Ora, para se atingir situação tão meritória que, com boa justiça, haveremos de classificar de bem notável, não houve necessidade de gastar mais de 4,5 milhões de contos, e nessa verba se englobam os elevadíssimos custos de obras que ou foram apaixonantes sonhos de outrora, ou nem nelas pensaram os efémeros governos do passado, como, cor exemplo, as pontos de Vila Tranca e de Entre-os-Rios, o Viaduto Duarte Pacheco, a auto-estrada, a estrada marginal, a marginal do Douro, ainda em execução, além do muitas outras.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Como primeira e natural ilação do trabalho realizado nestes últimos vinte e cinco anos, perante os resultados que forneceu e o seu custo, já poderemos concluir que esteve em movimento um avultado número de técnicos, quer integrados nos quadros da Junta Autónoma de Estradas, quer em outras e muito prestantes repartições do Estado, necessários ao estudo e à resolução do vastíssimo mundo de problemas sociais, económicos e financeiros que tão grandes empreendimentos suscitaram; que se fomentou largamente a valorização da terra portuguesa, criando-lhe ou melhorando-lhe os acessos de que tanto necessitava para a circulação da sua riqueza; que se rasgaram novos horizontes a grandes e a pequenos centros populacionais, os quais as novas ou melhoradas rodovias passaram a servir em melhores condições e por via das quais até se desvendaram a olhos maravilhados tantas desconhecidas belezas da nossa terra; que se propiciou a criação de um importante parque automóvel, que, em nossos dias, representa um dos bons valores com que a Nação pode contar; que, numa palavra, se criou uma nova mística, suficientemente estruturada e forte, para poder substituir es palavras «desilusão» e «abandono», que eram ideias assentes na alma da Nação, por estoutras de «fomento» e «progresso», que, em caracteres mais fortes, ainda hoje ali fulgem para bom do todos nós.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mas todo este trabalho, que fui somatório de tarefas múltiplas, nem apareceu por geração espontânea nem se fica a dever a improvisações mais ou menos ousadas: resultou do aturado estudo dos nossos técnicos e da lição, há muito sabida em outras latitudes, que a vida nos forcou a melhorar e a seguir sob o planejamento consciencioso e o comando firme de quem, tendo deixado uma obra que engrandeceria um século, soube criar uma escola que a supera em valor, 110 luminoso conceito de Salazar.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Então, por verto tenho que houveram de volver os seus olhares, em conscienciosa observação, para os mais importantes aspectos dos problemas que tiveram de equacionar e, como bem demarcado produto do seu estudo, necessariamente profundo e desejadamente orientado no norte de bem servir a Nação, chegaram às conclusões apresentadas, em que se marcam as linhas mestras do que vai seguir-se.

A confiança que tão abnegados obreiros merecem tranquiliza-me sobre o natural desenvolvimento de planos que não poderão deixar de ser cuidadosamente estruturados para acautelarem, como devem, os superiores interesses da Nação, furtando-me até à possibilidade de apresentar neste momento quaisquer sugestões de - pormenor no seu âmbito, que, em meu juízo, não teriam agora cabimento.

O meu voto, portanto, além de afirmação de aplauso, significará outrossim a homenagem e o agradecimento que merece quem tão acertadamente procura o engrandecimento da Nação; prestá-lo-ei, orgulhoso de cumprir o meu dever.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: mas se o largo financiamento à Junta Autónoma de Estradas nos assegurará melhores e mais fáceis comunicações por intermédio das rodovias nacionais, cimentando o robustecimento da economia pátria, nem por isso o problema do trânsito ficará convenientemente resolvido e essa economia, inteiramente enriquecida enquanto se não encarar com o mesmo espírito construtivo o problema, já hoje gravíssimo e aflitivo, das estradas -c caminhos municipais, que lhe anda conexo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não pretendo reeditar n conjunto de dificuldades aqui tão eruditamente apresentadas pela esclarecida inteligência de muitos e muitos ilustres Deputados, com as quais se lançou o alarme e se pediu socorro!

Não me parece apropriado o momento para o fazer. Quero tão sòmente afirmar que as câmaras municipais, sobre as quais especialmente pesa o problema e mais lhe sofrem as tremendas repercussões, vêem dia a dia mais diminuídas as possibilidades de lhe poderem conferir, por si só, as soluções que ele exige.

Os ilustres titulares que subscrevem a proposta de lei em apreciação vão ter muito em breve perante si o plano rodoviário municipal, que o Decreto n.º 38051, de 13 de Novembro de 1950, aprovou provisoriamente e as diligências posteriores fixaram com segurança. Vão poder assim aquilatar do que existe, do que é necessário construir, melhorar ou reparar dessas importantes vias - factores imprescindíveis de valorização local e do interesse nacional. Hão-de certificar-se de que, em cerca de 14 000 km em que elas se perfilam, quase metade apresenta os seus pavimentos arruinados ou profundamente comprometidos; conhecerão finalmente as verdadeiras necessidades das regiões que as pedem e que a elas tom direito.

Vozes: - Muito bem!