O metropolitano que se projecta entre nós só um ou noutro ponto tem profundidade aceitável para esse fim. Mas os túneis rodoviários estudados entre Santos, Restauradores, Martim Moniz e Campo das Cebolas solucionam, em grande parte, este problema em relação à Baixa.

A sua construção impõe-se, não só pela sua aplicação, em tempo de paz, como ainda pelo seu emprego em tempo de calamidade ou de guerra.

O Estado, que não pode construir abrigos, pelo empate de capital morto que representam, deverá comparticipar na construção destes túneis, pela dupla utilidade que oferecem.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tudo o que seja fomentar a construção de garagens e parques subterrâneos, como se está fazendo, presentemente, em Londres e em Paris, deve ser ajudado, porque são obras duplamente úteis e rendáveis.

De tal modo contribuiremos para a defesa das populações com a construção de obras impossíveis de improvisar, à última hora, em tempo de guerra.

Com o fim de facilitar a circulação, em caso de terremotos, incêndios ou bombardeamentos, permitindo o acesso de socorros e o movimento das colunas de evacuação de feridos, convém também estabelecer nas radiais e circulares trânsito de sentido único, duplicando-as, sempre que possível, com outros trajectos paralelos, para as correntes de sentido inverso.

Só assim também ô problema da desobstrução das grandes arteriais, sobrecarregadas com as ruínas dos prédios, permitirá uma acção de recuperação mais rápida.

Para estes assuntos me permito chamar a particular atenção dos organismos públicos competentes, ce rto de que a sua cooperação nos problemas da defesa civil é indispensável para bem da população citadina.

4.º CONCLUSÕES.- Vou terminar pedindo à Assembleia me indulte do enfado que lhe dei.

Vozes: - Não apoiado!

O Orador: - Antes, porém, desejo sintetizar a minha intervenção em solicitação clara que ouso levantar aqui até aos Poderes Públicos, para bem da capital e da sua população, numa aspiração de bem servir esta linda cidade,-, à qual o ilustre poeta da minha terra chamou:

Bainha do Ocidente, envolta em sedas, vaidosa do seu trono de verdura, de bosques, de jardins e de alamedas, rica de jóias, ouro e formosura.

Em tais termos solicito:

1.º Ao Governo da Nação, o seu melhor interesse para solucionar os problemas da coordenação dos transportes da cidade, acelerando o início e construção do metropolitano de Lisboa;

2.º À Câmara Municipal, a prossecução infatigável da sua obra, tomando a peito a execução das medidas já previstas ou estudadas sobre circulação, trânsito e estacionamento, coordenando-as com os problemas da defesa civil e tendo em atenção as observações gerais que forem objecto desta intervenção;

3.º Às prestimosas Polícias de Trânsito e de Segurança Pública, que dêem a sua melhor cooperação na campanha de boa vontade que preconizo para o público;

4.º Ao Ministério das Comunicações, que dê uma colaboração eficaz e atenta a estes assuntos, orientando, pelos seus organismos, as grandes cidades do País, paru que os problemas do viação e trânsito urbano sejam encarados no seu duplo aspecto de tempo de paz e de tempo de guerra, procurando assim servir o País e a população.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Morais Alçada: - Sr. Presidente: no dia 14 de Fevereiro do ano de 1855 nasceu na quietação recolhida da aldeia do Alcaide, concelho do fundão e distrito de (Castelo Branco, aquele que viria a chamar-se João Franco Ferreira Pinto Castelo Branco, aquele que mais tarde havia de tornar-se conhecido aia vida pública portuguesa e comunicar-se depois a história política nacional, através da dignidade do exemplo, que foi timbre de toda a sua vida, com o nome de João Franco.

Completar-se-á, deste modo, no próximo ano o primeiro centenário do seu nascimento!

Afigura-se-me, Sr. Presidente, que esta data mereceria ser assinalada pelas atenções desta Câmara, de que, de resto, ele foi denodado e brilhantíssimo ornamento, traduzindo-se aqui em homenagem condigna a sua memória, não só suficientemente expressiva da gratidão que ainda hoje toma em cheio tantos corações portugueses, pelo que a sua acção simbolizou nos anseios do resgate colectivo, mas também como passo significativo a derramar frutos de imitação nessa gente mais nova, que agora desponta para a vida, embora sem saber nem calcular, nem presumir sequer, ao vê-la assim arrumada e próspera, em que golpes sucessivos de luta, por vezes ingente, de perseverança, de coragem pronta e de dedicação sem limites ao interesse nacional, foram amassados estes dias calmos de regeneração, que hoje lhe proporcionamos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A consciência nacional Sr. Presidente, só ganha em cada vez conhecer melhor a vida daqueles grandes homens que sobre o adensarem os páginas da História constituem, pela riqueza que emprestam ao património moral do País, uma orientação, um guia e um estilo da vida!

E creio que à memória do conselheiro João Franco não se pode negar hoje a marca desse destino superior e glorioso! Foi personificação reunida de lealdade devotada, de firmeza de carácter, de rija (persistência do métodos, de abnegação e de sacrifício por ideais de altura!

Vozes: - Muito bem!