Sobre a atitude do vogal médico da comissão, aqui posta a nu pelo Sr. Deputado, acusando-o de se limitar, como de costume, a tomar conhecimento dum documento que foi concebido e redigido pelos vogais não médicos, não cabe a esta Câmara averiguar nada a tal respeito. Eu, como discípulo e admirador desse professor, lamento que isso possa acontecer.

E, a ser verdade o que se afirma, quando isso se passa com o professor indicado pelo Ministério da Educação Nacional (e naturalmente pela Faculdade), e que tem atrás de si largos anos de direcção do Hospital Escolar de Santa Marta, o que não aconteceria com qualquer outro, absorvido pela clínica e pelas aulas, mesmo que fosse escolhido pelo Sr. Presidente do Conselho?

Firmo-me ainda mais na minha tese com estas achegas que me trouxe o ilustre autor do aviso prévio.

Não quero terminar, Sr. Presidente, sem exprimir o voto de que uma lufada de bom senso varra (mesquinhas questões de pormenor, que podem prejudicar tão bela obra, e faça colocar acima de tudo e de todos o supremo interesse da Nação.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Cid dos Santos: - Sr. Presidente: peço a palavra paxá explicações.

O Sr. Presidente: - Tem V. Ex.º a palavra para explicações.

O Sr. Cid dos Santos: - Sr. Presidente': não esteja V. Exa. apreensivo, porque não vou pronunciar um discurso. A questão está nas mãos do Governo. Já não tem de ser discutida nesta Assembleia.

Acabei de ouvir um discurso do meu amigo Santos Bessa, e que hei-de dizer senão o que penso?

Foi político.

Foi um discurso puramente político e deslocadamente técnico, pretendendo explicar a Assembleia o que ela não pode julgar nem tem de julgar.

A Assembleia já se pronunciou. Já não temos de discutir e eu falo apenas como Deputado que assinou a moção e é, para mais, autor de um aviso prévio.

Falei para o Governo, relembrando o que se passou e indicando os pontos essenciais do aviso, e continuo aguardando que o Governo resolva como entender.

Quero agora fazer notar ao meu amigo Santos Bessa que me desagradou ouvi-lo dizer que eu tinha ungido ignorar ter havido uma discussão, para só falar no matéria por mim exposta no meu aviso.

O Sr. Santos Bessa: - Eu quis dizer «parecendo ignorar» e disse «fingindo ignorar». Não houve a mínima intenção de o magoar; peço desculpa.

O Orador: - Isso não tem importância, mas eu não ungi nada, não tenho fingido nada, e quando aqui trato das questões faço-o sempre com sinceridade e clareza.

Vozes: - Apoiado!

O Orador: - Se apenas me referi ao problema tal como o pus e ignorei o que se disse na Assembleia foi por uma razão que já foi exposta por mim no encerramento da discussão do meu aviso prévio, mas que vou expor de novo. É que eu considero que no debate sobre o aviso quase nada se referiu ao que eu dissera; uma boa parte foi deslocada e outra parte foi deturpada.

Não tenho de tratar, portanto, de um aspecto que praticamente não foi considerado.

O Sr. Carlos Moreira: - Apoiado!

Vozes: - Muito bem, muito bem ! O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. António Felgueiras: - Sr. Presidente: o assunto de que em breves palavras vou ocupar-me já não é inteiramente inédito nesta Câmara.

Na sessão efectuada em 3 de Abril de 1951, e numa intervenção a todos os títulos brilhante, o nosso ilustre colega Sr. Coronel Ricardo Durão propôs-se, e conseguiu-o, demonstrar que, se o Governo tomasse as providências convenientes, o salmão poderia converter-se numa riqueza nacional.

Como a demonstração se acha feita, não vou retomá-la neste momento.

Mas, porque o problema suscitado na intervenção a que me refiro tem tomado desde então uma acuidade crescente, não quero deixar de para ele chamar novamente a atenção do Governo.

Como VV. Exas. sabem, é o salmão um exemplar de peixe de excepcional categoria, pela sua beleza e requintado sabor.

O sábio naturalista que foi o padre Silva Tavares descreve-o nos seguintes termos, a que não falta certo calor de expressão:

É o salmão um robusto e magnífico peixe, de forma esbelta, de carne fina e compacta, cor-de-rosa ou avermelhada, e tão saborosa ao paladar que nenhum outro peixe lhe pode pleitear primazias: (Brotéria, Agosto de 1930, p. 76).

Razão, pois, teve o Sr. Deputado Ricardo Durão para o considerar naquela sua intervenção como «um dos mais nobres representantes da fauna aquática».

A espécie de que se trata é a que se designa pelo nome de Salmo salar. Vive no Atlântico e nas regiões frias do Norte, não baixando por via de regra para o Sul além de 42º de latitude. E na Península Ibérica é o Minho o último rio que corre em tal latitude. Mas, não obstante encontrar-se o Minho na zona mais meridional da dispersão atlântica do salmão, é esse rio geralmente considerado como rio salmoneiro por excelência.

O director artístico da revista portuguesa Diana, de caça, pesca desportiva e hipismo, Sr. Jorge Brum do Canto, considerou-se habilitado a informar na mesma revista (Junho de 1950, p. 36) ser o Minho, de todos os rios do Mundo, o que oferece melhor ambiente para u desenvolvimento da espécie.

É no prólogo da notável monografia publicada em 1940, pela Direcção-Geral de Turismo de Espanha, sobre o salmão e a sua pesca nesse país, e que, além