O Orador:- Há apenas uma diferença. A exibição do ódio, as atrocidades e as brutalidades do bloqueio da Alemanha, o Sr. Nehru condena-as; a exibição do ódio, as atrocidades e as brutalidades do bloqueio da Índia Portuguesa pela União Indiana, o Sr. Nehru apoia-as com a sua autoridade de Primeiro-Ministro.

Quantum mutatus ab illo! ...

Vozes: - Muito bem!

(Nesta altura assumiu a Presidência da Mesa o vice-presidente, Sr. Deputado Augusto Cancella de Abreu).

Temos de admitir que a política do bloqueio económico, em vez de embaraçar a potência estrangeira, está a privar o nosso próprio povo dos elementos primários para a vida.

Mas nem por isso os dirigentes da União Indiana põem termo a uma tão odiosa represália. Não o permite a «pacífica» sanha de que eles estão possuídos.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- E, de facto, que valor podia ter a afirmação do Sr. Nehrn de que o caso de Goa seria resolvido por meio de negociações pacíficas? O chefe do Governo Português já declarara, por sua vez, que no caso de Goa não admitia nenhumas negociações acerca da transferência da soberania. E tanto assim que o Governo da União Indiana encerrou a sua legação em Lisboa, afirmando que a única razão de ser dessa legação era resolver a questão dos territórios portugueses da índia. Sendo assim, era lógico que se encerrasse a legação da índia, desde que o Governo de Portugal se recusava a entrar em negociações.

Em face de uma tão intransigente atitude do nosso Governo, como é que o Sr. Nehru insistia em dizer, ainda depois do encerramento da sua legação em Lisboa, que a questão que tanto o preocupava se resolveria por negociações pacificas, sem violências, sem medidas odiosas que desmentissem o pacifismo que se diz ser o lema do Governo da União Indiana?

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- Está-se mesmo a ver, em face dos factos que aponto, a dose de sinceridade que o Sr. Nehrn punha nas afirmações que fazia em relação aos territórios portugueses na Índia.

Se há meios pacíficos para quebrar a resistência do Governo Português, porque é que o Sr. Nehrn os não adopta, em vez de consentir que se exerçam tão revoltantes violências, de tão triste repercussão para os créditos do seu país em todo o Mundo?

Vozes: - Muito bem!

tugal que afeia o rosto da Índia. O que o afeia é a Goa perseguida, oprimida por processos desumanos que os «pacifistas» indianos adoptaram para a obrigar a render-se à sua vontade soberana.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

udindo a vigilância da polícia indiana. Oxalá que nas futuras incursões que já se anunciam a polícia esteia mais vigilante ...

Apoiados.

Mas voltando à proibição da inscrição dos Indianos no movimento dos «satyagrahis» contra Goa , teria o Sr. Nehru adoptado essa medida de iniciativa própria?

Tudo leva a dizer que não. O Sr. Nehru não ignorava, decerto, que nos territórios da União Indiana, designadamente em Bombaim e em Belgão, se planeava uma marcha sobre Goa. A imprensa e a rádio espalharam essa notícia aos quatro ventos com estranha persistência.

O Sr. Nehru não interpunha a sua autoridade para coibir uma tão destemperada manifestação de hostilidade contra Goa. Pelo contrário. Contribuiu para que se engrossassem as fileiras dos a satyagrahis» com a declaração que fez de que não toleraria que nenhum