a Portugal, confirmados insistentemente pelas colectividades mais representativas da cultura, dos interesses morais, económicos ou profissionais.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Idêntica impressão recolhem todos os estrangeiros que visitam a índia Portuguesa, como ainda recentemente André Sigfried, um sociólogo ilustre como Gilberto Freire, ou uma insigne Cecília Meireles. E não só os europeus ou americanos, mas também altas personalidades indianas, que não conseguem furtar-se ao que os olhos vêem e o coração sente.

Como se lê na nota oficiosa, um médico português, formado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Lisboa, foi preso por se ter insurgido publicamente contra o conceito de Goa ser terra portuguesa.

Cometeu assim um crime contra a segurança exterior do Estado e ficou, portanto, sob a alçada do Código Penal. Tanto bastou para que a imprensa da União aproveitasse o ensejo para reforçar as suas campanhas contra Portugal e no Parlamento se afirmar que o modo como as coisas continuam a acontecer fazem esgotar a paciência.

Compreende-se. É que, na verdade, são raros os casos em que as nossas autoridades do Estado da índia se têm visto na necessidade de intervir contra actividades contrárias ao respeito à nossa soberania; o caso a que me reporto foi logo aproveitado para nova especulação política e maior intensidade da campanha da imprensa contra Portugal.

Oxalá os processos que usamos para os que se não mostram amigos pudessem servir de exemplo a muitos homens responsáveis, para benefício dos naturais dos países que dirigem, evitando que morram às centenas de milhares em conflitos de rebeliões de vária natureza, quando não são ceifados pela doença ou não caem inanimados como vitimas da mais horrível miséria.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não surpreenderá que em breve o Dr. Gaitandó, que tão ostensivamente se mostrou inimigo de Portugal, ao encontrar entre nós um ambiente de perfeita tranquilidade, de ordem, de disciplina e de paz, deseje por aqui demorar-se para valorizar os conhecimentos da sua profissão e, quiçá, mais tarde exercer livremente a clínica, invocando a sua qualidade de natural de Goa e, portanto, de português.

Confiamos que, se tal vier a acontecer, não interprete a nossa transigência como prémio à inimizade manifestada para com Portugal.

Vozes: - Muito bem!

Nabili, e mais e mais.

A índia não era então e tão somente um movo território a aumentar o já grande Império Lusitano; era sobretudo a. porta de penetração da civilização ocidental e cristã por todo o vasto e misterioso Oriente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: transportámos para a índia o que tínhamos de melhor.

Logo no início da ocupação o grande Afonso de Albuquerque inicia a indiscriminação das raças, promovendo o casamento de portugueses com mulheres mouras, e mais tarde, no reinado de D. João III, se faziam embarques dos «órfãos d´El-Rei» destinados a casamentos no Oriente.

Caldeávamos assim com o nosso sangue generoso o sangue de outras raças e formávamos, deste modo, um tipo novo e inconfundível de raça humana.

Tratámos sempre os outros povos, mesmo os selvagens, como irmãos, e esta fraternidade não se encontra facilmente nos métodos da colonização de outras nações.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nos extensos territórios que descobrimos e que civilizámos a nossa presença ficou.

O Estado da índia não é uma colónia e muito menos um entreposto comercial. Ele está integrado na Nação Portuguesa há mais de quatro séculos e meio e na índia não há qualquer nacionalidade mais antiga do que a nossa.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Como recentemente escreveu o sociólogo Gilberto Freire:

O Ocidente e o Oriente encontram-se tão bem na Índia «que Goa é hoje, e ao mesmo tempo, um lugar de cultura» ocidental e oriental. Goa é uma flor da latinidade e sobretudo da «lusitanidade a florescer no Oriente».

Na verdade, Goa foi sempre, e continuará a ser nos tempos modernos, não só a metrópole do cristianismo no Oriente, como também a da civilização ocidental.

A índia não constitui para nós uma fonte de receitas, mas, ao contrário, tem sido até aos nossos dias causa de encargos para o Tesouro da metrópole.

Não permanecemos na índia por negócios ou com a intenção de recolhermos benefícios materiais, mas porque, volvidos três séculos, nos encontramos em condições idênticas às do Sr. D. João IV quando respondia ao embaixador da França, marquês de Jant, que lhe propusera a venda das nossas possessões indianas:

O único motivo que lhe estorva o abandono da índia era o interesse da religião; que os «Holan-