tão bem sabe compreender e dominar os mais diversos ramos do pensamento humano, sempre ao serviço do engrandecimento da Nação.

E por estas razões, Sr. Presidente, eu quero aqui afirmar que, para honra nossa e prestígio do Estado, o problema habitacional do Porto, problema de tão funestas consequências para a vida e saúde da população -vida com saúde é a maior riqueza do homem-, precisa de ser solucionado.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Problema da máxima objectividade social e política, tem de ser encarado à face da higiene e da moral, como legítima aspiração de um povo que neste último quarto de século tem. sabido mostrar ao Mundo de quanto é capaz na luta pelo seu progresso, pelo seu engrandecimento.

O problema das casas pede solução urgente, e tê-la-á, como tem sucedido a tantos outros resolvidos definitivamente nas últimas décadas.

Vozes: - Muito bem !

incêndio, bairros que se estendem de norte a sul do País, mas que não chegam para satisfação das necessidades da grei.

É preciso trabalho constante e persistente para debelar a falta, que se faz amargamente sentir, de casas modestos, limpas e higiénicas, que possam ser utilizadas pêlos operários das profissões menos rendosas.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Moa não só esta, mas ainda a classe média, tão diminuída nos seus recursos, tão inferiorizada na sua economia, tão desfalcada na sua vida precária e difícil, sofre da falta de alojamento condigno.

O Decreto n.º 23 052, de 23 de Setembro de 1333, bem merece ser apontado como base inicial instituidora do sistema de casas económicas, que é preciso continuar em larga escala.

As habitações infectas, as «ilhas» imundas, os bairros construídos de madeira podre e cobertos de lata ferrugenta, as casas - antros miseráveis sem luz, sem água, sem esgoto- superlotadas, onde a vida toma aspectos de inconcebível miséria, repugnantes, numa promiscuidade degradante, precisam de ser demolidas, arrasados, queimadas. Ë necessário que das suas ruínas e das suas cinzas surjam habitações construídas sobre um mínimo fie condições compatíveis com a existência humana. Habitações obedecendo a princípios gerais de salubridade física e moral, anima ordem social verdadeiramente cris tã.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Outros, antes de mim, se ocuparam já, desenvolvidamente e com mais brilho, deste problema d* tanta actualidade, sendo de justiça, destacar o aviso prévio sobre este assunto efectuado pelo Deputado Sr. Eng. Amaral Neto e Deputados que nele participaram: Mons. Carreto, Srs. Manuel Vaz e Miguel Bastos o D. Maria Leonor Correia Botelho.

A imprensa largamente tem ventilado tão grave problema. Apraz-nos recordar aqui a campanha, a todos os títulos admiravelmente conduzida, que o jornal O Século sustentou, pela pena justiceira de um dos seus mais prestigiosos redactores, que em termos vigorosos, em seis memoráveis artigos publicados em editorial, soube retractar as t«ilhas » do Porto como «antecâmaras de cemitérios onde se morre de tudo e lentamente».

E não pode esquecer-se a acção (persistente e contínua da Liga de Higiene e Profilaxia Social, numa actividade a que tem dedicado o carinho e o interesse próprios dos grandes problemas sociais, que com tanta inteligência sabe equacionar.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Estou plenamente convencido de que o Sr. Presidente do Conselho, apesar das suas inúmeras, constantes e bem justificadas preocupações, se tem já debruçado sobre este assunto, meditando no aspecto de gravidade que reveste.

O que se tem feito representa um notável esforço do Governo, que é preciso louvar e continuar, mas olhando o Porto nas suas características especiais, como terra do País onde a miséria de habitação é mais acentuada, no duplo aspecto de higiene social e moral.

O Sr. Presidente do Conselho sabe bem que o País inteiro lhe dispensa a. máxima confiança e espera ver continuada essa política social, que faça vir até nós aqueles que, enganados, olham outros ideais como remédio para os males de que a humanidade sofre, quando a terapêutica existe ma satisfação das reivindicações que a nossa doutrina encerra.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Realmente o comunismo é força organizada que sabe inteligentemente explorar, com maldade, a miséria do povo.

E a solução do problema tem de ser encontrada pela nossa vontade, pelo 'nosso esforço, pelo nosso sacrifício material, ao serviço dos nossos ideais de assistência e caridade cristã, bem praticada e bem conduzida.

Sr. Presidente: evidentemente que problema de tão grande amplitude exige estudo perfeito, completo, demorado, sem improvisações, sempre condenáveis. O Estado, pela acção dos seus organismos técnicos, pode e deve encaminhá-lo na sua finalidade.

Cabe ao Governo tão árdua tarefa, orientando, legislando e fornecendo os meios compatíveis com obra de tão elevado mérito.

Só o Governo pode fazer face a empreendimento de tão grande envergadura, e aguardamos confiados, a sua ordem de execução, como sempre tem sucedido.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Ë de inteira justiça afirmar que a nenhuma entidade mais do que a Câmara do Porto com-