Torna-se por isso indispensável fomentar a agricultura ô a pecuária, riquezas inesgotáveis daquelas ilhas, dotando-as de uma assistência técnica eficiente, e dar as maiores facilidades ao escoamento dos seus produtos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Se acabarmos com a rotina e primitivismo dos métodos de exploração que campeiam naquelas ilhas e se as dotarmos com estradas e portos 'de acesso, com matadouros-frigoríficos e com transportes marítimos adequados às suas necessidades conseguiremos incorporá-las com o seu verdadeiro valor no património da economia nacional.

Para isso urge prosseguir na construção do novas estradas, obra esta já iniciada, graças ao Sr. Ministro das Obras Públicas, que, visitando aquelas ilhas, concluiu da sua necessidade e por isso lhe tem dedicado o sen maior interesse.

O Sr. Presidente:-Lembro a V. Ex.ª, Sr. Deputado Sá Linhares, que já ultrapassou o tempo regimental. Peço, pois, a v. Ex.º o favor de abreviar o mais possível as considerações que está a fazer.

O Orador:-Agradeço a V. Ex.º que me conceda apenas mais uns minutos.

Torna-se ainda indispensável, para maiores facilidades de comunicações, não esquecer que aquelas ilhas estão separadas pelo mar e que este naquelas regiões é frequentemente assolado por temporais, que não deixam tranquilas as suas águas.

A falta de pequenos portos de acesso que permitam a indispensável segurança naquelas comunicações mereceu também a melhor atenção do .ilustre titular da pasta das Obras Públicas, mas as obras em execução são apenas uma pequena parte do muito que há a fazer.

Entre o Faial e o Pico houve em 19õ3 um movimento de -70 842 passageiros e nesta última ilha não há um único porto de acesso que dê a mínima garantia de segurança e de conforto a tão elevado número de pessoas que a necessidade obriga a fazer a travessia do canal que separa as duas ilhas.

Outro melhoramento que constitui uma necessidade urgente para a segurança da população da cidade da Horta é a constr ução da sua muralha.

Esta obra, que é uma das maiores aspirações dos Faialenses e que lhes iria proporcionar uma vida mais tranquila, encontra-se projectada e orçada, aguardando apenas a decisão do Sr. Ministro das Obras Públicas.

Ao fazer referência aos portos daquele distrito não posso nem- devo esquecer a pequena ilha do Corvo.

Isolada no meio do Atlântico, não tem praticamente comunicações com o Mundo, embora a Empresa Insulana de Navegação lhe destine um dos seus barcos para a visitar seis vezes por ano e uma empresa de gasolinas da ilha das Flores tenha um horário de carreiras, com duas viagens por mês.

O local, utilizado para o embarque e desembarque de pessoas e mercadorias não permite, no entanto, na maior parte das vezos, estabelecer ligações com a terra, pois a ilha é tão minúscula que, seja qual for a direcção do vento e da vaga, há sempre mau mar na sua alcantilada costa.

A boa gente daquela ilha, tão portuguesa como a melhor, só tem uma única ambição o seu pequeno porto.

Este desejo foi transmitido por aquela gente ao Sr. Ministro das Obras Públicas, quando a honrou com a sua visita, e hoje naquela ilha não há um único habitante que não espere ver realizado o seu maior sonho,

pois confiam no espírito de justiça do Sr. Ministro das Obras Públicas.

Vozes: - Muito bem !

O Orador:-Desejo ainda pôr em devido destaque o problema do vinho do Pico, que, tendo sido uma das grandes riquezas desta ilha, se encontra hoje em completa ruína.

A época em que a sua extraordinária produção obrigava a depositá-lo dentro de tanques e de embarcações, por falta de vasilhame, desapareceu.

A sua produção é hoje avaliada em pouco mais de 100 pipas aunais e sem tipo uniforme.

Aquelas faixas pedregosas do litoral, onde as cepas se criavam entre as fendas da lava do vulcão, estuo hoje na posse de extensos matagais.

Fomentar de novo a produção desse precioso vinho ó uma medida que se impõe, tanto mais que o seu tipo especial em nada poderá contribuir para uma concorrência com os generosos vinhos do Porto e da Madeira.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Pode, por isso, ser incorporado como elemento de valor na unidade económica nacional e restituir àquela gente uma riqueza que outrora usufruiu.

Está já instituída oficialmente a Cooperativa Vitivini-cola da Ilha do Pico e os seus estatutos aprovados, mas a sua missão só poderá ser realizada por intermédio de uma adega regional, com a demarcação da região vinícola e o reconhecimento oficial da marca de garantia do vinho.

Ao Sr. Ministro da Economia, que vem realizando uma obra de notável valor no seu Ministério, endereço o. meu apelo no sentido de serem promulgadas estas medidas.

Vozes: - Muito bem !

O Orador:-Vou terminar, Sr. Presidente, as minhas modestas palavras, ditadas pelo meu coração de faialense . que uma a sua terra e que nela tem apenas interesses espirituais, que envolvem as mais gratas e saudosas recordações da sua infância.

Antes de o fazer desejo afirmar que todos os habitantes daquelas ilhas, tão portugueses como os melhores de Portugal, albergam nos seus corações o nome de Salazar e vivem confiantes porque têm a certeza de que ele não os esquecerá.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Santos da Cunha: - Sr. Presidente: na sessão de quinta-feira passada quis V. Ex.ª ter a amabilidade de me dirigir as condolências da Camará pelo falecimento de minha mãe.

A V. Ex.º e aos Srs. Deputados testemunho comovidamente o meu profundo reconhecimento.