mortos e apreço pêlos vivos, sabe-me bem citar os nomes de Getúlio Vargas, Presidente Café Filho, Vicente Rao, Raul Fernandes, Olegário Mariano, Neves da Fontoura, Pedro Galmon, Gustavo Barroso, Euclidea da Cunha, Gilberto Freire, Graça Aranha, Menotti del Pichia, Plínio Salgado, Tristão de Ataíde, António Austragésilo, Assis Chateaubriand, João Emerenciano, Paulo Tacla, José Lins do Rego, Álvaro Lins, e tantos, tantos mais . . .

Numa revoada de saudade e muito comovidamente recordo ainda João do Rio, o incansável pioneiro da aproximação luso-brasileira, e o inolvidável Afrânio Peixoto, campeão estrénuo da lusitanidade. Que grande brasileiro, mas também que extraordinário português pelo coração, Sr. Presidente, foi Afrânio Peixoto!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E com profunda emoção que evoco este enfeixamento de acrisolado amor, de verdadeira idolatria pelo Brasil e não menos por Portugal, bem expresso nestas suas tocantes palavras alusivas aos naturais dos dois países: c Nem nós poderíamos ser nada sem eles, porque somos eles no sangue e na memória; nem eles já serão possíveis sem nós, o filho grande e amado que criaram com o sangue e com a memória». Referindo-se uma vez mais a Portugal e aos Portugueses acrescentava: «. . . essa terra e esse povo cuja glória é ter feito da sua vida uma história; do seu trabalho um heroísmo; do seu amor uma duração». E na dedicatória das Maios e Estevas escreveu:

A paixão de Dom Portugal foi esta terra do Brasil. Desde o começo, e não era nada senão florestas ínvias e índios bravos. Mas teimou; aqui estabeleceu o seu cuidado. Embora outros interesses o solicitassem, a preferência sempre foi o Brasil. E ainda hoje os Portugueses vêm e lá estão trabalhando, sofrendo, pelejando, amando a terra e a 'gente como outrora, missionários, bandeirantes, mineiros, defensores, nossos pais, nossos irmãos, nossos amigos, nossos colaboradores.

Este grande vulto da medicina, das letras, em suma, do pensamento brasileiro, Sr. Presidente, falou por ele e por nós, pela multidão imensa de Portugueses, de todas a» classes e condições sociais, vivendo e labutando sob o Cruzeiro do Sul ou debaixo do céu azul de Portugal, uns e outros bendizendo e abençoando a bela terra do Brasil e a sua boa gente. Especificar nomes, para quê? Simbolizo a sua multiplicidade na figura prestigiosa de Salazar e ninguém p iguala e muito menos suplanta na compreensão, na justiça, na exaltação, na afectuosidade e quase ternura consagradas a tudo o que concerne u grandeza, prosperidade e glória do Brasil.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Escutamos ontem Salazar. Ouçamos de novo o nosso Presidente do Conselho, cuja voz sóbria, feita de sinceridade e de justeza, tem sempre tons proféticos e é veículo de certezas que o tempo nunca desmentiu. Disse um dia, já muito recuado, S. Ex.ª:

únicos os sentimentos fraternos que nos unem.

E quando, a propósito da celebração das festas centenárias, em 1940, Salazar fazia alusão a quem devia viver em comunhão connosco a grandeza e a beleza da memória dessa dupla data histórica exprimia-se por esta forma:

Ao Brasil é devida referência especial, pois, seja qual for a parte que nas comemorações centenárias queiram tomar outros' estados, não podemos dispensar na gloriosa festa a presença, a participação, o concurso permanente e activo do Brasil.

A história dos dois povos é comum até ao alvorecer do século XIX, e quando os dois reinos se separaram fizeram-no em termos que não têm paralelo na história.

A atitude constate de Portugal para o Brasil desde o dia da nossa bifurcação no vasto Mundo é a de terna e carinhosa solidariedade. Orgulhamo-nos tão naturalmente de quanto empreenderam os nossos antepassados como do que fizeram e têm de fazer os nossos descendentes.

A nossa língua é a sua língua, e, enquanto Portugal continental é estreita nesga de terra onde não poderão caber senão uns escassos milhões de almas, o Brasil é quase um continente, um mundo novo, e dele jorrarão pêlos séculos .adiante torrentes de humanidade, em .cujas mãos estará bem entregue o' tesouro d as tradições de que hão-de ser herdeiros em sagrada partilha connosco.

Prosseguindo, afirmava:

Queremos que o encontro dos dois povos seja tão efectivo e intenso como nunca o foi e que o Mundo seja testemunha do que é o Brasil na história.- uma das suas páginas mais belas e a sua mais extraordinária realização - e do que é Portugal para o Brasil - a fonte inicial da sua vida, a pátria da sua pátria.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: a transcrição que acabo de fazer foi longa, mas dá gosto, verdadeiro gosto, não perder o ensejo de tornar a meditar sobre a pureza e a elevação destes nobres pensamentos, vazados no mais belo português que jamais pôde escrever-se. Não posso resistir a escutar, de novo, esse oito espírito de estadista insigne, que é o nosso Presidente do Conselho, quando há cerca de uma década avisadamente proclamava:

. . . Ora as circunstâncias estão-se conduzindo de forma que um dos maiores centros da política mundial, sobretudo enquanto os Estados Unidos entenderem do seu interesse ou do seu dever ajudar a Europa a levantar-se das ruínas da guerra, situar-se-á pela própria força dos coisas no vasto Atlântico, e só por esse motivo os países ribeirinhos serão chamados a um papel preponderante: a Inglaterra,