Mesmo em épocas do isolamento a Espanha nunca pensou levar para Madrid o riquíssimo recheio do seu arquivo de Simancas, a sua inesgotável Torre do Tombo. A Simancas, terra minúscula e até difícil de encontrar no mapa, foi Queirós Veloso colher preciosos elementos para o seu D. Sebastião e a sua História da Universidade de Évora, e, como ele, milhares de estudiosos ali se deslocaram e deslocam.

A Biblioteca da Fundação da Casa de Bragança, constituída principalmente pela núcleo de D. Manuel II, quo no exílio organizou com tão patriótico carinho, lá está em Vila Viçosa, e sei de fonte segura que tem tido leitores em número surpreendente.

A leitura na Biblioteca Pública de Évora é tal que houve, desde há anos, que criar a leitura nocturna de Novembro a Abril, se não estou em erro - pelo menos nos meses de Inverno. No Verão há leitura ao ar livre nos Jardins-Público e de Diana. Estas com o auxílio da Câmara.

Será Évora terra tão insignificante que não mereça o núcleo da Manizola, que moralmente lhe pertence?

Évora, que mereceu uma Universidade de repercussão internacional, e que só a maldade e o facciosismo dos homens destruiu, depois de dois séculos de vida útil e brilhante; Évora, que ainda hoje, no seu Museu Regional, na Sé, no Liceu, em várias igrejas, até em casas particulares, ostenta colecções de quadros valiosos, não obstante a depredação que sofreu, após a extinção dos conventos, com o desvio para Lisboa de mais de quatrocentos quadros, muitos dos quais são a nata do museu das Janelas Verdes e muitos outros de que se desconhece o paradeiro; Évora, com a sua escola musical do século XVII, conserva na Sé um opulento arquivo musical; Évora, finalmente, a cidade dos monumentos, verdadeira acrópole de Portugal, pelo seu grande passado e digno presente, não merece acolher o núcleo da Manizola ?

Termino, Sr. Presidente, com a firme e arreigada convicção de que o Governo, que terá a última palavra, não deixará de trilhar, como sempre, o que julgo ser o caminho da lógica e os ditamos da justiça.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Continua em discussão na generalidade a proposta sobre a Lei de Meios.

Tem a palavra o Sr. Deputado Camilo de Mendonça.

Vozes: - Muito bem!

tenço, assim, a uma geração que se preparou para a vida sob o signo do interesse nacional e do bem comum, que não guarda, nem pode guardar, ressentimentos, mas que também não pode estabelecer paralelos, e que, mesmo quando as circunstâncias lhos possibilitam, mais se preocupa e atormenta com enfrentar os problemas pendentes e ir de encontro tis reais necessidades e justas aspirações do povo português.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Pertenço a uma geração com uma mentalidade nova e diferente, com aspirações próprias, forte na sua fé, firme das suas convicções e anseios, decidida na sua vontade de ir mais adiante, de ir até ao fim.

Pertenço a uma geração que. na medida em que se orgulha de si própria, da sua mentalidade e do seu carácter, sabe bem que deve o seu « clima» àqueles que, corajosa e sacrificadamente, tomaram sobre si o encargo de restituir Portugal a si mesmo e de dar aos Portugueses as condições necessárias para que voltassem a ser eles próprios e de novo acreditassem nas suas virtudes e confiassem nas suas capacidades.

Pertenço, pois, a uma geração que nem por ser exigente deixa de ser profundamente grata, a uma geração que sabe ser grata, mas para a qual a gratidão se traduz mais e melhor por actos do que por louvaminhas fáceis. Pois é essa gratidão aos homens que não só nos facultaram um clima caracteristicamente português, para que pudéssemos vir a ser o que somos, c omo foram mais além, vencendo o marasmo, transformando espiritual e materialmente o País, que eu quero deixar aqui, e desta tribuna, bem expressa e claramente formulada.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Seja-me permitido que concretize essa gratidão devida pela minha geração àquela que tomou sobre si a responsabilidade de nos educar e dotar dos meios necessários para poder progredir - e que carinhosamente chamarei dos nossos pais -, numa evocação saudosa do marechal Carmona, da sua figura fidalga, da sua vida inteiramente consumida ao serviço do País, do seu espírito firme e resoluto, que lhe permitiu saber bem, quando muitos duvidavam ainda, a quem devia cometer o encargo de fazer a Revolução e na manifestação do mais profundo respeito e da maior e mais viva admiração a Salazar, a quem os homens do meu tempo, para além da gratidão que sinceramente lhe devotam, desde sempre o tomaram e têm como exemplo e como guia.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente : recordo-me bem - a vida que intensamente tenho vivido não me fez ainda esquecer -, recordo-me ainda das inquietações e anseios que vivi na minha juventude, inquietações e anseios da minha geração, desde os tempos em que na