O Orador: - O brio nacional e a colaboração e auxilio aos poises vizinhos e amigos foi sempre timbre dos Portugueses ; mas o acto resultante da antecipação do prazo que estava previsto para conclusão do caminho de ferro dentro do território nacional demandou tanto esforço, patriotismo e dedicação do pessoal português a quem se entregou a orientação e a execução dos trabalhos que justo é manifestar o nosso reconhecimento.

Vozes: - Muito bem!

execução foi entregue à Direcção dos Serviços dos Portos, Caminhos de Ferro e Transportes de Moçambique; a outra está a ser executada com toda a eficiência e dinamismo pela brigada técnica do fomento e povoamento e compreende o grandioso empreendimento de colonização que em breve se efectivará no vale do rio Limpopo com a construção da ponte-açude, canais, diques e valas adaptadas ao regadio.

São duas obras de tão extraordinária importância para a vida e progresso de Moçambique que desnecessário será encarecê-las. Hão-de ficar naquela província ultramarina a marcar e perpetuar a época portuguesa de Salazar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Mas, Sr. Presidente, por hoje desejo apenas referir-me ao prolongamento do caminho de ferro e só por motivo do enorme esforço que se fez para antecipar o prazo previsto na sua execução.

Estava previsto que o assentamento da linha férrea deveria terminar no fim de Dezembro do próximo ano, tanto no território português como no rodesiano; isto é, que a via deveria atingir a fronteira, dum e doutro lado, no final do ano de 1955. E assim era de prever, pois, na ocasião em que se iniciaram os trabalhos de prolongamento das duas vias para se encontrarem e ligarem num ponto da fronteira, tinham á sua frente a mesma distância a percorrer, cerca de 300 km para cada via.

E mais se previra que aqueles que primeiramente atingissem a fronteira fossem depois ajudar os outros no assentamento da linha no território vizinho.

Como nos fosse depois solicitada urgência no andamento dos trabalhos para não suceder que viesse a ser prejudicado o tráfego rodesiano com alguma demora nossa, despertou-se o maior interesse nos Portugueses em quererem ser úteis aos vizinhos, mas agora impulsionados pelo espirito ferroviário moçambicano e pelo amor à Pátria Portuguesa.

E daqui o que resultou?

O último carril do caminho de ferro do Limpopo foi assente na primeira quinzena de Novembro deste ano; e, portanto, chegámos à fronteira de Moçambique com a Rodésia com uma antecipação de treze meses e meio sobre o prazo previsto.

É aos portugueses que à custa do seu enorme esforço levaram a cabo esta obra, com antecipação superior a um ano, que eu quero prestar o meu reconhecimento.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Os trabalhos foram iniciados em l de Janeiro de 1953, tendo-se construído no nosso território as seguintes obras: ponte provisória sobre o rio Limpopo, com 600 m de comprimento; a estrada de serviço, com 300 km de extensão; 119 pontões e aquedutos de cimento armado; uma estação e três tomadas de água; além de se terem removido na construção da linha cerca de 2 000 000 m3 de terra e derrubado milhares de árvores para abrir caminho.

A ponte provisória, com 6OO m de comprimento e 9 m de altura, é necessária para permitir o transporte, por comboio, até ao local das obras de todos os materiais necessários ao prosseguimento da via e enquanto não estiver construída a ponte-açude definitiva.

Antes de a ponte provisória existir o transporte era feito por transbordo.

Quer isto dizer que no território português houve grandes dificuldades a vencer e muito trabalho a realizar, não sendo somente assentar carris sobre chulipas até se atingir a fronteira.

Eu chamo a atenção da Assembleia para o grande esforço que os Portugueses realizaram em Moçambique no prolongamento do caminho de ferro do Limpopo até à fronteira, não para diminuir ou desmerecer o trabalho alheio, e, neste caso, o dos Rodesianos, que todos sabemos ser do melhor que há em África, mas para se atribuir o verdadeiro e justo valor aos serviços do Estado, à organização portuguesa, aos técnicos portugueses e à nossa mão-de-obra indígena.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É preciso que se saiba que estes trabalhos do prolongamento do caminho de ferro do Limpopo foram executados, por administração directa, pelos serviços dos portos, caminhos de ferro e transportes da província, com técnicos, operários e todo o pessoal exclusivamente português.

O esforço de engenheiros tisnados pelo sol de África e banhados em suor, de brigadas de pessoal ferroviário e de milhares de indígenas contratados é digno de registo especial, pois ultrapassou o que fora previsto e assim se fez subir o nome de Portugal.

Todos se esforçaram certamente para cumprir o dever que as circunstâncias impunham, incluindo o pessoal do quadro administrativo daquela província, para que tão folgadamente fosse antecipado o prazo previsto na conclusão da obra.

E porque fomos nós os primeiros a atingir a fronteira, vamos ter a satisfação de ir ajudar os nossos amigos e vizinhos rodesianos no assentamento da sua linha na extensão de 60 km.

A antecipação alcançada deve, pois, ser considerada como uma verdadeira vitória obtida pelos Portugueses em África.

É por isso que deste lugar felicito o Sr. Ministro do Ultramar, comandante Sarmento Rodrigues, que tão grande impulso tem dado à execução do Plano de Fomento nas províncias ultramarinas.

Vozes: - Muito bem!