Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Se a França, não quiser abdicar, é preciso, pois, que se defenda.

No artigo 5.º do Tratado do Atlântico Norte estabelece-se:

As Partes concordam em que um ataque armado centra uma ou várias delas na Europa ou aia América do Norte será considerado um ataque a todas, e, consequentemente, concordam em que, se um tal ataque armado se verificar, cada uma, no exercício do direito de legítima defesa individual ou colectiva, reconhecido pelo artigo 51.º da Carta das Nações Unidas, prestará assistência à Parte ou Partes assim atacadas, praticando, sem demora, individualmente, e de acordo com os restantes Países, a acção que considerar necessária, inclusive o emprego da força armada, para retomar e garantir a segurança na região do Atlântico Norte.

O Tratado foi assinado em Washington e continha a adesão de doze países, a que posteriormente se juntaram um Protocolo Adicional a Grécia e a Turquia, países que ela primeira vez intervieram nos trabalhos de coligarão na sessão do Conselho de Lisboa, em Fevereiro de 1952.

Dentro do espírito do Pacto «todos os cidadãos podem desempenhar a sua parte na tarefa de construção de uma verdadeira comunidade atlântica», e tal concepção deve associar todos os povos não oprimidos, para evitar a agressão ou até para a defrontar e resistir.

À Alemanha Ocidental não podia, pois, logicamente, ser excluída.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

científicos onde se forjavam as novas armas e às zonas estratégicas consideradas indispensáveis para um ulterior avanço na Europa, a Rússia, essa Rússia que fora ajudada com abundante material bélico - aliás escusado na opinião de certos observadores -, força na carta da amizade norte-americana, faz-se valer como um dos dois poderes mundiais existentes, anima a tese que defende o entendimento entre os dois poderes como o único meio de preservar a harmonia entre os povos, entra no grande quadro de definições e organizações para o arrumo e consolidação dos tratados de paz, julga sem o mínimo sobressalto de consciência os criminosos de guerra, recrutados entre os vencidos, e, depois de se assegurar do clima propício, usa e abusa do veto para destruir e envergonhar a acção das Nações Unidas; paralisa e embaraça as decisões de conjunto sobre os problemas do pós-guerra; mantém em armas milhões de homens; começa, em 1945, a dirigir os seus esforços de expansão contra a Turquia e, em 1946, contra o Irão; desencadeia na Grécia uma sublevação de grande estilo; fomenta nos países ocupados pelas suas tropas o contágio da ideia comunista; promove golpes de estado e eleições «infalíveis»; arranja partidários que, em 1947, tomam conta do poder na Hungria, na Bulgária, na Roménia, na Polónia e, em 1948, na Checoslováquia.

O Kominform e vinte e quatro tratados de assistência mútua assinados entre a Pérsia e os seus satélites e entre os próprios satélites adiantam e acreditam a política soviética.

O próprio solo nacional tem mais meio milhão de quilómetros quadrados à custa dos países bálticos, da Finlândia, da Prússia Oriental, da Polónia, da Checoslováquia e da Roménia.

E é então e só então que a teia das aparências cede à construção das realidades.

A América do Norte sente-se iludida, compreende o imenso erro da sua boa fé. A «ilha» de Berlim, rodeada de russos por todos os lados, emergiu deste tremendo drama.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Agora a América já não podia considerar a propósito o desgosto ou a insatisfação da Rússia.

Tornava-se necessário dar à Europa uma estrutura capaz de resistir a todas as tentativas de subversão e absorção.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nem sequer a ideia de unidade era nova, se. remontarmos ao império de Carlos Magno e à comunidade de fé que na antiguidade medieval uniu o nosso continente no espírito das cruzadas e se levantarmos do curso dos séculos o rumor com que a preencheram alguns filósofos e homens de estado.

A monarquia universal, com os dois chefes - o Papa e o Imperador-, sucederam-se no domínio da pura teoria as soluções federalistas.

Recordo, entre muitas, a do abade Saint Pierre, o maior precursor, no seu «Projecto de tratado para tornar a paz perpétua entre os soberanos cristãos», publicado em 1712, e a do conde de Saint-Simon e A. Thierry, na sua «Reorganização da unidade europeia ou da necessidade de reunir os povos da Europa em um só corpo político, conservando cada um a sua independência nacional», datada de 1814, e onde se pode ler:

É preciso fazer sair o patriotismo para fora dos limites da pátria, considerar os interesses da Europa, construir o patriotismo europeu.

Recordo ainda a tirada de Vítor Hugo perante o primeiro congresso para a paz, realizado em 21 de Agosto de 1849:

Teremos os Estados Unidos da Europa, que coroarão o Velho Mundo, como os Estados Unidos da América coroam o Novo. O espírito da conquista transformado em espírito da descoberta, a pátria sem a fronteira, o comércio sem a alfândega, a juventude sem a caserna, a coragem sem o combate, a vida sem a morte, o amor sem o ódio.