propriamente dita e os dos exames de adultos já feitos, obteremos este resultado verdadeiramente extraordinário: nos primeiros quinze meses de execução do plano de educação popular começaram a receber ensino e educação mais de 350 000 portugueses de todas as idades!

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não queria deixar de frisar, Sr. Presidente, que, se realmente os resultados que citei são alentadores e fazem aflorar esperanças no coração de todos os portugueses conscientes, se eles traduzem um ritmo de trabalho e de acção verdadeiramente revolucionária entre os métodos habituais no. nosso país, se também revelam, Sr. Presidente, que tem havido uma nobre paixão de progresso no comando desta batalha travada contra o analfabetismo, também a grandeza do mal a debelar era e é ainda de molde a, sem cairmos em desfalecimento, não alimentarmos optimismos excessivos: no início da campanha havia ainda cerca de l milhão de portugueses analfabetos, na idade que mais importa, isto é, entre os 14 e os 35 anos.

Parece que, segundo dizem as estatísticas, não estará longe o dia em que poderá ter-se por debelado o pior aspecto do analfabetismo, ou seja o das idades escolares; mas contra a montanha enorme do analfabetismo dos adultos está, como se vê, a ser movida muita fé, muito esforço, que tem interessado o País todo. Beata saber se é trabalho que uma só geração, ainda que com o melhor comando, pode levar a cabo.

Mas, Sr. Presidente, o que despertou a minha intervenção, as breves palavras com que quero deixar assinalados nesta Casa os êxitos consoladores da luta contra o analfabetismo, mais do que isso, a rasgada campanha de educação popular -levantemos esta iniciativa à verdadeira altura em que ela tem sido colocada -, foi o notabilíssimo despacho que citei, de há dias, do Sr. Subsecretário de Estado da Educação Nacional.

Neste despacho, em suma, a escola primária é posta ao serviço, nos meios rurais, não apenas da alfabetização, mas da integral educação da criança para o seu meio rural, e por outro lado, interpretando ousada e justamente o magistério do professor primário, também a escola é posta ao serviço precisamente da elevação dos meios rurais, do saneamento da nossa ruralidade, para a qual a criança é educada.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nesta bela voz de comando sente-se um alto ideal pedagógico, uma amorosidade pelas realidades e pelas necessidades da vida do campo, aparecendo nela implícitos acenos para problemas de que estão já a tardar as soluções, como p do ensino elementar agrícola, o da extensão universitária e o da extensão agronómica, que nos merecem os mais conscientes e rasgados louvores. Ë não se deverá esquecer, Sr. Presidente, que esta nova iniciativa segue de perto outras já em plena execução, como, por exemplo, a das bibliotecas rurais, a do cinema educativo, a das exposições populares itinerantes de arte e a de educação sanitária.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: -Gostaria, Sr. Presidente, de ler aqui alguns dos dezanove pontos deste despacho, em que a beleza da forma é ainda ultrapassada pela segurança doutrinária e pelo imperativo do comando. Não o posso fazer pela escassez do tempo, mas desejava exprimir o desejo, Srs. Deputados, de que ele fosse bem conhecido no País, porque revela alguma coisa de novo no domínio da nossa pedagogia e no interesse pelas necessidades da vida rural que parece estar a passar da retórica para a acção. Deu-lhe a imprensa grande relevo, até pela pena de escritores consagrados, e na verdade ele merece a adesão prática e consciente de todo o País, de forma a que todos os que pudermos, nas diversas posições da vida social, não recusemos à campanha em curso o melhor do nosso esforço e dedicação.

Para terminar, Sr. Presidente, queria apenas dizer que, se esta campanha contra a praga do analfabetismo deve ser, e em certa medida já o tem sido, esforço de toda a Nação, a justiça manda destacar a dedicação apaixonada, a competência e a segurança de princípios que lhe tem devotado o Dr. Veiga de Macedo.

Vozes:-Muito bem, muito bem!

O Orador: - O louvor que este membro do Governo me merece não o saberia eu dizer tão bem como o ouvi há poucos meses na minha terra, em Setúbal, ao nosso ilustre colega engenheiro Cancela de Abreu:

O Sr. Dr. Veiga de Macedo tem realizado, sem alardes, sem prosápias, sem publicidade sequer, ou, pelo menos, sem a procurar, uma obra valiosíssima, denunciante de uma tenacidade, de uma dedicação, de um espírito de servir como raras vezes se terá igualado em cadeiras do Poder.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

que aqui represento, consideração e estima que sei ser bem retribuída, visto os Portuenses nunca esquecerem aqueles que sabem fazer-lhes justiça.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Outra atitude não era de esperar de uma personalidade que em vida tão sã, tão laboriosa e em actos de tão grande altruísmo e valentia tem sabido ser sempre o mais estrénuo defensor das melhores doutrinas.

Obrigado, pois, meu caro major Botelho Moniz.