inaugurado, funcionam vinte e dois serviços, em vez de catorze previstos no projecto. A multiplicação, deles resultou da boa compreensão dos professores é administradores, não constituindo qualquer obstáculo para ela o facto de dependerem os primeiros do Ministério da Instrução e os segundos do Ministério da Saúde. Esta situação verifica-se na generalidade dos países.