(ver tabela na imagem)
Origem das receitas
(ver tabela na imagem)
Nota-se que a diferença entre as receitas e despesos ordinárias atingiu perto de 1 300 000 contos, o que na verdade é uma soma considerável. Ver-se-á adiante a causa do elevado nível das despesas extraordinárias que foram cobertas, em quase sua totalidade, pelas receitas ordinárias, nas quais os impostos directos e indirectos representam um avultado contributo, ou perto de 75 por cento do total.
questão do alto nível das despesas extraordinárias continua a ser muito delicada no orçamento do Estado.
Essa delicadeza deriva naturalmente da pressão que está a exercer-se sobre a despesa ordinária no que toca à revisão dos vencimentos do funcionalismo público e outras exigências.
Alterações sensíveis nas despesas ordinárias têm imediata repercussão no financiamento dos despesas extraordinárias.
(ver tabela na imagem)
Note-se, em primeiro lugar, a diferença no quantitativo dos empréstimos. Enquanto que nos anos de 1948 e 1949 o quantitativo total dos empréstimos se elevou respectivamente a cifras superiores e ligeiramente inferiores a 1 milhão de contos, agravando deste modo os encargos da dívida, em 1952 o empréstimo limitou-se a 26 200 contos, contraído ao abrigo do Plano Marshall.
A rubrica «Diversos» representa a contabilização de fundos do contrapartida
(63 842 contos) e o reembolso de dividas das províncias ultramarinas (3 000 contos).
Avizinham-se dos 6 milhões de contos. Já no relatório do 1951 se notou subida acentuada e que as receitas ordinárias haviam atingido nesse ano a casa dos 5 milhões de contos. A subida ainda foi mais notável em 1952.
A relativa facilidade na cobrança, tanto num como noutro destes anos, pode também explicar-se pela passageira recuperação na actividade económica em consequência de acontecimentos internacionais. A procura u melhoria nos preços dos produtos da exportação deve ter concorrido para facilitar pagamentos internos.
Alguns produtos, como as cortiças, mantiveram-se na alta depois, mas, como previsto neste lugar há dois anos para a maioria dos casos, a alta devia ser passageira, como na verdade aconteceu. São de prever dificuldades nos próximos anos.
A reforma fiscal poderá porventura melhorar um pouco as dificuldades de cobrança a que se aludiu, por melhor repartição do imposto. Parece haver ainda, algumas graves anomalias nesta matéria, que possivelmente amortecerão os efeitos de tributo excessivo noutros casos.
Receitas orçamentadas e cobradas
Não se vê bem a razão de tão alto desvio no fim do ano, que surpreende agradavelmente. A estimativa da despesa está relacionada com as previsões da receita, donde pode resultar compressão demasiada se houver pessimismo excessivo nas estimativas. No quadro financeiro, em que se desenvolve a vida nacional, o problema tem certo interesse e reveste aspectos de segurança. As repercussões são, porém, de outra ordem.
No quadro seguinte indicam-se os receitas orçamentadas e sobradas, com as respectivas diferenças, para mais ou para menos, desde 1930-1931.