aguardar serem redescobertos pelos continentais de hoje. Não será, porém, isto necessário, e bastará apenas que sejam mais conhecidos e melhor compreendidos para serem logo mais amados e melhor servidos.

Entretanto, apesar das incompreensões, eles lá estão e continuarão inabalàvelmente fiéis à nossa vocação histórica, desempenhando agora -particularmente a ilha Terceira, sede do distrito de Angra- honrosa missão ao serviço da paz mundial, e, como sempre -servindo-me da imagem eloquente de um grande orador-, interpostos, como marcos milionários, entre o Velho e o Novo Mundo, a atestar ao Novo o que foram e ainda são as glórias do Velho.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente:-Continua em discussão o aviso prévio do Sr. Deputado Paulo Cancella de Abreu. Tem a palavra o Sr. Deputado Melo Machado.

O Orador: - É como V. Ex.ª diz, mas eu já não me atrevia a pedir mais.

Fico satisfeito porque o Governo tenha sentido a necessidade de suspender o plantio, reconhecendo que a forma por que ele se está fazendo poderia trazer graves e perturbadoras horas à economia deste Pais.

O Sr. Camilo Mendonça:-V. Ex.ª dá-me licença? ...

O Orador:-Com muito gosto.

O Sr. Camilo Mendonça: - Confesso que dentre as várias teses que tenho aqui visto apresentar ainda não cheguei bem a inteirar-me num ponto: se se responsabiliza um possível excesso de plantio pela crise que se verifica no escoamento de vinhos; se há dois problemas que aqui se apresentam lado a lado: um, presente, de momento e devido a circunstâncias que não interessa agora profundar, e se traduz na queda dos preços, e outro, o do plantio, cujos reflexos serão, porventura, futuros...

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Camilo Mendonça: -... ou se estes dois se somam e, neste momento, se representam no mesmo: o plantio responsável pela superprodução existente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Efectivamente não seria legitimo responsabilizar o plantio pela crise actual.

O Sr. Paulo Cancella de Abreu: - Já está influindo; mas será responsável especialmente pelas graves crises futuras, mesmo que estejamos apetrechados para as enfrentar e não haja escoamento possível.

O Orador:-A crise actual provém de dois anos de colheitas boas sem serem excepcionais. Neste aspecto respondo a uma afirmação pública do Sr. Ministro da Economia, em que dizia que o plantio estava na ordem dos 3 por cento, e, por consequência, isso não podia ter influência na crise vinícola.

Os números apresentados pelo Sr. Ministro da Economia são estatísticos, mas a realidade é que duas colheitas abundantes foram suficientes para lançar a viticultura nacional numa grave e perigosa, situação.

Se as plantações efectuadas ultimamente pesarão ou não na produção, o tempo o dirá e dentro de poucos anos o Pais verificará onde está a verdade.

Sr. Presidente: eu sou por vezes vivo na crítica e até um Ministro da Economia chegou a dizer, numa reunião circunscrita a um organismo corporativo, que eu era um Deputado com a língua muito comprida. Todavia, tenho o prazer e a satisfação de afirmar que a forma por que S. Ex.ª o actual Ministro da Economia soube estar atento, oportuno e objectivo em relação a este problema merece os nossos melhores louvores.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Sr. Presidente: nestas palavras não vai envolvida a muita amizade que tenho por S. Ex.ª, porque, mesmo amigo como sou, não teria dúvida em dizer a S. Ex.ª o que pensava, se porventura fosse contrário ao meu modo de ver, mas a verdade é que S. Ex.ª soube ser oportuno, soube ser objectivo, e eu sei que para tal precisou necessariamente de ser decidido e corajoso, motivo por que não posso regatear a S. Ex.ª os louvores que merece.

Não fez tudo o que a viticultura queria nem como queria? Era seu desejo em primeiro lugar fazer terminar o marasmo dos negócios em que o mercado de vinhos se encontrava e, em segundo lugar, fazer atingir ao menos o preço mais alto que a Junta havia marcado para as intervenções em vinho de consumo, preço que devia funcionar como limite de baixa e não como preço efectivo para o comércio; todavia alguma coisa já se alcançou.

As medidas tomadas por S. Ex.ª o Ministro da Economia, segundo informações que tenho, parece já terem produzido os seus efeitos, pois efectivamente se activou o comércio de vinhos e parecem subir em certa medida os preços que se estavam fazendo. Se esse era o objectivo, creio que se chegou, com a resolução adoptada, pelo menos em parte àquilo que se pretendia.

A extrema irregularidade do nosso clima produz de certo modo igual irregularidade das colheitas vinícolas, e essa mesma irregularidade ajuda a actuar o sistema que a actual situação encontrou para acudir às crises vinícolas.

Vou mostrar um gráfico das produções vinícolas dos últimos quarenta anos; vai de 1915 a 1954.