Não sabem, em geral, utilizar com proveito a ferramenta matemática que lhes foi fornecida.

A meu ver, esta deficiência provém de os métodos pedagógicos não serem o que deveriam ser. Por isso acharia de grande oportunidade o envio de delegados portugueses a esses colóquios internacionais. Além disso marcaríamos mais uma vez a nossa posição no domínio da colaborarão internacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Estou informado de que o referido centro internacional de estudos pedagógicos nos ficará muito grato se lhe dermos a nossa colaboração.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Continua o debate sobre o aviso prévio realizado pelo Sr. Deputado Amaral Neto.

Tem a palavra o Sr. Deputado Amorim Ferreira.

O Sr. Amorim Ferreira: - Sr. Presidente: desejo submeter algumas considerações sobre o importante assunto de administração pública a que se refere o aviso prévio que o nosso colega Amaral Neto efectivou com a profundidade a que já estamos habituados pelas suas intervenções anteriores. Começarei também por considerações de carácter geral, que servirão de base ao tratamento posterior de alguns pormenores.

No sistema geral das vias de comunicação, que inclui os caminhos de ferro, rios e canais, a navegação marítima e a navegação aérea, as estradas são um instrumento poderoso de riqueza e um factor importantíssimo da vida, com influência directa e imediata em todas as actividades humanas, praticamente sem excepção. Não disponho de informações análogas quanto a Portugal; mas na Inglaterra o secretário parlamentar do Ministro das Obras Públicas informou a Câmara dos Lordes, em 1952, de que 70 por cento das mercadorias eram transportadas por estrada e que do custo global dos t ransportes naquele país em 1950 mais de 75 por cento correspondiam a transportes por estrada, com tendência para subir. Deve notar-se que a Inglaterra dispõe de uma excelente rede ferroviária, com serviços de exploração francamente satisfatórios e bem organizados.

Os problemas da estrada interessam, por isso, a todos nós, como contribuintes, que suportamos os encargos da sua construção e manutenção e da fiscalização do trânsito, e como usuários da estrada nas nossas actividades pessoais de cada dia, a pé ou transportados, e nas actividades gerais da nação: económicas, militares e outras.

O aparecimento e a expansão rápida do automóvel alteraram profundamente a escala dos valores e as condições de utilização da estrada. Antigamente as pessoas deslocavam-se por necessidade e actualmente as pessoas têm necessidade de se deslocar. Mas a substituição, embora parcial, da tracção animal pela tracção mecânica e o novo regime de circulação que resultou de o automóvel se ter transformado em instrumento indispensável à vida económica e cultural do homem fizeram pesar sobre nós todos uma ameaça constante e altamente perigosa.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Com o cuidado de não abusar dos números submeto uma pequena estatística sobre o que se tem passado nos últimos sete anos em Portugal -território do continente - quanto a veículos automóveis em circulação, acidentes e vitimas:

(ver tabela na imagem)

Em 1947, com 65 635 veículos automóveis em circulação, houve 11 264 acidentes, com 480 mortos e 2228 feridos gravemente. Seis anos depois, com 114 063 veículos em circulação, houve 15 876 acidentes, com 566 mortos e 3403 feridos gravemente. O número de acidentes e vítimas não tem aumentado proporcionalmente ao número de veículos automóveis em circulação; mas a situação exige evidentemente, necessariamente, uma disciplina rigorosa na utilização da estrada.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não é ùnicamente o conceito da salvaguarda da vida humana, que é sagrado, a exigir uma disciplina rigorosa dos usuários da estrada; é também o factor económico que a impõe.

Uma rede de estradas só pode considerar-se em boas condições se permitir velocidades médias constantes de circulação, sem engarrafamentos nem perigos para o trânsito, com qualquer estado do tempo. As estradas más do ponto de vista do traçado, do estado de conservação e da possibilidade de circulação agravam enormemente o custo do transporte das pessoas e dos produtos, encarecem a vida e dificultam o desenvolvimento económico. Todos o sabemos; mas não posso deixar de insistir e concretizar.

A Federação Internacional da Estrada tornou público, como resultado de estudos realizados, que o custo do transporte automóvel de passageiros se agrava em mais de 1$ por quilómetro se o percurso obrigar a frequentes paragens e reduções de velocidade, provocadas por curvas apertadas, má pavimentação, engarrafamentos e obstruções da estrada. Quem sofre com este agravamento do custo dos transportes?

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Deste ponto de vista, temos entre nós, bem recente, um pequeno exemplo. Na estrada nacional n.º 10, que dá escoamento ao tráfego intenso de passageiros e mercadorias entre Lisboa e a península de Setúbal, executaram-se recentemente duas variantes.

A variante de Cacilhas ficou excepcionalmente cara: 7500 contos, por causa das expropriações, que importaram em 5400 contos; mas eliminou um troço de estrada de largura reduzida, que atravessava a povoação e obrigava a uma marcha muito lenta e a paragens pela dificuldade dos cruzamentos.

Todos nos lembramos ainda do que era a saída de Lisboa para o Sul, só comparável às velhas azinhagas do Areeiro, que há poucos anos ainda eram a principal saída de Lisboa para o Norte.