primeiro quis pôr termo à desorientação política do tempo, que ameaçava afundar o País, lançando aos políticos o seu grito patriótico em õ de Dezembro.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Venceu, trabalhou muito, transformou o País, fez uma grande obra, mas, porque a julgou defendida pela sua valentia, sucumbiu varado pelas balas traiçoeiras das alfurjas, que espreitavam o momento próprio.

Pensando na sua pátria - a quem se entregara em vida -, morreu como morrem os heróis, deixando um testamento nas palavras que proferiu na hora final: «Morro bem; salvem a Pátria»!

Essas palavras ecoaram por todo o País e, passando as fronteiras, chegaram até aqueles portugueses que em França, nas terras da Flandres, se esforçavam por tornar respeitada a nossa pátria.

Passaram os tempos e as últimas palavras de Sidónio Pais foram acordando muitos corações firmes, que, procurando a oportunidade, se organizavam para cumprir o seu testamento.

Até que o movimento de 18 de Abril marcou uma patriótica tentativa.

Por motivos que aqui não interessa citar, não venceu esse movimento, que arregimentava muitos cadetes de Sidónio Pais e muitos outros novos, endurecidos pelas batalhas da Flandres, mas acordados pela palavra final deste chefe.

Não venceu, mas preparou tudo, criou o ambiente próprio para o 28 de Maio de 1926.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Assistimos então, nessa data, à arrancada triunfante do grande general Gomes da Costa da. cidade de Braga, arrancada que, reunindo as várias guarnições do Pais, sem um tiro, sem resistência, em marcha sempre triunfal, o conduziu a Lisboa, onde entrou como libertador.

Estava dado o primeiro passo para salvar o País.

Aparentemente tudo se tinha submetido à vontade do Exército, que representava a vontade da Nação. Vivia-se em calma, todo o País recebera com alegria a vitória do Exército.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mas o mal tinha raízes profundas, e a aparente submissão servia apenas para preparar novo golpe. O germe do mal continuava a circular.

Os adversários mantiveram generosamente algumas posições de comando, e assim foi fácil tentar a obra de desagregação, arrastando os fracos, os indiferentes e os que estão sempre no caminho da oposição. Lamentavelmente, esqueceram-se de que o Exército tinha empenhado a sua honra na defesa do País.

O que foi o movimento de 7 de Fevereiro de 1927?

Todos os que por ele passaram sabem bem o que custou a vencer o adversário.

Tendo começado em 3 de Fevereiro no Porto, eclodiu três dias depois em Lisboa.

O que foi essa luta atestam-no o sangue derramado, as vidas que ceifou e os actos de heroísmo praticados por muitos, desde o mais humilde soldado, hoje esquecido no cantinho distante da sua aldeia, até aos chefes que os comandavam.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: ao recordar este dia desejo primeiro prestar justa homenagem de saudade e gratidão à memória dos nossos heróis que, caindo para sempre no campo da honra, deram a sua vida à Nação. Estou certo de que toda a Assembleia Nacional me acompanha nesta homenagem.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Desejo depois saudar os vivos que valentemente se bateram, representados todos na pessoa do nosso Ministro da Guerra de então, e felizmente ainda vivo, o coronel Passos e Sousa, ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... verdadeiro chefe militar, que a todos arrebatava pela sua decisão, energia e competência.

Com a maior rapidez e segurança preparou a defesa de Lisboa - que já então sabia ir ser teatro de lutas -, seguindo para o Porto no momento preciso para atacar e dominar ali os revoltosos, entregar os comandos em mãos firmes e voltar a Lisboa a tempo de actuar aqui.

A ele dirige, neste momento, as saudações mais calorosas um dos muitos subordinados seus nesse movimento, que ainda hoje se orgulha de ter servido sob as suas ordens.

Sr. Presidente: foi este o último movimento que arrancou o País aos maus políticos e o entregou definitivamente nas mãos firmes, honradas e patrióticas de Salazar.

Foi ao sacrifício desses bravos que ficámos devendo o ambiente de sossego e de progresso em que vivemos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Devemos manter-nos unidos na mesma finalidade, para que se não perca o sangue derramado por esses heróis, para que seja útil o sacrifício desses bravos.

Prometemos que o esforço há-de continuar, para que a Pátria se salve.

Com o rodar dos tempos, outros novos foram substituir os novos de ontem e velhos de hoje. Muitos destes novos são de rija têmpera. O País confia neles.

Saberão cumprir o sen dever; a Pátria há-de salvar-se.

Recordar esta data é prestar homenagem e agradecimento eterno àqueles que souberam morrer por ela.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Pereira da Conceição: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: a Organização Nacional Mocidade Portuguesa, sentindo e vivendo os anseios para que foi criada, lançou nos princípios de Janeiro do corrente ano o brado de alerta do 1.º centenário do nascimento de Mouzinho de Albuquerque.

E fê-lo em conferência pública do patriótico escritor e distinto jornalista que é Luís Teixeira, em sessão a que assistiram o ilustre titular da pasta do Ultramar e o incansável e dedicado Subsecretário de Estado da Educação Nacional.

A conferência foi proferida no Palácio da Independência, símbolo augusto da vida nacional, hoje transformado em ara do porvir, fonte das esperanças que a Pátria deposita nas gerações de amanhã.

A Mocidade Portuguesa, ao lançar o seu brado de alerta, ergue nos seus braços e ampara nos seus corações a figura nobre e exemplar do maior de todos os sertanejos africanos do século passado; que, nos campos de Moçambique, talhou com a sua bravura, com a