fulcro donde irradiou a luz da cultura ocidental e o centro de propagação da doutrina de Cristo na China e no Japão, onde criou profundas raízes.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Assim, à fundação de Macau pelos portugueses de antanho aplica-se maravilhosamente o magistral conceito de Salazar, na sua modelar expressão, que não me dispenso nem canso de citar:

A fundação de Macau ... não é obra do caminheiro que olha e passa, do explorador que busca à pressa as riquezas fáceis e levantou a tenda e seguiu, mas do que, levando em seu coração a imagem da Pátria, se ocupa amorosamente em gravá-la fundo onde adrega de o levar a vida, ao mesmo tempo que lhe desabrocha, espontâneo, da alma o sentido da missão civilizadora. Não é a terra que se explora: é Portugal que revive.

Foi certamente influenciado por este conceito que se afirmou, em diplomas fundamentais da Nação, a solidariedade das províncias ultramarinas entro si e com a metrópole e a unidade da Nação Portuguesa.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por iniciativa da Sociedade de Geografia de Lisboa, da ilustre presidência do Ex.mo Sr. Prof. Dr. Mendes Correia (nosso muito prezado colega nesta Assembleia, e a quem, deste lugar, Tendo as minhas homenagens respeitosas), e com a anuência e apoio do Governo da Nação, serão levadas a efeito no próximo ano de 1955 grandiosas festas comemorativas do IY Centenário da Fundação de Macau.

Para este efeito acha-se constituída uma comissão que ficou encarregada de elaborar o programa das cerimónias de tão importante como histórico acontecimento, e que certamente revestirão acentuado carácter patriótico e terão aquele brilho e esplendor próprios das solenidades que se realizam uma só vez durante uma geração.

Como português e macaense que sou, não posso deixar de dar a tal iniciativa o meu mais franco e entusiástico apoio, oferecendo igualmente a minha modesta colaboração.

De facto, a celebração do IY Centenário da Fundação de Macau, pelo seu significado em si e ainda pelo momento que vivemos neste mundo conturbado de incertezas e incógnitas, transcende os acanhados limites da província de Macau e constitui um acontecimento que interessará a, todos os portugueses espalhados pelo Mundo, como afirmação insofismável da vitalidade da nossa raça, da unidade da Nação, que caminha a passo seguro e firme para um Portugal cada vez melhor, sob a prudente e sábia orientação dum grande chefe, Salazar!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por isso, pareceu-me não ser descabido nesta Assembleia, e antes da ordem do dia, fazer a tão importante facto uma, ainda que breve, referência, no intuito, não só de manifestar o meu regozijo por tão feliz como oportuna iniciativa da Sociedade de Geografia, como ainda no único propósito de contribuir para maior brilhantismo de tais comemorações e fazer acerca delas algumas considerações, que de forma alguma deverão ser tomadas como intromissão nas atribuições conferidas u comissão encarregada da elaboração do programa dos festejos.

Sr. Presidente: nos quatrocentos anos da sua existência, Macau, apesar da exiguidade do seu território e dos seus limitados recursos, é hoje, sem dúvida e sem desprimor para as restantes províncias ultramarinas, uma das mais senão a mais, progressivas de todas elas, guardadas, naturalmente, as devidas proporções.

Possui Macau belas avenidas asfaltadas ou cimentadas, cuidados jardins, imponentes edifícios (três deles com mais de oito andares, entre os quais se conta um com onze andares); dispõe de um moderno sistema de iluminação pública, com lâmpadas Ostro, de vapores de mercúrio, de um poder iluminante que faz inveja ao da própria Lisboa; tem ainda óptimos edifícios públicos, de entre os quais se destaca o do tribunal da comarca, um dos melhores de Portugal; conta com dois modernos mercados, além de um terceiro em construção; possui também uma modernissima piscina, de dimensões olímpicas, que, com os seus anexos (restaurante e dancing), é considerada uma das melhores do Extremo Oriente; está, enfim, Macau dotada de todos aqueles requisitos e exigências da vida moderna que a levam a ser considerada uma das principais cidades de Portugal.

Mas -infelizmente há sempre um mas, a par de tudo quanto ficou enumerado, Macau, que não conta na sua população um único analfabeto, está, no entanto, inferiorizada no que diz respeito às instalações de alguns dos seus estabelecimentos de ensino, de entre os quais devo destacar o liceu, que, leccionando o mais alto grau ministrado em português naquela província, se encontra pessimamente instalado e apetrechado, sendo só de louvar o esforço e a boa vontade dos seus ilustres professores, que, apesar de tudo, com a sua competência e tenacidade, têm conseguido preparar os alunos para na metrópole frequentarem, com bom aproveitamento, os cursos superiores.

Pena foi que na elaboração do Plano de Fomento não tivesse sido considerado este aflitivo problema da instrução em Macau, atribuindo-se as necessárias verbas para a construção de edifícios próprios onde seriam instalados condignamente alguns dos diversos ramos de ensino daquela província.

Porém, e apesar disso, o Liceu de Macau, que tem por padroeiro o glorioso Infante D. Henrique, não pode nem deve continuar instalado onde está, num casarão impróprio, que serviu em tempos a asilo de inválidas; mal dividido e pessimamente situado, pois, além de estar num dos locais mais barulhentos da cidade, as suas traseiras deitam para um cemitério. Sim, meus senhores, um cemitério!

O ilustre governador da província, almirante Marques Esparteiro, tem pretendido, numa visão clara do