Para pôr em execução estas ideias ou as que em definitivo venham a ser julgadas mais conducentes à consecução dos fins que se têm em vista há-de ser preciso usar da autoridade do Estado ...

Sente-se que é precisa a colaboração de muitas inteligências, de muitas vontades, de vários serviços públicos, trabalhando num plano único para uma finalidade conhecida.

Estas palavras dizem perfeitamente o que pretendo se aplique ao problema que estou expondo. Não se pode ser nem mais claro nem mais preciso.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

levaram a não se utilizar tão grandes e evidentes possibilidades locais e preferimos gastar tanto dinheiro em socorros de emergência, que poderíamos ter transformado gradualmente, mas por forma efectiva e altamente educativa, na materialização daquela bela frase de Salazar:

... para cada braço uma enxada, paru cada família o seu lar, para cada boca o seu pão.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Cid dos Santos: - Sr. Presidente: ao levantar, em aviso prévio, Q problema do Hospital-Faculdade de Lisboa baseei-me, na exposição que fiz à Assembleia, . em duas ideias que se me afiguraram indiscutíveis: A importância excepcional da nova instituição no quadro geral da assistência hospitalar e do ensino da medicina em Portugal;

b) A necessidade imperiosamente urgente de resolver a tempo os erros e as lacunas existentes, que de outro modo irão comprometer a obra que está prestes a ser terminada.

Não deixa de ser curioso verificar que, uma vez posta a questão do Hospital-Faculdade isoladamente, logo ela foi por alguns diminuída na sua importância, sob o pretexto de que o Hospital-Faculdade constitui apenas um pormenor no quadro geral dos hospitais do País!

Será necessário dizer que uma obra que custou para cima de 400000 contos dificilmente poderá ser considerada como um pormenor, quando só ela existe neste momento e quando os outros hospitais ainda estão quase todos no papel?

Será necessário dizer que pareceria bem estranho começar por estudar o que se deve fazer de novo e passar ao lado de uma instituição tão importante e que levanta problemas que terão, fatalmente, a sua repercussão na orientação do quadro geral do País, sem a considerar devidamente?

Será necessário insistir em que, visto o estado adiantado dos trabalhos e a importância dos erros, das lacunas e da sua deficiente orientação, seria uma infantilidade querer tratá-la em conjunto com o que está por fazer?

A política justifica muita coisa, mas mesmo em política julgo que existem limites para o valor e utilidade do absurdo.

Ou a obra é de proporções reduzidas e não merece ser considerada em aviso prévio, e então não falemos móis na sua importância, ou ela representa realmente, como eu penso, ura primeiro e grande passo no campo do ensino da medicina e da organização hospitalar, e então não a diminuamos quando se trata de corrigir os erros que vão reduzir as suas possibilidades e a sua eficiência.

Quando verifiquei que passados vinte dias sobre o encerramento ila discussão do u viso prévio sobre o Hospital-Faculdade não havia qualquer indício, de que a matéria contida no aviso fora co n siderada, perante a urgência das situações expostas por mini ao longo da minha exposição, decidi chamar a atenção do Governo para o facto.

Por natureza, desejo, sempre que isso for possível, se breve e lacónico, e por isso a minha intervenção foi curta e não focou nenhum caso especial. Parece que. fiz mal e que me deveria ter explicado mais longamente quanto a razão da minha intervenção. Houve quem a con siderasse oportuna e necessária. Mas houve também .quem a considerasse precipitada e mesmo um pouco impertinente. Entre aqueles que me dirigiram estas últimas críticas encontram-se alguns de cuja sinceridade e amizade não me é permitido duvidar. Isso revelou-me quanto é difícil colocar os espíritos mais bem intencionados dentro do âmbito de uma questão, de forma a permitir-lhes julgá-la no seu verdadeiro plano.

Sei que não fui precipitado. Não desejo ser impertinente. Não estou aqui para ser desagradável seja a quem for, nem para satisfazer qualquer capricho pessoal. Também mão vejo envolvido o meu amor-próprio a esta questão, e, se ele o estivesse, não permitiria que se revelasse. Estou aqui para aplicar os princípios que enunciei no Liceu Camões antes da minha eleição.

É evidente que esses princípios não podem ser por mim esquecidas, e não o serão. Entendo, portanto, que constitui para mim uma obrigação explicar melhor o