Está representado o fundo por pequena importância, mas, em todo o caso, indica-nos qual o caminho a seguir, sobretudo numa província sujeita constantemente a crises graves.

A situação da tesouraria é relativamente boa, pois a província de Cabo Verde, em 31 de Dezembro de 1952, dispunha do seguinte numerário:

Na caixa do Tesouro na província 1:744.075$07

Nos doze recebedorias da província 2:061.727$72

Total ..... . 5:829.523$40

Não é satisfatória a posição de Cabo Verde relativamente às suas dividas passivas, que atingem a elevada importância de 6O 000 contos, assim discriminados:

Ao Banco Nacional Ultramarino (empréstimo gratuito) .....68.600$00

A Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência (Decreto n.º36780) .........47:408.746$50

Ao Ministério das Finanças pelo pagamento em Dezembro de 1952, na qualidade de avalista, da primeira anuidade de amortização do empréstimo de 50 000 contos (Decreto n.º 36 780) ..... 2:591.253$50

Ao Fundo de Fomento Nacional (Decreto n.º 38 257) .....280.415$50

Saldo negativo (contra a Fazenda) de diversas contas de operações de tesouraria ........4:352.934$88

A primeira anuidade de amortização do empréstimo de 50000 contos contraído na Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência, e que importava em 2:591.253450, foi vencida em Dezembro de 1952, e, como a província não estivesse em condições de a satisfazer, teve de ser liquidada pelo Ministério das Finanças, na qualidade de avalista.

Daqui se poderá aduzir qual seja a situação das finanças da província de Cabo Verde.

Tem as contas de exercício equilibradas, mas a situação da sua tesouraria não lhe permite satisfazer os encargos das dívidas que contraiu.

Vejamos agora a posição do comércio externo e da balança comercial ou de pagamentos.

É consecutivamente deficitária a balança comercial de Cabo Verde a partir de 1942, e nos anos de 1951 e 1952 apresenta os seguintes valores e saldos negativos:

A balança comercial melhorou, embora pouco, de 1951 para 1952.

Na sua exportação continuam a ter predomínio os óleos combustíveis fornecidos à navegação, a purgueira, o carvão de pedra, o peixe em conserva e o café, como se poderá verificar no seguinte quadro:

Sobre a valorização do arquipélago de Cabo Verde já nesta VI Legislatura da Assembleia Nacional tivemos oportunidade de ouvir a palavra autorizada do nosso ilustre colega Sr. Dr. Duarte Silva, pronunciando-se no sentido de se debelarem as causas perturbadoras do ambiente cultural das ilhas, combatendo a erosão, arborizando o promovendo a execução das obras do Plano de Fomento relativas aos melhoramentos hidroagrícolas, pecuários e florestais.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Cabo Verde é uma província de bom clima para o homem; mas a raridade das chuvas e a violência dos ventos não favorecem a terra e a sua agricultura.

O repovoamento florestal é considerado pelos técnicos e pelo Governo como a maior obra a realizar no arquipélago de Cabo Verde.

Por ser empreendimento muito dispendioso a realizar , em todo o arquipélago, esta a seguir-se o sistema de criar pequenas florestas climáticas em determinadas regiões.

Vem de longe o interesse do Governo e dos governadores da província pela arborização de Cabo Verde.

Pelo menos que eu saiba, uma missão da Direcção-Geral dos Serviços Florestais e Aqricolas do Ministério da Economia já esteve, há alguns anos, na província, e nova missão foi recentemente nomeada para o mesmo serviço.

O arquipélago foi encontrado certamente arborizado! e a sua vegetação espontânea e primitiva denuncia-se pela abundância da purgueira e pela existência da tamar-gueíra, conhecida também por pinheiro das Canárias ou tarrafe, de onde derivou o nome do Tarrafal.

E desde longos anos se atribuem ao negócio rendoso da lenha e do carvão vegetal, à voracidade de numerosos rebanhos de cabras e à falta de polícia rural as consequências maléficas da desarborização. Certo é que ó arvoredo foi completamente devastado, e a rearborização constitui hoje o mais importante problema de Cabo Verde.

As atenções da Administração continuam a voltar-se para o grande porto do Cabo Verde, por isso mesmo denominado Porto Grande de S. Vicente, e para a rearborização, que se considera indispensável à regularidade das chuvas e ao desenvolvimento agrícola, e talvez se tenha descurado o auxilio devido à extracção e ao emprego de pozolanas, que existem em todas as ilhas do arquipélago.

Se nos tivéssemos encaminhado no sentido de se empregar na construção civil a pozolana numa percentagem com cimento, é provável quê já hoje se encon-