investigarão u à experimentação recebeu auxílio valioso.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não nos iremos referir já ao problema da filoxera, da luta contra o oídio ou míldio, mas apenas a problemas postos recentemente à investigação agronómica portuguesa.

De entre estes é justo citar os progressos realizados o as soluções encontradas pela Estação Agronómica Nacional no estudo das degenerescências infecciosas da videira, que ameaçam, lenta mas progressivamente, subverter a viticultura nacional, e os trabalhos em curso para o estabelecimento do viveiro vitícola nacional, único meio de garantir à lavoura a possibilidade de aquisição de porta-enxertos identificados e sãos; a cura encontrada para o grave problema da «maromba» do Douro, já centenário, pelo tratamento com o boro; os trabalhos de melhoramento da videira no que se refere à obtenção de clones de vitisninifera resistentes ao míldio, bem como os prometedores resultados na obtenção de castas de boa produtividade, elevado teor sacarino ou tintureiras, cuja qualidade ainda é necessário averiguar , bem como alguns elementos das experiências em curso sobre a influência do porta-enxerto na produtividade da custa.

As degenerescências infecciosas da videira -o «urticado» ou «nó curto» e a «clorose infecciosa» -, correspondendo a duas viroses distintas, vão alastrando continuamente e provocam reduções nas colheitas, que nalguns casos, conforme os anos, chegam a atingir 70 por cento. Entre as regiões mais atingidas citamos: o Ribatejo, Torres Vedras, Cadaval, Caldas da Rainha, Alcobaça, Coimbra, Braga, Viana do Castelo e Portimão. É necessário que se tomem providências imediatas para debelar este mal, pois apenas podemos adoptar métodos preventivos com estabelecimento das medidas profilácticas adequadas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É de notar que, devido ao alto nível dos nossos investigadores, os estudos destas viroses em Portugal devem ser os mais adiantados em relação a qualquer outro país da Europa.

«maromba» provocava reduções de produção que em muitas vinhas chegavam a ser de 50 por cento. Com a indicação do tratamento adequado pode-se afirmar que toda a despesa realizada com a investigação das doenças da videira já está, de longe, paga pelos aumentos de produção obtidos em resultado da aplicação do boro.

Com referência às novas variedades de videira resistentes ao míldio, basta referir que a viticultura gasta por ano cerca de 14 000 t de sulfato de cobre, o que equivale a aproximadamente 110 000 contos.

Em redor da região de Braga há vinhas que começam a manifestar uma doença de aspecto grave, que carece de ser prontamente investigada.

Na ilha da Madeira algumas das boas castas daquele célebre vinho - as castas nobres - estão a ser dizimadas por uma doença que foi caracterizada como sendo de origem bacteriana, a que localmente designam por «gota». Esta doença bacteriana tem causado importantes prejuízos na África do Sul e em Itália, onde é conhecida por «mal de Nero». Os estudos desta doença vão prosseguir, com o objectivo de dar combate a tal mal.

Desnecessário será referir outros exemplos para demonstrar a importância e larga projecção destes estudos na viticultura nacional, motivo por que devem ser colocados na primeira ordem das preocupações e ser considerados de premente necessidade.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: em face dos números, temos de verificar que a produção vinícola portuguesa tem crescido continuamente.

Hectolitros

(a) Estimativa.

As duas últimas colheitas, devida às circunstâncias favoráveis da vegetação, foram muito abundantes, e daí o pânico que se estabeleceu, atribuindo-se todas as consequências do mal-estar às novas plantações ultimamente realizadas.

Porém, com as devidas cautelas e a atenta observação das circunstâncias em que decorre a actual conjuntura, cremos ser possível debelar o mal existente, adoptando com decisão e 'mantendo corajosamente as medidas que as circunstâncias impõem.

Para um produto de que no mercado interno se consomem cerca de 90 por cento e as variações de preços no produtor flutuam entre 1$ e 3$ por litro, é sempre possível encontrar uma forma de debelar o mal, harmonizando todos os interesses.

Também, embora sem me alongar na sua justificação, desejo afirmar a necessidade de existir no Ministério da Economia, como órgão de consulta e a par do Conselho Superior da Indústria, o Conselho Superior de Agricultura, onde devem estar representados: a lavoura, pelos seus organismos representativos; os estabelecimentos de investigação e de ensino agronómico, veterinário e florestal; as Direcções-Gerais dos Serviços Agrícolas, dos Serviços Pecuários e dos Serviços Florestais, a Junta de Colonização Interna e os organismos de coordenação económica, a fim de ali serem apreciados os grandes problemas agrários nacionais.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pretendia fazer algumas considerações sobre os diversos organismos corporativos, de coordenação económica e outros que superintendem nas diversas regiões vinícolas, mas alonguei-me demasiado, e, por isso, limitar-me-ei a dizer que a organização corporativa deve ser completada, criando-se a corporação do vinho, à qual competirá coordenar todos os problemas que respeitam ao vinho, ao álcool e às bebidas fermentadas, e, defendendo os legítimos interesses em causa, deve promover a sedução de equilíbrio que sirva o interesse nacional.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Carlos Moreira: - Sr. Presidente: o Douro, região vitivinícola, é formado pelas zonas dos distritos de Vila Real, Viseu, Bragança e Guarda que marginam o rio do mesmo nome, penetrando em cunhas apertadas