de vez em quando, os Invernos, são agrestes. Em determinados períodos, mesmo, nós, que estamos habituados ao clima benigno do nosso pais, sentimos as agruras do tempo.
Em virtude dessa nossa concepção, a nossa vida está montada de forma a não nos defendermos do frio e isto verifica-se em toda a vida social. As nossas casas, as nossas lojas, as nossas repartições, etc., não estão equipadas de forma conveniente para resistir aos rigores da temperatura.
De tal modo, quando os termómetros atingem, como agora se verificou, em Bragança 13º, em Eivas 11º, em Montalegre 11º e em Chaves 14º, todos negativos, o País admira-se destas temperaturas tão baixas. Devemos, porém, recordar-nos de que todos os anos lá temperaturas negativas em vários pontos do País.
Estes números que trago h Câmara servem unicamente para chamar a sua atenção para um facto: que no nosso pais o clima nem sempre é o ideal que pensamos e apregoamos.
Particularmente para nós, que temos possibilidades de nos defendermos do rigor do frio, o problema é secundário. Mas não direi o mesmo em relação às escolas primárias deste pais, sobretudo às existentes nos meios rurais. Nessas escolas as crianças, já de si quantas vezes insuficientemente vestidas, tendo percorrido longas extensões para lá chegarem, e a maior parte delas mal alimentadas, as crianças, repito, sofrem o rigor do frio enquanto ali permanecem.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Na realidade, quando se está numa escola não se deve estar enregelado com frio.
O problema aflige-me o coração. Mas não só a mim, como a todos os portugueses que aqui se encontram.
O problema é de patriotismo do coração, e é portanto para o coração dos portugueses .que vou apelar aqui, neste momento.
Peço que o assunto seja levado ao conhecimento do Governo. Outrora abrir-se-iam subscrições nos jornais, mas hoje, felizmente, a nossa situação financeira e política é diferente e portanto apelo para o Sr. Ministro da Educação Nacional.
Tenho aqui um jornal que publica um artigo que me tocou o coração quando o li.
Trata-se de um pequeno jornal regional, a Folha de Tondela, donde respigo o que nele se diz acerca do problema em foco:
Não faz sentido, realmente, que as escolas desta vila continuem a não possuir qualquer aquecimento, pelo que as criancinhas e tantas delas, infelizmente, muito mal agasalhadas- são obrigadas a permanecer nas aulas a tiritar com frio.
Supomos que este quadro desolador já não é para os nossos dias, pelo que se torna necessário que, quer com fogões a lenha, quer por meio de irradiadores eléctricos, se dá às escolas uma temperatura mais agradável, que beneficio a saúde dos pequeninos alunos.
Sr. Presidente: creio que este problema, por ser um problema que à primeira vista parece não ter grande importância, é para mim de um grande valor, porque se trata de crianças que serão os portugueses de amanhã e pelas quais nós temos obrigação de velar, mas de velar com carinho e com amor.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - É com esse espirito que solicito a V. Ex.ª, Sr. Presidente, e seu melhor interesse junto do Governo, para que procure uma solução para o caso.
Ponho, portanto, nas mãos de V. Ex.ª a realização desta aspiração. Peço também ao Sr. Prof. Dr. Mário de Figueiredo, antigo Ministro da Educação Nacional e, pessoa com tão notáveis qualidades de português e de homem de coração, para secundar a resolução deste assunto, que confrange o coração de todos os portugueses.
Sr. Presidente: o pedido que aqui faço, e que está no coração de todos VV. Ex.ªs, é, afinal, um pedido para servir apenas os portugueses pequeninos, que o mesmo é que pedir pelo Portugal de amanhã.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Ao discutir-se a Lei n.º 2030 e as posteriores não se teve em conta a amplitude das expropriações em massa, abrangendo vastas zonas de terrenos.
Por virtude da concessão concluiu-se e entrou em serviço em Junho de 1951 o escalão da Venda Nova, que libertou o Norte do Pais do pesadelo das insuficiências periódicas da energia eléctrica, e em Junho de 1953 concluiu-se e entrou em serviço o escalão de Salamonde, cujos ecos festivos da inauguração solene pelo Chefe do Estado ainda não desapareceram.
Espera-se, segando consta, no fim do ano corrente a conclusão e entrada em serviço do escalão da Caniçada.
O problema sempre delicado da aquisição dos terrenos destinados às obras dos aproveitamentos já concluídos, - estaleiros, edifícios, albufeiras, etc. -, se revestia.
Sor vezes aspectos desagradáveis, dada a natural reacção os proprietários dos prédios, nunca teve a gravidado resultante das aquisições em massa, como as que se tornam necessárias para a obra do escalão em construção o da Caniçada.
E com elas, também, em larga escala, do desaparecimento parcial de seis freguesias e quase total de uma outra, que implicará para muitas famílias a obrigação do abandono das casas onde viveram sucessivas gerações de pequenos proprietários, caseiros e jornaleiros e a perda para bastantes da totalidade do seu património imobiliário.
A construção da borragem da Caniçada submergirá parcialmente as freguesias de Caniçada, Valdosende, Parada de Bouro, Rio Caldo, Ventosa e S. João da Cova e quase totalmente a parte ribeirinha da freguesia de Vilar da Veiga, uma das mais ricas de cereais de todo o distrito de Braga.
E para que VV. Ex.ªs possam apreciar do prejuízo que representa para a economia regional, e porque não