O Orador: - Assistimos, pois, ao aparecimento oficial da comunidade luso-brasileira - já existente em potência e agora, por vontade expressa dos dois Governos, prestes a existir em acto. Já a vimos aliás, em noto, quando há poucos meses, mal se desenhou a traiçoeira e injustificável agressão contra a soberania portuguesa no Estado da índia, logo o Brasil se colocou ao nosso lado e nos deu provas inesquecíveis da solidariedade mais espontânea e mais fraterna.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E ó u altura de encararmos a segunda pergunta formulada atrás: que poderá trazer ao Mundo actual a comunidade luso-brasileira?

Atravessa justamente o Mundo uma das suas maiores crises de todos os tempos, crise de tal forma intensa e complexa que será difícil abarcar-lhe toda a amplitude. Salazar condensou num dos seus grandes discursos:

O que Está em crise e provoca a crise são os conceitos básicos do homem e da sociedade, o desgaste, esquecimento ou inobservância das regras que se impõem à vida humana, o desmoronamento a armadura moral da civilização . . .

menos perigoso do que o fabricante de utopias. E bem o mostram as lições da história: o mal é que as heresias nasçam nos domínios do espírito; uma vez nascidas e divulgadas, encontram sempre exércitos para se porem ao seu serviço. A «maior heresia da nossa idade», como Salazar lhe chamou, tem ao seu serviço porventura o maior de todos os exércitos. E apetece repetir, no entanto, à maneira de Bainville: Marx e Lenine são mais perigosos do que os laboratórios e os generais soviéticos - as forças de destruição material, por terríveis e devastadoras que sejam, nunca chegam a ser tão nocivas como as forças de destruição espiritual e moral do materialismo totalitário.

E é aqui, precisamente, que melhor será lícito avaliar o papel que nos cumpre desempenhar na imensa batalha do nosso tempo. Que nela nos cumpre desempenhar - a nós e ao Brasil.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Acima, porém, da sua importância material, digna de respeito e atenção, mas que nem de longe se compara às enormes coligações dos Três Grandes ocidentais ou da Rússia e seus satélites da Europa e da Ásia, o que a comunidade luso-brasileira, juntamente com o bloco peninsular, pode trazer ao Mundo atormentado e incerto suo as armas decisivas contra o seu inimigo maior.

A negação total do comunismo, em todos os campos, só se pode responder com uma afirmação total. Essa afirmação total apenas é capaz de inteiramente a encarnar e a viver a catolicidade de Portugal, do Brasil e da Espanha.

Vozes: - Muito bem!

Cada dia nos obriga com maior clareza a abandonar transigências, hibridismos, compromissos, e a merecer a salvação por uma fé sem limites e uma coragem sem reservas. À negação total do comunismo, que quer ser materialismo deicida, a afirmação total que opomos é u do espiritualismo teocêntrico.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E todo o resto virá por acréscimo. Porque, mo fundo, quanto a mim -e sem ignorar o que dignificava, quando foi apresentado no título do livro famoso de Henri Massis, o lema da «defesa do Ocidente», hoje adoptado pelas assembleias internacionais-, a posição de simples defesa será insuficiente, ficará abaixo das responsabilidade* espirituais e históricas dos que, certos da verdade absoluta em que crêem, devem levar o Ocidente a retomar, em seu nome, a iniciativa e a ofensiva.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - Nessa luta invisível de que hão-de defender os destinos da humanidade talvez para séculos - e em que o choque das forças armadas, a dar-se, constituirá, unicamente o aspecto visível- Portugal e Brasil, portadores de uma fidelidade que nada abala ou destrói, ocuparão um posto de vanguarda e serão exemplo e estímulo para os outros povos. Só pela doutrina que professa-mos -na qual, sob o primado do serviço de Deus, se inserem as normas éticas e políticas de uma autoridade forte e estável, da garantia das liberdades justas a todos e a cada um, da colaboração social na disciplina e na jerarquia -, só por esta doutrina se pó-