Preços

(ver quadro na imagem)

Nota. - Elementos fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística. Os níveis dos preços têm-se mantido quase estabilizados, designadamente os dos preços no consumidor.

A descida em 1954 dos preços por grosso resulta exclusivamente de um dos grupos componentes do índice geral - o de bebidas -, cujo índice médio desceu de 143 em 1953 para 109 em 1954.

Tendências da conjuntura económica da Europa Ocidental

que, se constituem sempre fonte de rendimento do País, em determinadas fases da política internacional se transformam em caudal de fácil e inesperada riqueza.

A nossa economia é, assim, particularmente sensível aos movimentos conjunturais externos. A situação económica do bloco europeu, que constitui a zona de acção da Organização Europeia de Cooperação Económica (O. E. C. E.), melhorou substancialmente nos últimos dois anos, ultrapassando de longe os objectivos -então considerados audaciosos - que os países membros daquela Organização se haviam proposto em 1948.

O déficit da balança de pagamentos correntes da Europa Ocidental com a zona dólar foi ainda, no período de 1 de Julho de 1951 a 30 de Junho de 1952, da ordem dos 3,5 biliões de dólares ou 4 biliões, se não se tiverem em conta as despesas militares que naquele ano a América realizou na Europa.

Do Verão de 1952 ao Verão de 1954 esta situação alterou-se completamente: em 1952-1953 a balança de pagamentos correntes com a zona dólar atinge a posição de equilíbrio, só contarmos com as despesas militares da

1 Fontes: elementos estatísticos e trabalhos da O. E. C. E. (alguns dados estão ainda sujeitos à revisão resultante dos trabalhos em curso).

América que, naquele período, devem ter atingido cerca de 1 bilião de dólares.

Ao mesmo tempo quase todos os países encontram, embora com diverso grau de segurança, uma estabilidade financeira interna suficiente. As reservas de câmbio engrossam.

Em 1953 a produção agrícola da Europa foi superior em 20 por cento à produção de 1938, e, no que respeita à indústria, os níveis globais atingidos naquele ano situam-se 40 por cento acima do padrão de 1938.

No tocante ao comércio intra-europeu o seu volume era em 1953 superior em 50 por cento ao de 1938. Ao mesmo tempo, enquanto que as importações da América do Norte e do Centro se mantiveram aproximadamente iguais às de 1938, as exportações europeias para aquelas zonas atingem o índice 200, se àquele ano atribuirmos a base 100.

Pode dizer-se que, considerados no conjunto, os países da Europa Ocidental venceram a crise da guerra.

Foi isso devido a um esforço de cooperação internacional como não há memória de ter sido feito antes da instituição da O. E. C. E.

São estes resultados o fruto de virtudes próprias dos países europeus, acordadas te estimuladas pela ajuda material e técnica dos Estados Unidos.

Conhecida a situação presente, procuremos agora as tendências da sua evolução. Não pode ignorar-se que, embora a ajuda Marshall haja terminado em

1952-1953, para a actual situação económico-financeira da Europa continuam a contribuir em muito as despesas militares que nela a América realiza.

Se estas despesas não são de classificar como ajuda, em certo sentido da palavra - por isso que, na sua maior parte, obrigam a uma contrapartida, em bens e serviços, fornecida pelos países europeus - não há dúvida de que elas se devem considerar recursos extraordinários e, por isso, temporários da Europa.

Dada a importância da posição relativa que estes recursos ocupam entre os factores que determinaram e sustentam a melhoria europeia, o primeiro problema que se põe, a quem deva descobrir os tendências da evolução próxima, é a determinação da permanência dos recursos extraordinários.

As informações de que dispomos permitem concluir, com relativa segurança, que estes recursos extraordinários, resultantes das despesas militares americanas na Europa, se manterão em alto nível nos próximos dois anos. E se daí em diante devem sofrer forte compressão, não desaparecerão completamente, porque são a consequência dos vínculos político-militares estabelecidos e cimentados entre a Europa e a América. Ao mesmo tempo é hoje outro o potencial de produção da Europa, como muito maiores são as possibilidades de concorrência desta produção.

A primeira grande medida que, no plano de cooperação, os países da Europa Ocidental tomaram foi a libertação, em fases sucessivas, do comércio

intra-europeu e a criação simultânea, por ser condição de base, é um mecanismo de comunicação dos sistemas monetários nacionais - a União Europeia de Pagamentos. Declarou-se então como objectivo imediato a integração económica da Europa: um mercado único, vasto e estável, e a especialização das produções.

Não teve o movimento de integração o acolhimento franco que, sem dúvida, esperavam, pelo menos, os autores dos seus planos: Sticker, Petche e Pella. Contra a integração se levantaram, imponentes e passivas, aquelas muralhas que são uma das constantes da história da Europa.