aquilo que se pratica: o ser bom, justo, honrado, tolerante e leal.

Vozes: - Muito bem!

próprio objectivo dos métodos; a formação do carácter e a inteligência do aluno, a constante vida de relação entre o professor e educandos.

Sinto quanto é difícil doutrinar fora das realidades possíveis, mas insisto em referir-mo aos inconvenientes das turmas com número excessivo de alunos e, embora tenha como progresso, já no domínio do ensino médio, tipo liceal, o sistema de anonimato e do ponto único na selecção, deploro que o julgamento se consubstancie num número, pondo inteiramente de parte as qualidades morais do estudante, o carácter que já se esboça ou define como se não fora de considerar e ter em apreço.

Apoiados.

O que aliás não surpreende, porque o próprio professor passará toda a sua vida docente inexoravelmente vinculado à nota que lhe saiu, como diria Fialho de Almeida ao concluir o seu curso: o problema é de pôr, tendo em consideração a exemplaridade da sua conduta, o grau eficiente da sua docência, mas ó inegável que no ensino o espírito de r otina do mestre é o maior flagelo para a juventude que aprende.

E já que falo em ensino médio, tipo liceal, permita-se-me um parêntese. Se por cultura se entende o sistema de ideias vivas que cada época possui ou ainda como um plano de vida o guia permanente dos caminhos a percorrer na existência, como podem ser correspondentes os resultados, se para alcançar essa cultura, digamos educação, são diferentes os meios de que se dispõe? Há liceus que carecem há muito do complemento de obras previstas e indispensáveis. Tal o caso do Liceu de Portalegre.

Perdoe-me, Sr. Presidente, a divagarão.

A educação dos adultos com a finalidade de melhorar e aperfeiçoar cortas classes trabalhadoras já escolarizadas iniciou-se em Inglaterra há muitos anos, embora o Estado só tenha intervindo em 1893. As Universidades elaboraram programas de extensão universitária, quer em Cambridge, quer em Oxford.

Só em 1903 Mr. Mansbridge fundou a Associação Educativa dos Trabalhadores. Será ousadia afirmar que tal iniciativa contribuiu para a criação de um verdadeiro escol entre os frequentadores dos W. E. A. (Workers Educational Association), apesar do número restrito de frequentadores das mais variadas proveniências?

«O trabalho, as próprias distracções - escreve Mr. Cyril O. Howle, da Universidade de Chicago»-, o intercâmbio permanente do relações sociais e até os próprios momentos de meditação, que desempenham um papel tão decisivo na nossa existência, impeliram algumas Universidades a ocupar-se da educação dos adultos, perante a injustiça que representava o privilégio de cartas classes no acesso à cultura».

Em Portugal teríamos por manifestamente útil a criação, quando possível, sem diminuir evidentemente o interesse demonstrado na actual campanha contra o analfabetismo, de cursos de informação e vulgarização científica para os adultos e levada a efeito nas escolas de tipo secundário, em cursos nocturnos, inteiramente livres, sem propinas, sem exa mes, sem diplomas.

Os «Cow colleges» americanos, criados no século XIX, foram uma notável iniciativa que muito tem valorizado as regiões rurais daquele país!

Evoquemos os «colégios populares» dos países nórdicos - a Escandinávia, por exemplo -, a mais admirável criarão do mundo moderno, e se não é possível, por falta de «clima humano», adoptá-los, pensemos na necessidade de não abandonarmos ao seu destino uma massa de gente que vive sem ideais, sem o indispensável recreio do espírito, na dura tarefa do dia a dia.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Vasconcelos e Castro: - Sr. Presidente: sendo esta a primeira vez que a minha voz se ergue nesta prestigiosa Assembleia, são para V. Ex.a, Sr. Presidente, as minhas primeiras palavras de saudação e muito apreço, pelas qualidades que V. Ex.ª tem demonstrado no exercício da. sua alta missão.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Para os colegas vão também as minhas mais calorosas saudações, querendo testemunhar a todos quantos aqui se encontram a minha mais franca e leal colaboração. Em particular, aqueles que já pertenceram a anteriores legislaturas, quero aqui patentear o meu apreço pela obra. já realizada e de que a Nação já tomou o devido conhecimento.

Sr. Presidenta e meus senhores: antes de iniciar as muito breves considerações que me proponho fazer sobre a Lei de Meios, desejo, desde já, testemunhar ao Governo, e muito em particular ao Sr. Presidente do Conselho, o reconhecimento que, como portugueses, todos lhe devemos.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Parece-me que a mais profícua colaboração que poderemos prestar ao Governo não é o elogio da sua obra no que ela tem de notável e de todos conhecida, mas sim a crítica construtiva, naqueles pontos que julgarmos necessário.

Nesta ordem do ideias, quero chamar a atenção da Assembleia sobre o capítulo VII da Lei de Meios - Política rural.

Espero que o Governo preste um auxílio financeiro substancial e bem palpável aos melhoramentos rurais. O que se tem feito até hoje é já alguma coisa, mas muito, e mesmo muito, há ainda que fazer, para quo as populações rurais, de norte a sul do nosso país, atinjam o limiar de uma vida económica aceitável.

Só depois de o atingir, por intermédio de caminhos capazes e água, é que devemos, em princípio, encetar outros empreendimentos também indispensáveis, a saber: telefones, melhoramentos agrícolas, habitação, electrificação, etc.