O Orador: - E, prestando rasgada justiça, ao seu labor intelectual, a Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, aproveitando uma deliberação tomada em 1948 pela Câmara Municipal da presidência do Prof. Dinis de Pina e convencida de que uma estátua, embora sendo um padrão imorredouro, não é monumento suficiente para culminar a homenagem centenária que vai prestar-se a Garrett, prometeu envidar todos os esforços para tornar realidade uma sugestão que marcaria indelevelmente a era gurretiana: a construção de uni teatro municipal como preito de gratidão a quem tanto e tão bem soube elevar o nível do teatro português. Esse facto constituiria o mais importante número das comemorações centenárias daquela grande figura portuense. Bem merece dos Poderes Públicos ser ouvida essa petição, que a Gazeta Literária -, órgão da Associação dos Jornalistas, apresenta num dos seus últimos números.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Seria para nós motivo de duplo regozijo a efectivação de semelhante iniciativa. Homenagear-se-ia Almeida Garrett, dando inteira satisfação a um pedido formulado por uma entidade de tão elevado mérito, que tantos e tão notáveis serviços tem prestado à cultura portuguesa e à vida da Nação na missão que lhe é destinada. E não existe no Porto nenhuma instituição que tanto o haja dignificado na desinteressada actividade para seu engrandecimento.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E à Câmara Municipal da cidade caberá a honra de ser a entidade que mandou esculpir no bronze e no granito a estátua de Almeida Garrett, que, em frente à Domus Municipais, perpetuará o seu nome.

Não quero esquecer o velho clube Os Fenianos, que, na sua divisa «Pelo Porto», colaborará também na homenagem a Garrett.

Mas, Sr. Presidente, eu quero aqui lembrar que das comemorações centenárias realizadas mo Porto, homenageando outros vultos do passado, alguma coisa ficou mais que uma estátua.

Júlio Dinis, o imortal romancista da Família Inglesa, da Morgadinha dos Canaviais, das Pupilas Ao Senhor Reitor, que fizeram o encanto dos serões onde os nossos avós, se deliciaram na sua leitura simples e aliciante, deixou-nos ao seu centenário, além do busto, que se ergue no Largo da Escola Médica, uma grande obra iniciada com as migalhas sobrantes do custo desse busto: a Maternidade que tem o seu nome e a que o Prof. Alfredo Magalhães deu grande parte da BUO. vida, inteiramente dedicada h tareio de bem servir, enchendo a cidade com as realizações que o seu alto espírito concebeu e a sua vontade e a sua energia deram forma.

O centenário do poeta de Os Simples, da Oração à Luz e de tantas obras de incomparável beleza - Guerra Junqueiro - legou-nos, além do seu busto, a Casa-Museu Guerra Junqueiro, cheia de preciosidades adquiridas e coleccionadas durante largos anos, em peregrinação por Portugal e Espanha, e justo agradecimento merece por tal facto a Câmara Municipal do Porto.

Por que razão no centenário de Garrett não há-de o Porto gozar a supremo, alegria de ver colocar na Praça de Lisboa a primeira pedra do seu teatro municipal, como foi idealizado pela Câmara Municipal em 1948?

Admirável e oportuno empreendimento seria a execução dessa lembrança, que daria no Porto uma casa de espectáculos onde as actividades culturais e artísticas poderiam exercer a sua missão livre de encargos, solucionando-se definitivamente, assim, problemas que tanta dificuldade apresentam.

Seria, Sr. Presidente, essa a maior homenagem prestada pelo Porto e pela Nação a um dos maiores dos seus filhos. Daqui, desta tribuna, apoiamos semelhante iniciativa, chamando a atenção do Governo paira os nossos palavras, que só têm um significado: trabalhar a bem da Nação.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Continua o debate na generalidade sobre a proposta de lei relativa A indústria hoteleira.

Tem a palavra o Sr. Deputado Marques Teixeira.

O Sr. Marques Teixeira: - Sr. Presidente: ao subir a esta tribuna anima-me o propósito de que a intervenção que vou fazer seja breve no tempo e talvez restrita no seu conteúdo, sem quebra, todavia, da integridade e magnitude dos sérios motivos que a inspiram.

Sr. Presidente: no prosseguimento do caminho percorrido pela situação nos domínios do aproveitamento e valorização do turismo nacional a proposta de lei em discussão marca mais uma étape digna de todo o registo. Outra não pode ser a conclusão após a leitura do seu texto. Diga-se desde já que é de relevante - mérito e parecer a tal propósito emitido pela Câmara Corporativa, subscrito também pelo Digno Procurador Dr. Supico Pinto, como seu relator muito ilustro.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Reputo de todo o ponto impossível, Sr. Presidente, resolver duma só assentada o nosso caso lunático, tão complexo é e de tal modo depende e com se interfere uma imensa massa de problemas, que se reveste da mais diversa índole e toca questões respeitantes a múltiplos sectores da vida nacional.

Entretanto, no que não pode deixar de haver concordância geral é no que se refere à necessidade premente de bem se definir, em seus precisos termos, uma política do turismo. Mas, tanto como essa política, não é de menor importância que se forme e apareça também unia consciência turística. Comprova-se que os Poderes Públicos não estão desatentos e mantêm, agora coma