Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado,

O Sr. Colares Pereira: - Sr. Presidente: nesta legislatura foi hoje a primeira vez que tive a honra de subir à tribuna, e assim nasceu logo para mim, espontânea e sinceramente, a grata oportunidade de endereçar a V. Ex.a as minhas saudações de muito respeito e consideração.

Tem sido V. Ex.a o Presidente que todos tão justificadamente admiram e respeitam e por isso de todos tem V. Ex.a recebido iguais saudações.

Mas quero acentuar que ponho nestes cumprimentos uma nota pessoal, a qual é o meu agradecimento à gentileza permanente de V. Ex.a, que no exercício do seu cargo sabe tão generosamente dispensá-la que transforma cada um de nós num amigo, e eu, que o sou, tenho muita honra em o proclamar daqui.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Aos novos Deputados garanto que, n calcular pelo que está acontecendo em tão pouco tempo, é fácil augurar que depressa se tenha estabelecido entre todos aquela confiança e amizade próprias de pessoas que possuem e servem uma mesma ideia e que tem como imperativo de consciência, ao assumirem as responsabilidades que assumimos, de por ela e para ela trabalharem com fé e consciência, atributos necessários a quem, proclamando independência, aceita os palavras tão verdadeiros de Salazar: que todos não somos muitos para levar a cabo a tarefa que nos compete desempenhar; aqui todos trabalharemos o melhor que saibamos e possamos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: vou entrar no assunto, mas sinto-me sinceramente embaraçado, pois verifico que se me criou ou, melhor, que eu criei uma situação dificílima.

Tão difícil que eu talvez não devesse mesmo ter vindo hoje à tribuna.

Na verdade, quando logo de início me inscrevi, fi-lo por entender que assim devia ser, dado que, além de membro da Comissão de Obras Públicas, era, com outros Srs. Deputados, um dos fumantes da proposta que está na Mesa.

Porém, motivos imprevistos foram sempre retardando a minha intervenção, o hoje, quando já tive o prazer de escutar os anteriores oradores, reconheço que nada, absolutamente nada de novo posso vir focar.

Não esqueçamos que está em discussão apenas um plano de financiamento à Junta Autónoma de Estradas.

O plano está criteriosa e profundamente tratado, quer no relatório da proposta de lei, quer no parecer da Câmara Corporativa, quer ainda, para os que tiveram oportunidade de o ler, no bem elaborado e interessante relatório da própria Junta Autónoma de Estradas.

Simplesmente -e a explicação consiste, primeiro, no quê há de aliciante na discussão do problema e, depois, no desejo latente em cada um de procurar remédio para males que conhece - aconteceu que todos e cada um dos oradores, segundo o pendor natural das suas preferências, conhecimentos especiais ou ânsia de aperfeiçoamento, fizeram os seus discursos tentando preencher lacunas, indicando caminhos, sugerindo remédios, como se, na verdade, de um verdadeiro plano rodoviário se tratasse, e, portanto, na discussão de agora já coubessem todos os argumentos e sugestões por eles expendidos!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Foram tantas estas intervenções, e todas elas tão profundas, que encontrar neste momento, seguindo o mesmo trilho, outros assuntos é tarefa insuperável e discutir os já tratados é impossível, por falta de novos argumentos.

Assim, não sair da discussão singela do plano de financiamento, mas comentar apenas o mesmo plano depois do clima já criado e de terem sido tratados aqui todos os problemas susceptíveis do maior interesse, sem dúvida, mas que estavam à margem da proposta de lei, constitui, na verdade, a tal situação difícil a que me referi.

Sinto-me na posição de alguém que aceitasse, sem reserva alguma, fazer uma omeleta, mas que, posteriormente, reconhecesse ser-lhe proibido partir qualquer ovo ...

Mas para VV. Ex.as é que esta posição truz numa grande vantagem: a certeza de que vou ser o mais breve possível nesta intervenção.

Sr. Presidente: entrando já no que me parece essencial, direi, untes de mais nada, que, se a proposta de lei em causa não necessitava de vir a esta Assembleia, foi bom que viesse, pois deu ensejo a que mais lima vez, e no lugar devido, fosse marcado, com satisfação e entusiasmo, mais um resultado brilhante de uma política que, por vir sendo seguida há tantos anos, até parece tornar num facto natural esta votação extraordinária e vultosa à Junta Autónoma de Estradas, à mesma entidade que em hora feliz tomou a peito um dos mais graves problemas que afligiam o