à construção do caminho de ferro do Limpopo - novos elementos que mostram não serem suficientes, para se levar a cabo este empreendimento, os 678 000 contos em que naquela revisão fora estimado o seu custo.

Por um lado, o crescente movimento dos caminhos de ferro da província e o avolumamento de tráfego internacional de combustíveis líquidos exigem a aquisição de vagões-tanques, com que se não havia contado no plano inicial. Por outro, o abastecimento de água à estação fronteiriça do Pafuri exigirá verba muito superior à de princípio estimada, não só por as condições de captação e adução se terem mostrado mais difíceis, como por se ter acordado fazer fornecimento de água na fronteira aos caminhos de ferro da Rodésia.

Computa-se em 25 000 coutos o necessário para cobrir estes novos encargos, importância que, se não se quiserem sacrificar outros empreendimentos de Moçambique, terá de ser acrescida à contribuição da metrópole para o plano do ultramar, por não di spor a província de recursos livres para tal fim. Para tanto, poderá o Fundo de Fomento acrescer tal importância à parte do empréstimo que, segundo o plano de revisão submetido à Assembleia Nacional, lhe caberia fazer a Moçambique para o caminho de ferro do Limpopo.

Nestes termos, o Governo tem a honra de propor à Assembleia Nacional, nos termos do § único do artigo 97.° da Constituição. que ao quadro II anexo à referida proposta de lei sejam feitas as seguintes alterações:

O Sr. Paulo Cancella de Abreu: - E hão-de continuar as alterações...

O Sr. Botelho Moniz: - Sr. Presidente: ouvi há momentos o Sr. Deputado Paulo Cancella de Abreu comentar esta proposta de lei da fornia seguinte: «e hão-de continuar as alterações».

Costuma dizer-se que ninguém é profeta na sua terra.

A comissão política da Assembleia a que o Sr. Deputado Paulo Cancella de Abreu presidiu foi verdadeiramente profeta ao adivinhar o que era inevitável: estas constantes alterações.

E não foi só essa comissão a dizê-lo.

Sr. Presidente: pouco mais de dois anos depois de a Assembleia Nacional haver aprovado a Lei n.º 2058, de 29 de Dezembro de 1952, o Governo apresenta-nos a modificação que estamos a discutir.

A propósito, recordo as palavras aqui pronunciadas em 1952 por um Sr. Deputado:

Suponho que, para esclarecimento mais perfeito da opinião pública, convirá reunir em livro o texto governamental, os pareceres geral e subsidiários da Câmara Corporativa e os relatos das sessões da Assembleia Nacional onde aqueles documentos têm sido e serão discutidos.

Terá utilidade como guia durante seis anos. Virá a ser interessante consultar esse livro em 1958, para definição de responsabilidades e ensinamento geral de como é difícil dirigir a economia.

Verificaremos então quanto houve que modificar, mesmo a prazo curto, nas concepções e nas afirmações dos profissionais mais distintos porque, devido ao progresso constante da técnica, as verdades aparentes de hoje serão as mentiras de amanhã.

E isso dar-nos-á lição de modéstia.

E o mesmo Sr. Deputado, na discussão na especialidade, acrescentava dias depois:

Estou certo, por velho saber de experiência feito, de que depois da obra realizada se verificaria ter custado muito mais.

Uma das causas frequentes das falências ou das dificuldades económicas dos industriais é o optimismo no cálculo do custo das instalações. Só demasiadamente tarde se reconhece que os encargos de capital e as amortizações do valor de 1.° estabelecimento oneram o produto para além do que fora previsto.

Não foi preciso esperar por 1958, nem pela terminação da obra, para se verificar a verdade daquelas duas previsões.

Exactamente por contar com essa verdade, não me surpreende a decisão do Governo em trazer agora à Assembleia Nacional propostas de modificação do Plano de Fomento que envolvem acréscimo avultado de investimentos. A única surpresa recebida foi a de não se incluir nesses investimentos o que é considerado totalmente indispensável para duas iudústrias-bases pelas quais todo o País anseia: as de siderurgia e adubos azotados.

O relatório da proposta de lei n.º 22 justifica essa carência com o facto de não se encontrarem realizados os estudos necessários à inclusão dos projectos no Plano de Fomento.

Ignoro o que sucede relativamente à siderurgia. Mas conheço em todos os pormenores o que acontece na indústria de azotados.

A nota oficiosa do Ministério da Economia de 22 de Julho de 1954 definiu, e muito bem, o pensamento do Governo, que coincide com o das principais empresas interessadas: Realização pelo Amoníaco Português, empresa na qual diversos organismos oficiais possuem maioria de capital, do seu plano de fabrico de hidrogénio químico, para elevar a produção de Estarreja a 70 000 t anuais de sulfato de amónio;

b) Aumento da capacidade de sulfatização da União Fabril do Azoto para outras 70 000 t anuais de sulfato de amónio;