Foi estudado, com certa minúcia, o problema das receitas lia introdução a este parecer e no respectivo capítulo. Não vale, pois, a pena insistir agora no problema importante das contas públicas. Unicamente se verificará que ainda este ano se deu diminuição apreciável no total das receitas extraordinárias cobradas.

Elas limitaram-se a 98 070 contos e tiveram origem em empréstimos apenas 26 228 contos. Adiante se estudará o destino destas receitas.

Ora o nível das despesas extraordinárias ainda subiu bastante, visto ter atingido mais de 1 337 000 contos. Quer dizer que a quase totalidade das despesas extraordinárias foi paga por força dos excessos de receitas ordinárias sobre idênticas despesas.

Na gerência de 1952 as receitas extraordinárias provieram quase todas do Plano Marshall - empréstimos e fundos de contrapartida. Houve, além disso, o reembolso de 3 000 contos de um adiantamento feito às províncias ultramarinas. Uma vista mais pormenorizada sobre o valor real das receitas extraordinárias no longo período da reconstrução financeira pode dar algumas ideias sobre o futuro.

Já em anos anteriores se reduziram os valores em escudos do ano para uma unidade comum. Adiciona-se este ano uma coluna ao quadro anteriormente publicado, com os valores reduzidos a escudos de 1952 - tanto para os anos anteriores u guerra como para os que se lhe seguiram.

E fez-se esta distinção porque na verdade os períodos são diferentes, considerados os diversos aspectos em que decorreu a vida nacional.

Deu-se uma evolução bastante grande nos consumos e até no modo de ser de parte importante da população, sobretudo nos centros urbanos.

Reduzidas a escudos de 1952, as receitas extraordinárias nos anos que decorreram de 1929-1930 a 1939 foram as seguintes:

(Ver Quadro na Imagem).

Nota-se que não houve uniformidade no progresso da ano para ano, e até se deu, por exemplo, um grande surto em 1936.

Já se explicaram as causas destas alternativas de maiores ou menores receitas em cada ano e também se indicaram em todos os pareceres as suas origens e os seus destinos. No período que se seguiu à guerra começou a notar-se mais pronunciadamente a influência da sua acção nas relações económicas a partir de 1940.

E neste longo e atribulado período as receitas extraordinárias, quando expressas em escudos de 1952, atingiram altas cifras, com um máximo em 1947.

Foram os efeitos da sede de negócios e consumos, que a pressão do estado de guerra impedira durante anos. Haveria que comprimir os desejos e a euforia que começara a tornar-se visível.

Em 1949 já se procurou reduzir o recurso ao empréstimo e opor um dique aos excessos de gastos. Os resultados de medidas tomadas só se atingiram em 1950. Neste ano os excessos de receitas ordinárias subiram bastante e a percentagem destes excessos na liquidação das despesas extraordinárias alcançou cifras cada vez maiores.

No período de 1940 a 1952 as receitas extraordinárias, calculadas em escudos de 1938, 1950 e 1952, além de escudos do ano, foram as seguintes:

(Ver Quadro na Imagem).

Nota-se logo considerável diminuição a partir de 1949, até ao mínimo de 1952.

Os números têm interesse porque se reflectem nos encargos da dívida. No respectivo capítulo se assinala que o recurso ao empréstimo produziu apreciável aumento nesses encargos. Em 1952 apenas se despenderam cerca de 26 000 contos por força de empréstimos (Plano Marshall), que tiveram o destino adiante mencionado.

No exame feito todos os anos, com a possível minúcia, ao destino de empréstimos nota-se que no primeiro período habitualmente considerado nos pareceres -1929-1930 a 1939 - o recurso ao crédito para pagamento de despesas extraordinárias foi pequeno. Só em poucos anos ultrapassou 100 000 contos, escudos do ano. Ainda que fosse razoável exprimir o produto