Dizem-me que alguns dos meus ilustres colegas nesta Assembleia tratarão deste importante assunto, com a competência de que carece. Fico, pois, por aqui, fazendo votos de que para o caso se encontre a necessária solução.

enho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

Norte, cujo lugar se encontra aberto (apoiados) -, eu sinto a falta de alguém que conhecia as questões rurais como poucos, dispunha de uma excepcional inteligência e sabia afirmar os seus pontos de vista com a coragem de um lutador inato.

Sr. Presidente: nunca é de mais repetir, e sobretudo quando o Governo anda empenhado na valorização da nossa economia através de um plano do fomento, que a agricultura tem na economia portuguesa uma posição de verdadeiro destaque, pode dizer-se, até, a primeira posição.

É ela que nos alimenta, que nos fornece os valores da exportação, é a nossa principal ocupação e a fonte de rendimento da maioria dos portugueses.

É a agricultura, em resumo, num país pobre de recursos de outra natureza, a essência da vida dos nove milhões de portugueses.

Isto é uma coisa que anda na boca de Ioda a gente, não se põe mesmo em dúvida, mas deve ser dita e redita, para que ela comande no lugar próprio a política económica da Nação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A lavoura é bem a raiz de uma árvore que não se pode deixar enfraquecer, para que a árvore não venha a secar.

E surge perguntar o que se tem feito para não deixar secar a árvore.

O que se tem feito para se dar à árvore o vigor suficiente, a resistência aos furiosos vendavais que por vezes, a sacodem fortemente?

Muitos estarão de acordo em que se tem deixado a árvore bastante entregue às forças naturais, do, pouco lhe valendo as escoras postas a ampará-la nos momentos de maior oscilação.

Felizmente a natureza é forte e a árvore vai resistindo a tudo ...

A questão, porém, não é de escoras, é de fortalecimento da raiz.

Sr. Presidente: poucas vezes, a lavoura lerá tido a consciência dos seus deveres e das suas possibilidades como no momento presente.

Perante a ameaça de crise, ela uniu-se, estudou e discutiu os seus problemas e- apresentou-se perante o Governo, como os que nada devem e nada temem, isto é, de cabeça levantada, a pedir que a ouvissem.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Apresentou soluções. O Governo estudadas e tomou para já medidas de emergência.

Todavia, medidas de emergência ou de excepção não são o bastante. A gravidade do problema exige soluções definitivas. Não se pode viver permanentemente sob o espectro dos excessos de produção. Da colaboração da lavoura e da Assembleia Nacional, que o Governo mostrou interesse em ouvir - e nem sempre, infelizmente, isso acontece -, sairão as soluções definitivas, para tranquilidade da lavoura. O clima é francamente propício à conciliação dos diversos interesses em jogo. Mas que cada um se sacrifique um pouco no interesse comum. Que os maiores sacrifícios venham a caber aos que melhor possam perder, em benefício dos mais débeis. É um princípio de justiça distributiva, na base dos nossos comandos constitucionais, e uma necessidade de ordem económica e social.

Desse magnífico movimento da lavoura, verdadeiro despertar de quem tem vivido mergulhada num conformismo estéril, há uma l ição a tirar: a da urgente necessidade de se completar a sua organização corporativa.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Os grémios da lavoura, vivendo como têm vivido, só por si, isolados, sem recursos materiais suficientes para realizarem os seus fins essenciais, sem

mística, não servem bem a lavoura- nem contribuem para o indispensável prestígio da organização corporativa.

Só se me permite uma comparação, são vimes, varas separadas sujeitas a quebrar de um momento para o outro pela má vontade de alguns e a incompreensão da maior parte.

Urge uni-los, ligá-los entre si pela comunidade de interesses regionais, dar, em resumo, estatuto legal e ampla protecção às suas federações, credoras já de excelentes serviços no Norte e Centro do Pais, e das quais partiu este movimento de salvação da viticultura nacional, quem sabe se o 28 de Maio da viticultura nacional.

E, no entanto, incompreensivelmente, as federações têm apenas existência de facto, porque até agora, e apesar da simpatia e do apoio dos organismos técnicos e políticos, que ostensivamente as amparam e acarinham, continua-se-lhes a negar, ou a demorar, a aprovação oficial.

O movimento dos grémios da lavoura, no sentido de esclarecer e resolver o problema vitivinícola, movimento, repito, nascido das suas federações, mostra até que ponto a organização corporativa é indispensável à conveniente solução dos problemas da nossa agricultura.

A organização convém à lavoura porque só através dela será ouvida e atendida; serve o Governo pela colaboração de organismos responsáveis, profundamente conhecedores dos problemas e de cuja lealdade não será lícito duvidar-se.

Arrisco a afirmação de que, se a lavoura estivesse devidamente organizada, na hierarquia das suas federações e das suas corporações, nunca o problema vitivinícola teria tomado o aspecto de crise, cujas soluções irão certamente impor-lhe novos sacrifícios.

Vozes: - Muito bem!