dos refluxos das desvalorizações monetárias e com ignorância aparente da técnica da repartição dos capitais de cobertura, bem enfeixada com a especialização das quotizações e com o escalonamento das reservas técnicas, graduadas com um índice de utilidade económico-social, esteada por uma boa organização administrativa com um contencioso e jurisdições especializados, em que não se verifique a perigosa repercussão nem nas formas tradicionais de medicina nem na coordenação dos serviços de saúde;

f) A recuperação do risco do desemprego, que, embora carinhosamente cuidado, foi absorvido pelo Ministério das Obras Públicas, quando deveria voltar ao seu primitivo círculo de segurança social e integrado no Ministério das Corporações, que por agora mais parece do Trabalho, por que aquelas se ausentaram prática, administrativa e politicamente para o da Economia. A recriação de um corporativismo associacionista, aliado a boas e legítimas ligações de crédito, mas que deverá ser o espelho cristalino da nossa conjuntura económica, perfeitamente alheada de feudalidades económico-financeiras, autênticos criptocartéis que se aninham e vegetam nos refolhos da estadualização do nosso corporativismo, que abriga uma burocracia talvez um pouco menos prebendária do que politécnica, mas que as defende contra uma necessária mobilidade social em cómodas situações adquiridas que fogem de um certo ritmo de produção para assegurar monopoìsticamente a permanência de um elevado grau de rentabilidade, por superbenefícios, amparando aparentemente o fraco na indústria e no comércio na medida em que podem reabsorver as vantagens desta protecção, prosperando numa atmosfera maltusianista-económica».

O Sr. Presidente: - Vou dar conhecimento ao Governo do aviso prévio apresentado por V. Ex.ª a oportunamente será marcado para ordem do dia.

O Sr. Galiano Tavares: - Sr. Presidente: desejo associar-me, singela mas veementemente, à evocação do nome do engenheiro Duarte Pacheco, há dias consagrado como notável Ministro das Obras Públicas nesta época de reconstrução nacional sob a égide do Sr. Presidente, do Conselho na sua terra natal - Loulé.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Conheci Duarte Pacheco, meu contemporâneo na Universidade de Lisboa, e algumas vezes tratei directamente e no seu gabinete de assuntos de interesse regional.

Arguto, de uma notável clarividência de espírito, batalhador incansável, entregue totalmente e cheio de paixão aos difíceis problemas dos melhoramentos materiais, como Fontes Pereira de Melo. Duarte Pacheco teve a bela visão, que nem sempre é apanágio dos homens absorventes, de se rodear de um grupo valioso e valoroso de técnicos, que soube estimular o compreender, para assim mais eficientemente produzir, grupo de homens que não mais se desfaz ou se desagrega.

Pode dizer-se deste homem que totalmente só deu ao País, promovendo o seu progresso, chamando a si a resolução de uma pluralidade de problemas que não se concentraram na cidade de Lisboa, mas que se repercutiram em todo o País e nos mais variados aspectos - melhoramentos rurais, estradas, caminhos, portos, monumentos -, padrões de outras épocas a que os dissídios políticos não haviam prestado nenhuma atenção e que? constituíam os pergaminhos de pedra da nossa História.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O País deve a concepções deste homem quase tudo quanto tem de actual, porque o próprio Ministro Ulrich se integrou no seu sistema, no domínio das obras públicas. (Apoiados). No seu Ministério concentrou, numa concepção útil, toda a política de realizações e de estudo, de modo que da unidade resultasse a maior variedade de benefícios. Interessou-se pelos pequenos aglomerados populacionais, pela irrigação, pelo raminho vicinal, pela fonte, pelo pelourinho da praça, pelo castelo em ruínas, por tudo que integrasse Portugal em Portugal.

Fontes. António Augusto de Aguiar e Rosa Araújo foram, num passado não muito longínquo, grandes reformadores no sentido da materialização de empreendimentos numerosos.

Fontes lutou, porém. com as dificuldades resultantes de um país sem crédito, mas nem por isso deixou de se consagrar a obras da maior projecção.

A Rosa Araújo, tal como a Duarte Pacheco, devem Lisboa e o País igualmente uma renovação que não pode esquecer-se, tal foi a envergadura dos seus empreendimentos, rasgando a Avenida da Liberdade, criando bairros, o transporte urbano acelerado, tal ramo a Fontes a construção dalgumas das principais linhas da caminho de ferro, tudo num ardor e entusiasmo que nos surpreende e encanta, sentindo que os grandes homens não alinharam nesta terra. Não acabaram e apenas se substituem.

Vozes:- Muito bem, muito bem'!

O Sr. Presidente:- - Vai passar-se a

O Sr. Presidente: - Está em discussão a proposta do lei do autorizarão de receitas e despesas para o ano de 1954.

Tem a palavra o Sr. Deputado Melo Machado.

O Sr. Melo Machado: - Sr. Presidente: são as minhas primeiras palavras do saudação para V. Ex.ª nesta primeira sessão da presente legislatura.

A inteligência com que V. Ex." tem sempre presidido aos trabalhos desta Assembleia, o saber e o conhecimento dos homens que tem revelado indicam-no clara o iniludivelmente para o lugar que desempenha. E V. Ex.ª tem-no desempenhado sem deixar de sei o nosso colega, o que nos sensibiliza, nos toca, nos desvanece e nos leva a agradecer a V. EX.ª

Eis a razão por que, Sr. Presidente, estas minhas primeiras palavras não são de mero e protocolar cumprimento, mas sim a manifestação de um sentimento de admiração e de amizade de que V. Ex.ª é merecedor pelas suas altíssimas qualidades.

Vozes: - Muito bem!