diatamente das dificuldades de transporte entre o futuro porto de Fernão Dias e a cidade; das dificuldades de armazenagem; das perdas de tempo, com demoras inevitáveis pelo afastamento desse porto, e de tantas outras contrariedades que surgiriam fatalmente devido a tal porto ficar bastante afastado da cidade.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Todos sentiriam os seus efeitos se vingasse a ideia do porto na praia de Fernão Dias; mas não à dúvida de que o comércio e a agricultura seriam as actividades mais lesadas nos seus interesses.

Mas tenho de dizer, Sr. Presidente, que não foi sòmente a população de S. Tomé que se declarou contra a instalação do porto naquela pequena baía desabrigada dos tornados e muito afastada da cidade.

Foram os próprios serviços do Ministério do Ultramar de se manifestaram contràriamente a essa ideia.

Há que prestar a devida justiça aos respectivos serviços técnicos da Direcção-Geral do Fomento do Ultramar, que não concordando com a ideia do porto a erguer um Fernão Dias, a souberam combater com argumentos decisivos.

A ideia foi sugerida com a mais louvável intenção, em resultado de observações feitas, que admitiram a possibilidade da construção de um cais acostável a navios de longo curso.

Realmente a praia de Fernão Dias seduz, porque há noticia de nas su as águas terem ancorado antigamente navios de guerra ingleses de cruzeiro, nela existe uma ponte com guindaste e apresenta-se com os pontos defensáveis a que já tive ocasião de me referir; mas não é solução de aceitar, pelas razões que expus.

O entusiasmo pela praia de Fernão Dias, para nela ser construído o porto, teve realmente curta duração; mas, apesar disso, ainda fez surgir mais soluções, que vieram aumentar o já elevado número das que havia pura resolver o problema portuário de S. Tomé.

No auge do arrebatamento por aquela praia, com fundos próximos da costa, criaram-se mais três hipóteses para resolver o problema portuário, as quais poderei resumidamente enunciar deste modo: solução única de Fernão Dias: solução simultânea de Fernão Dias e Ana Chaves, com obras acostáveis a lanchas e batelões naqueles dois portos, e escolha de Fernão Dias para embarque e desembarque de passageiros.

Sr. Presidente: se a estas soluções recentes juntarmos aquelas que já anteriormente existiam, far-se-á uma ideia aproximada das dificuldades de dar boa resolução ao problema.

Não pode, pois, haver dúvida de que o problema portuário de S. Tomé se apresentou ao Governo num emaranhado tal de soluções que parecia difícil e até impossível fazer a destrinça e optar pela solução mais aconselhável.

Afinal tudo foi resolvido da melhor maneira.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Apesar de todas as complicações e dificuldades que se apresentaram, a boa colaboração da Direcção-Geral do Fomento, da missão hidrográfica, do conselho técnico e do autor do projecto permitiu que se chegasse à melhor solução compatível com o movimento comercial do porto, com os fundos da baía de Ana Chaves, com os abrigos naturais contra a calema e contra os tornados, com a maior aproximação da zona do fundeadouro dos navios, com espaço destinado aos edifícios do porto e ainda com a grande vantagem de o porta ficar situado junto da cidade de S. Tomé.

O Governo pode orgulhar-se de ter optado pela solução mais prática e mais consentânea com a vontade geral da população da província.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Agnelo do Rego: - Sr. Presidente: mais do que por cumprir um grato dever de cortesia, é por bem sincera e respeitosa admiração que apresento a V. Ex.ª os meus cumprimentos ao usar pela primeira vez da palavra nesta sessão legislativa.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Certo do vosso aplauso e da vossa congratulação, esse eco só pretende dizer-vos, simples mas profundamente, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que a ilha Terceira, onde João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett deu os primeiros passos da adolescência e onde recebeu, por assim dizer, o baptismo das letras, a ilha Terceira dos Açores, em que ele deixou para sempre o coração preso, mais do que tudo, aos ossos de seus pais, e da qual foi tido por natural, até no próprio bilhete de enterramento, a ilha Terceira que ele, poeta, cantou e onde escreveu alguns dos seus versos, a portuguesíssima, ilha Terceira que ele, político, serviu, considerando-a sua terra adoptiva, preferindo ser Deputado pelo respectivo distrito e defendendo ardorosamente a causa dela, a ilha Terceira, digo, tinha, efectivamente, o direito (que exerceu com inexcedível brilho) de estar presente, como esteve, em ocasião tão solene da vida cultural da Nação.

Como Deputado por Angra do Heroísmo não posso deixar de exteriorizar o meu sentido regozijo por tal facto.

Vozes: - Muito bem!