que sei aos que forçosamente não podem conhecer a quês tilo como eu a conheço nem vê-la nas suas consequências como eu a vejo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Em tudo isto só posso fazer mal a mim mesmo, no desejo que tenho de ser bem compreendido. Se julgo ver os obstáculos que '.comprometem a obra o a forma de os dominar, seria da minha parte uma fraque/a e uma cobardia não insistir, como o estou fazendo, para que o 'Governo se convença da seriedade da situação.

Vejo que não me expliquei suficientemente no meu primeiro apelo ao Governo e que desta vez terei de ser, portanto, mais claro e mais explícito.

Quando se faz uma crítica aos defeitos de uma obra importante e é proposta uma solução para os corrigir; quando se insiste na urgência dessa solução; quando é afirmado que se essa solução .tardar pode já não encontrar uma possibilidade de aplicação, a não ser à custa da destruição ou da refundição completa de certos sectores da obra (obra material e obra de organização), só duas interpretações são possíveis para sobre elas se basear uma atitude:

a) Ou a crítica emitida é justa, impessoal e objectiva, e só há que actuar no sentido indicado e com a urgência pedida;

b) Ou a crítica é inconsistente, ou baseada num sentimento ad odium, ou deformada ou exagerada, e a atitude a tomar perante ela será a do seu repúdio.

E forçoso que sempre exista uma justa relação entre a curti ca, a sua qualidade e as consequências lógicas dela derivadas.

Vozes: - Muito bom!

O Orador: - O que desenvolvi no meu aviso prévio sobre o Hospital-Faculdade: de Lisboa foi a necessidade da criação de uma entidade orientadora, competente bem coordenada, com capacidade suficiente para manter constantemente uma visão de conjunto e, simultaneamente, encarar e solucionar os múltiplos problemas que se

Encontram por resolver ou para os quais é possível uma correcção. Para justificar esta necessidade, apontei os diversos aspectos das deficiências e erros que pude verificar e expliquei os seus fundamentos o melhor que pude.

Permito-me agora enumera-los de novo, sem explicações.

l) Falta de coordenação entro as instalações do Hospital-Faculdade e o quadro da Faculdade:

a) Especialidades com serviços novos:

Otorrinolaringologia;

urologia;

Psiquiatria;

Oftalmologia. especialidades em serviços ampliados:

Neurologia;

Pediatria.

Estomatologia;

Pediatria cirúrgica;

Cirurgia pulmonar.

Psiquiatria;

Oftalmologia. Impossibilidade de aceitar a criação, pelo Governo, de serviços novos não previstos sem a consulta, discussão e aquiescência prévia de qualquer entidade competente, particularmente do conselho da Faculdade de Medicina.

3) Necessidade de remodelação do quadro docente e médico da Faculdade.

4) Necessidade de remodelação do recrutamento do pessoal dos quadros da Faculdade.

5) Deficiência das instalações dos serviços administrativos da Faculdade e condenação do processo usado para as transferir das instalações previstas na planta original.

6) Insuficiência do espaço destinado à biblioteca central e o problema da sua ampliação indispensável.

7) O problema da falta de espaço para as bibliotecas privativas de certos serviços e institutos.

8) Insuficiência de instalações para os alunos, inexistência de cantina e refeitório; falta de alojamento para os estagiários.

9) Possibilidade de melhorar a disposição das. clínicas.

10) O problema do banco. Dispersão das suas dependências. Comunicações deficientes. Instalações insuficientes.

11) As deficiências das consultas externas dos serviços gerais. Necessidade de um centro de orientação para os doentes. Problema dos respectivos arquivos e laboratórios. A falta de espaço.

12) Falta de plano e de orientação para os serviços de análises clínicas.

13) Falta de depósito para os animais da cirurgia experimental.

14) Inexistência dos quadros do' pessoal das' secções de fotografia o desenho. Falta de técnico competente para os organizar.

15) Ausência, de ideias estabelecidas quanto à organização dos arquivos clínicos e administrativos. Falta do espaço para os arquivos centrais.

16) Exiguidade de espaço para os serviços administrativos do Hospital.

17) Insuficiência provável dos refeitórios para enfermeiras e pessoal menor.

18) Riscos relacionados com o uso do gás Cidla e .problemas relativos ao funcionamento das instalações.

19)Desconheciment o total dos orçamentos anuais previstos para a instituição e da sua viabilidade.

20) Inexistência dos quadros de médicos, enfermeiras, técnicos e serventuários.

21) Ausência de regras estabelecidas para o recrutamento dos quadros não docentes. Falta de garantia de critério na escolha do pessoal de enfermagem.

22) Ignorância no que diz respeito à criação da Escola de enfermagem adstrita ao Hospital e à construção de um lar de enfermeiras.

23) Inconvenientes da divisão da instituição por dois Ministérios.

Emfim, como causas gerais das dificuldades actuais.

24) Multiplicidade, dispersão e falta absoluta de coordenação e de senso na direcção e orientação actuais do obra.

25) Falia de qualidade e competência da comissão instaladora.