(ver tabela na imagem)

Das especialidades citadas, algumas são comuns a oficiais, sargentos e praças (polícia militar, posto central de tiro, sapador, maternal de transportes e de transmissões, etc.), embora, evidentemente, não se exija a todos o mesmo grau de especialização. Assim se explica que o somatório das colunas II, III e IV seja superior a 498.

Sucede, porém, que algumas especialidades se repetem em diferentes armas ou serviços (estafetamoto, coudutorauto, etc.), e daí o considerar que deve reduzir-se para 437 o número de especialidades actualmente existentes no Exército.

Destas 437 especialidades, 218 de entre as destinadas a habilitar as praças e o quadro de complemento (em grande parte também comuns ao quadro permanente) têm correspondência com profissões ou especialidades da vida civil ou, pelo menos, conferem ensinamentos úteis para o melhor desempenho de uma actividade profissional.

O mapa seguinte esclarece a distribuição das referidas especialidades pelo quadro de complemento e praças:

(ver tabela na imagem)

A soma das três colunas não produz 218 pela mesma razão atrás apontada, isto é: algumas especialidades são comuns às diferentes categorias.

Para que se torne viável um termo de comparação e nos possamos aperceber da evolução sofrida, citarei que, havendo em 1940 cerca de 140 especialidades para praças, apenas /7 podia ser considerado dentro da equivalência mencionada.

Como vimos, para efeito do presente trabalho estabelecemos distinção entre as especialidades caracterizadamente militares e as que têm correspondência na vida civil.

Interessa, porém, nesta matéria, fazer outra distinção, consoante os meios donde provêm os recrutas.

À classe de 1954 apresenta cerca de 50 por cento de mancebos cujas profissões estão ligadas ao meio agrícola.

Labutar na vida do campo - quase sempre modesta e sem largas perspectivas - exige uma alma forte num corpo são, pois a terra só prodigaliza os seus frutos à custa de penoso trabalho, e algumas vezes sucede que a intempérie, em poucos momentos, destrói o esforço insano e persistente de longos meses.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Parece assim que o homem do campo está mais talhado para as especialidades propriamente militares. A actual campanha de educação de adultos e o combate ao analfabetismo hão-de certamente aumentar os seus já magníficos resultados, facilitando ao camponês o , desempenho de especialidades caracterizadamente militares que requerem maior nível de habilitações.

Continuando o homem do campo a receber, por via de regra, o ensino daquelas especialidades é natural que, uma vez na disponibilidade, se mantenha ligado à terra que se habituara a laborar. Se assim for, ele não terá contribuído para alimentar a corrente que tem na cidade o seu polo- atractivo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Os meios urbanos fornecem pessoal com características diferentes. Ali, em virtude de as zonas industriais se situarem nos grandes centros ou na sua periferia, aparece o técnico ou o operário especializado, como regia já apto profissionalmente ao atingir a maioridade, e que facilmente encontra na organização militar actividade afim da que desempenhava na vida civil.

E lícito perguntar agora em que medida o Exército funciona como escola de aperfeiçoamento ou de formação, respectivamente, para aqueles que já exerciam ou não determinada actividade profissional de interesse militar.

O problema, como é evidente, oferece aspectos diversos, conforme se considere em relação a oficiais ou a praças, para só me referir agora aos dois casos extremos.

Os primeiros, normalmente com os seus cursos já terminados ou em vias de conclusão, aproveitam da instrução militar, em certas especialidades, ou maior prática da sua profissão ou ensinamentos que virão a conferir-lhes vantagens no respectivo desempenho. Poderá, no entanto, suceder que de futuro se tenha que recorrer ao próprio trabalho de formação em determinadas especialidades, que estão fora do alcance do miliciano, na altura em que é chamado a frequentar o curso de oficial.

Os segundos, em muitos casos, aproveitam da passagem pelas fileiras o alto benefício que a Nação lhes oferece, por intermédio do Exército, ao habilitá-los com uma especialidade de interesse para a vida civil.

De um quadro que tenho presente para registo no Diário deu Sessões verifica-se que 25 por cento dos oficiais, 32 por cento dos sargentos, ambos de complemento, e 26 por cento das praças frequentam especialidades com correspondência na vida civil. Destas percentagens cabem à formação, respectivamente para sargentos e praças, 25 por cento e 18 por cento.

Dos elementos inscritos nesse mapa deduz-se ainda que, no conjunto do quadro de complemento e praças, 26 por cento frequentam especialidades com correspondência ou interesse para a vida civil, percentagem que,