Deu-se grande redução nas substancias alimentícias exportadas - da ordem das 60 000 t, embora se mantivesse o valor em perto de 2 milhões de contos.

Nas manufacturas diversas a redução nos valores foi também importante.

E de notar o aumento na exportação de matérias-primas minerais. Embora de pouco valor, tanto os minérios de ferro como as pirites auxiliam a vida interna, pêlos salários que deixam em zonas de incerteza de trabalho e emprego.

A diferença para mais no peso nos dois anos foi superior a 162 000 t e fez-se ressentir nos valores em cerca de 120 000 contos. O destino das exportações e a origem da importação têm hoje influência maior do que noutro tempo, dada a carência e rarefacção de certas moedas.

Até há poucos anos, relativamente, a maior parcela do comércio externo português, à parte o das províncias ultramarinas, tinha lugar na Europa, e ainda assim acontece hoje. Mas os anos têm mostrado a necessidade de alargar os mercados, e, se não fossem as dificuldades monetárias nos países importadores, não seria difícil exportar maior quantidade de produtos portugueses para a América do Sul e para a Ásia.

Devem continuar a fazer-se esforços nesse sentido, em virtude do carácter de certas exportações para a Europa e das dificuldades nos pagamentos. Convirá ficar arquivada neste parecer uma nota sucinta da repartição geográfica por grupos - o dos países participantes na O. E. G. E., o dos países da zona do dólar, o de países que não pertencem nem à U. E. F. nem à zona do dólar e o de outros países.

O 1.º grupo compreende a Alemanha, Bélgica, Luxemburgo, França, Holanda, Reino Unido, Itália, Noruega, Suécia e Suíça.

O 2.º inclui os Estados Unidos da América do Norte, Canadá, Curaçau e Terra Nova.

No 3.º estão a Espanha, Argentina, Brasil, África do Sul e Venezuela.

E, finalmente, no 4.° incluem-se os restantes.

Tendo em conta as circunstancias actuais, o grupo que mais interessa à economia nacional é o terceiro, que inclui países de moeda forte.

As importações em valores foram as seguintes:

(Ver tabela na imagem)

(a) Excluindo ralarei para amoedação.

No espaço de catorze anos aumentou a percentagem das importações do ultramar, diminuiu a do 1.° grupo (países participantes), cresceu a do 2.° grupo (zona do dólar), diminuiu a do 3.° grupo (quase todo fora da Europa) e aumentou bastante a de outros países, devido ao consumo de combustíveis. Neste último grupo tem grande peso e influência a Arábia Saudita, donde se importam as ramas para destilação. Interessa saber o comportamento do comércio com os Estados Unidos - que pertencem ao 2.º grupo e em que se deu desenvolvimento substancial.

Examinando-o em pormenor, nota-se o acréscimo nas importações de 11,6 por cento para 13,7 por cento, respectivamente, em 1938 e 1952.

Nos anos que se seguiram à guerra a tonelagem e os valores foram os seguintes:

(Ver tabela na imagem)

Quanto à importação, a tendência é para crescimento. O ano de 1947, logo após a guerra, foi anormal. Houve necessidade de abastecer o Taís de quantidades apreciáveis de matérias-primas e combustíveis.

A exportação tende a melhorar. Mas o déficit ainda atinge valores altos.

A questão do comércio com os Estados Unidos tem um aspecto importante. Embora as exportações combinadas de Portugal continental e ultramarino assegurem o abastecimento normal de dólares, a natureza e a variabilidade em cotações dos géneros ultramarinos requerem tentativas para introduzir outros produtos naquele país.

Em 1952 importou-se dos Estados Unidos algodão (128 000 contos), tabaco em folha (88730 contos), folha-de-flandres (122 593 contos), trigo em grão (227 711 contos), aparelhos, instrumentos e veículos (375852 contos) e manufacturas diversas (160698 contos). Nos aparelhos e veículos os automóveis e camiões, com seus pertences, preencheram um pouco menos de metade da verba.

Nas exportações as matérias-primas ocupam o primeiro lugar com o volfrâmio (255 000 contos) e a cortiça (228 403 contos). Nas substâncias alimentícias sobressaem as conservas (100 274 contos) e nas manufacturas diversas exportou-se cortiça em obra (72 941 contos).

Estas ligeiras notas mostram logo a fraqueza das relações comerciais com os Estados Unidos. A exportação depende de poucos produtos: a cortiça, o volfrâmio e as conservas. Ligeiras alterações nas cotações destes produtos afectam muito o déficit comercial.