stâncias normais, a velha e anacrónica ponte-barca do Guadiana não oferece para a passagem de pessoas, gados e veículos as necessárias condições de segurança, não comporta as grandes e modernas viaturas empregadas no transporte de passageiros e de carga, e só pode ser utilizada pelas camionetas ligeiras de reduzida lotação, mediante trabalhos de adaptação nesses veículos ou sucessivas operações de descarrego o carrego, incómodas, demoradas e sempre dispendiosas.

Por outro lado, não parece razoável que um dos mais importantes centros mineiros do país - a Mina de S. Domingos, situada no concelho de Mértola-, se encontre durante boa parte do ano impossibilitado de comunicar com a sede do mesmo concelho pela via naturalmente indicada para o fazer; e, de outra parte, acontece que a ligação rodoviária entre as vilas de Serpa e Mértola - realização da actual situação política-, que exactamente atravessa a região mineira de S. Domingos, se interrompe, por falta da ponte em referência, na margem esquerda do rio Guadiana, num local fronteiro da vila de Mértola, de onde o não poderem as populações de além-rio aproveitar, tão completamente quanto seria para desejar, as vantagens que lhes proporcionam duas magnificas estradas - igualmente realizações da actual situação política: a que, partindo da vila de Mértola, conduz à de Almodôvar, e a que, através daquela vila, estabelece a ligação entre as províncias do Baixo Alentejo e do Algarve.

A construção de uma ponte sobre o rio Guadiana em Mértola apresenta-se assim como o complemento natural e necessário da conclusão da rede de estradas que serve os concelhos de Serpa, Mértola e Vila Real de Santo António e interessa às importantes e florescentes províncias do Baixo Alentejo e do Algarve.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Lembrarei ainda que a abertura dos trabalhos de tão almejada ponte viria atenuar, em boa medida, os penosos efeitos das crises de trabalho que ciclicamente tornam espinhoso e amargurado o viver dos trabalhadores rurais do Alentejo, problema grave e melindroso, que, com elevação e inteligência, já foi debatido nesta Assembleia, e cuja solução justa e definitiva se deve esperar de certas medidas de fomento já em execução, como da realização de alguns planos de arborização, colonização e irrigação, elaborados pelo Ministério da Economia, com vista às regiões situadas ao sul do Tejo.

Sr. Presidente: ninguém contesta - a não ser, em períodos sombrios de propaganda eleitoral, alguns cegos, por não quererem ver, que, negando a evidência dos factos, se obstinam em dar à Nação a exacta medida do seu apaixonado juízo, do seu facciosismo, da sua reduzida estatura de opositores e de críticos-, ninguém contesta, dizia, que o Estado Novo tem dotado o País, no último quarto d e século, de um número considerável de valiosas e custosas pontes, a um tempo índices de civilização, instrumentos de progresso económico e social e padrões imorredouros do prodigioso ressurgimento português, operado sob a orientação esclarecida e firme do génio político de Salazar.

Sobre todas se destaca majestosa e dominadora - símbolo indelével das bodas de prata da Revolução Nacional, da capacidade realizadora de uma política e do resgate de uma pátria - a já famosa ponte Marechal Carmona, sobre o rio Tejo, em Vila Franca de Xira, admirável obra de fomento e de engenharia que, pelo seu elevado custo e pelos inúmeros obstáculos que importava remover para a respectiva construção, a muitos se afigurava aspiração irrealizável.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pois bem, interpretando o sentir dá boa gente do concelho de Mértola e os Legítimos anseios das esforçadas populações da província do Baixo Alentejo, cujos interesses neste aspecto são, de certo modo, solidários com os do Sotavento algarvio, lanço daqui um veemente apelo em favor da realização de melhoramento tão importante, de tão largo alcance e projecção, e formulo um voto, um voto confiante porque, tão rapidamente quanto possível, se converta em magnífica realidade tão velha e legítima aspiração, se ponha termo ao lamentável estado de coisas gerado pelas dificuldades e inconvenientes que aponto, enfim, se dê a tão instante necessidade a solução satisfatória que se reclama e ansiosamente se espera do superior critério e da larga visão de quem sabiamente comanda a política que nos rege, altamente patriótica e eminentemente nacional.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Abrantes Tavares: - Sr. Presidente: pedi a palavra para mandar para a Mesa o seguinte

Requerimento

«Requeiro que os serviços competentes do Ministério das Comunicações me prestem as informações seguintes:

1.ª Quantos quilómetros de linhas telegráficas ou telefónicas foram anualmente instalados, em terrenos particulares, nos últimos dez anos;

2.ª Qual a verba prevista no orçamento de cada um dos anos daquele período para pagamento das indemnizações a que alude o artigo 126.º do Decreto n.º 5 786, de 10 de Maio de 1919;

3.ª Qual a verba efectivamente despendida, em cada ano do mesmo período, com o pagamento das indemnizações referidas.

Se não for demasiado perguntar, desejaria ainda o seguinte esclarecimento:

Quando há anos foram aumentadas as taxas de utilização dos serviços dos CTT, quis-se demonstrar a moderação do agravamento comparando as taxas agravadas com as vigentes em vários países estrangeiros, próximos e longínquos. Ainda que tenha dúvidas sobre o poder convincente e demonstrativo de tais exemplos, fiquei sem elas quanto à abundante e vasta informação dos