do molhe-cais destinado à acostagem de lanchas e batelões sem dependência da maré.

A população de S. Tomé ficou satisfeita com esta solução e eu associo-me ao seu contentamento.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A obra é constituída por um terrapleno de forma trapezoidal, com 300 m de cais acostável e 47 000 m2 de área, para serviço do porto e construção de edifícios. A distância de terra ao fundeadouro passará a ser cerca de metade da que é presentemente, pelas razões seguintes:

Os grandes navios, como já disse anteriormente, vão fundear em frente da fortaleza de S. Sebastião, a 5 braças de fundo; a distância do fundeadouro à fortaleza é metade da distância do mesmo fundeadouro às pontes-cais, e como o molhe que vai ser construído fiou situado junto àquela fortaleza, resulta que assim se reduzirá a metade o percurso das lanchas e batelões no porto de S. Tomé.

Sr. Presidente: desistiu-se de outras soluções e da hipótese do cais acostável a navios de longo curso. Podemos dizer que triunfou o bom senso.

Há muitos anos se chegara à conclusão de se considerarem economicamente irrealizáveis as obras dispendiosas que seria necessário realizar para construir em S. Tomé um cais acostável aos navios de longo curso.

O número de navios entrados em cada ano é, em média, de cerca de 80 nacionais e 25 estrangeiros.

A carga anualmente embarcada anda por 20 000 t e a desembarcada por 33 000 t.

Quanto ao movimento de passageiros, pode dizer-se que a média anual é de 090 passageiros desembarcados, 570 embarcados e 23 000 em trânsito.

Vê-se, pois, claramente que nem o número de navios que normalmente demandam o porto, nem o volume da carga e descarga dos produtos e mercadorias, nem o movimento de passageiros justificariam a elevadíssima despesa com as obras para a construção de um cais acostável a navios.

A população de S. Tomé, que conhece bem o seu meio e os recursos da província, tem mais modestas aspirações. Ambiciona uma solução rápida e prática - aquela que o Governo deu: conveniente aproveitamento da baía de Ana Chaves, do porto da sua cidade, com obras para atracação de lanchas e batelões e melhoria do serviço, para abreviar as operações do tráfego.

Mas, se esta aspiração de S. Tomé era assim tão simples e fácil de satisfazer, tendo especialmente em atenção as condições favoráveis da época espantosa de melhoramentos que o ultramar está atravessando, perguntar-se-á com toda a razão: onde se encontram então os merecimentos na escolha da solução? Que motivos haverá para a população manifestar o seu contentamento e entender que triunfou o bom senso com a resolução ministerial?

A estas perguntas irei responder.

A população de S. Tomé, e particularmente a da cidade, esteve sèriamente ameaçada de perder o seu porto. Pelos preparativos a que assistiu, julgou que o porto de Ana Chaves seria fatalmente substituído pelo porto a construir na praia de Fernão Dias, situada a 12 km da cidade.

Os receios bem se justificavam e caíram pesadamente sobre os habitantes da cidade, os comerciantes e os agricultores cujos interesses se acham ligados ao seu porto, até que a resolução do Govern o, mandando construir o molhe-cais no Espalmadouro, junto à fortaleza de S. Sebastião, a todos foi aliviar do tormento que sobre eles pesava.

Vozes: - Muito bem!

onte de importação.

A estas sucessivas soluções outras se seguiram depois que, em 1917, uma missão hidrográfica realizou os seus estudos na baía de Ana Chaves.

Surgiram então mais três hipóteses: um molhe dentro da baía, em frente do Espalmadouro, com a extensão de 300 m e a largura de 60 m, acostável a navios pelo lado norte, com um canal de acesso que seria dragado até 8,5 m de profundidade; uma ponte-cais, em forma de L invertido, por fora da fortaleza de S. Sebastião, fazendo os navios a acostagem nos dois ramos interiores do L às profundidades respectivas de 7,5 m e 8,5 m; e ainda a hipótese da ponte-cais anterior, em forma de L invertido e com as mesmas dimensões, mas construída em local diferente do projecto anterior, em frente das ruínas do forte de S. Jerónimo, e dirigida mais para noroeste, sendo os edifícios da instalarão do porto construídos em recinto fechado ao fundo da enseada da Praia Pequena.

Ultimamente, em 1951, a missão hidrográfica que foi à ilha de S. Tomé levantar o plano das suas principais baías verificou que na pequena baía de Fernão Dias se poderia construir um cais acostável em direcção perpendicular à costa.

Na praia de Fernão Dias desagua o rio do Ouro e há muito tempo é utilizada para serviço de embarques pela Roça Rio do Ouro, que aí tem uma ponte.

Consta que no seu ancoradouro foi outrora costume fundearem os navios de guerra ingleses em cruzeiro, para se aprovisionarem de água doce e darem descanso às tripulações.

Mas bastou que se indicassem algumas vantagens de Fernão Dias sobre a baia de Ana Chaves para imediatamente ser posto de parte o tradicional porto de S. Tomé e as atenções se desviarem para Fernão Dias.

Desde logo esta solução criou alguns adeptos pela possibilidade que a baía de Fernão Dias oferecia de se poder adaptar à atracação de grandes navios; de estar abrigada da calema pelo ilhéu das Cabras: e para já apresentava a vantagem sobre a baía de Ana Chaves de ficar mais próximo de terra o fundeadouro dos navios.

Porém, Sr. Presidente, este entusiasmo foi efémero. Em breve se reflectiu nas duas grandes desvantagens de Fernão Dias em relação à baía de Ana Chaves: a praia de Fernão Dias fica distanciada 12 km da cidade que teria de servir e está abertamente exposta à direcção dos tornados.

A população da cidade nunca poderia agradar que lhe desviassem o porto para tal distância.

A sua vida está ìntimamente ligada à actividade do porto. E por isso é que a população se apercebeu ime-