O Orador: - . .. com aquela coragem de enfrentar os problemas e procurar a verdade que caracterizou o regime; importa rever e reformar, colocar de novo a Administração em condições de eficientemente levar a cabo uma vasta obra de fomento. quer executando o Plano de Fomento, quer orientando a iniciativa particular de acordo «nu o interesse do País; importa retomar corajosamente o facho corporativo, prosseguir a institucionalização do regime, proceder à desconcentração da Administração, promover a integração da economia ultramarina na economia nacional; importa não esmorecer no campo da doutrinação política e da educação colectiva.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O País sente tudo isto, anseia por ver retomar o caminho da Revolução e sabe que pode confiar: acredita no vigor da doutrina e na clara inteligência de Salazar, na sua clarividência e no seu espírito de previsão, confia em Salazar e sabe que tem no Chefe do Estado o penhor seguro do futuro da Revolução.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem. muito bem!

O Orador: - Tal não houvesse motivo sério para trazer aqui estas lamentações, mas, pensando bom, julgo que fiz melhor não calar estes sentimentos, já porque pressinto constituírem preocupações da generalidade dos portugueses, já porque se me afigurou não iludir assim o mandato do País, que resumirei nestas palavras:

Serena confiança em Salazar; desejo de ver extraída a lição que as últimas eleições oferecem; anseio de ver o regime institucionalizar-se; consciência da necessidade de retomar a mancha da Revolução, imprimindo-lhe um carácter cada vez mais social; desejo de que a Revolução cada vez mais interesse a todos os portugueses: necessidade de rever e reestruturar a organização corporativa, fixando-lhe um rumo definido; necessidade de intensificar a obra de fomento e, através dela, melhorar o nível de vida do povo português.

Vozes: - Muito bem, muito b«m !

O Orador: - Sr. Presidente: a honrosa posição financeira do País possibilita uma intensa obra de fomento; há capitais particulares disponíveis a que importa dar aplicação conveniente; há, como acentua a Câmara Corporativa, possibilidades de crédito não utilizadas.

No momento em que a nossa exportação parece avizinhar-se de uma crise, não só pela baixa de preços mas pela redução das quantidades exportadas, no momento em que unia certa depressão parece atingir a nossa economia, é indispensável que se imprima a maior amplitude à obra de fomento, a fim de contrariar as tendências conjunturais, reagir contra as clássicas insuficiências da nossa economia, melhorar o rendimento do trabalho e assegurar a ocupação e a estabilidade, económica e social.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Sem deixar de manter o coeficiente de segurança que as circunstâncias aconselham, não se perca a oportunidade, por excesso de prudência ou morosidade nu acção, de intensificar a obra de fomento, aproveitando o concurso dos capitais particulares que se oferecem em proporção bem maior do que, o ritmo da sua utilização. Ainda recentemente concorriam u subscrever acções da Hidroeléctrica do Douro em quantidade superior em quatro vezes à quota-parte que lhe fora reservada. Não se pode perder de vista que se não forem canalizados para a obra de fomento, se perderão, com a agravante de passarem em grande parte a ser consumidos em despesas sumptuárias, criando hábitos que dificilmente podem manter-se no futuro, e esquecida a função social da riqueza, originarem aqui e além casos de ostentação que não só ofendem a modéstia da nossa vida. como u sacrifício daqueles que amargura da mente ganham o seu pão.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não se pode, neste particular, esquecer a experiência passada nem deixar de apontar os excessos de alguns que justificam a revolta.

Na agricultura e na indústria, para além dos investimentos previstos no Plano de Fomento, há muito que realizar, desde as pequenas obras dispersas por todo o País, e que os melhoramentos agrícolas poderão levar a efeito desde que se lhes não falte com os meios necessários, até ao reapetrechamento de algumas indústrias e à racionalização de outras.

Embora julgue que o Governo está atento ao problema, não poderia deixar de chamar para ele a atenção de VV. Ex.ª

Vozes: - Muito bem!

(a) Orador: - Ao apreciar a proposta da Lei de Meios desejo, antes de mais, dirigir ao Sr. Ministro das Finanças as homenagens que lhe são devidas pela sua cuidadosa administração, que se traduz nas extraordinariamente elevadas disponibilidades do Tesouro e, principalmente, pelas suas intenções de reforma, quer no campo fiscal, quer no da estrutura e eficiência dos serviços, que há três anos a esta parte formulou e vem persistentemente mantendo.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - A reforma fiscal é efectivamente indispensável e urgente. Não obstante o regime fiscal vigente, para além de ter sido o nosso primeiro sistema coerente de impostos e ter correspondido inteiramente às necessidades de então, ao mesmo tempo que se ajustava à realidades da nossa vida, ter sido elaborado com superior mestria e ter constituído o fulcro de toda a obra material que possibilitou e se lhe seguiu, não obstante