conquistadores ... D. João I e dos seus filhos -, a par do Infante Mártir, santo de Fez, a par do quinto Afonso, espada temerária do Maghreb, a par do soldado ignoto da guerra de 1914 - símbolos firmes da nossa expansão e por último da nossa continuidade africanas -, sempre regadas pelo sangue bravo dos heróis - a par desses, bem pode ficar o glorioso capitão -, último abencerragem duma época de ocupação afirmada nos restos valorosos duma grei e sobrepujando com valor admirável a desorientação e a baixeza dos mesquinhos e traiçoeiros.

Vozes: - Muito, bem!

O Orador: - Todos não somos de mais para a consagração a que tem jus quem tão devotadamente se deu ao serviço da Nação.

Por isso ouso solicitar desta tribuna, onde a voz do povo é a voz do País, a colaboração do Governo para tão patriótica empresa. Secundo as aspirações da mocidade, expressas pela voz clara o patriótica de Luís Teixeira, sempre disposta a batalhar pelas causas nobres de apreço aos heróis africanos.

E, como outros e vários desejarão associar-se a tomar parte activa e dedicada em tais tarefas e como penso que isso é a obra da Nação, ouso solicitar aos dignos e ilustres titulares das pastas da Defesa Nacional e do Ultramar que congracem estes desejos, patrocinem junto do Governo esta realização e lhe dêem corpo, de modo que no dia 11 de Novembro do ano corrente, data do centenário, as cinzas do herói de tantos combates vão repousar finalmente no cenotáfio da Pátria que é o Mosteiro da Batalha.

Entre os mortos - os heróis seculares que ali repousam - sentir-se-á a continua dignidade que ali é timbre.

Entre os vivos - a Mocidade, o Exército e a Nação - sentir-se-á o frémito da admiração que merecem aqueles que acima de si põem o serviço augusto e nobre da grei.

Com tal acto de justiça não é uma falta que redimimos, mas apenas um exemplo do Portugal que veneramos.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Mendes Correia: - Sr. Presidente: o nosso ilustre colega nesta Assembleia Sr. Coronel Pereira da Conceição acaba de levantar, oportuna e acertadamente, a sua voz no sentido de que não deixe de se comemorar com adequadas celebrações e iniciativas o 1.º centenário do glorioso militar e administrador ultramarino que foi Joaquim Mouzinho de Albuquerque.

Pedi a palavra a V. Ex.a, Sr. Presidente, para me associar ao desejo do nosso colega, acrescentando algumas palavras sobre os trabalhos já efectuados pela Sociedade de Geografia de Lisboa e suas comissões e secções no sentido do estabelecimento dum plano daquelas comemorações, que, quer sejam promovidas pela briosa Mocidade Portuguesa, quer o sejam pela patriótica Sociedade de Geografia, ou pelas duas e mesmo por outras organizações, revestirão em qualquer caso, revestirão necessariamente, um alto carácter nacional.

É que a memória de Mouzinho, a sua personalidade e o seu papel pertencem à Nação, são património magnifico deste pais.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Tão grande foi a projecção de Mouzinho e da sua acção na história contemporânea de Portugal que, como já disse algures, a perturbada inquietação dos últimos tempos da sua existência, o seu próprio trágico fim testemunham a inadaptação do seu valor, da sua grandeza, à escala mesquinha do seu ambiente, às proporções e aos horizontes do seu meio e da sua época.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A insatisfação final deste vinha do justificado receio de que se dissipassem, se perdessem, as vantagens que o seu heroísmo de soldado e o seu valor de governante haviam conquistado gloriosamente para a Nação.

O futuro, os factos subsequentes, confirmaram triunfalmente as previsões que se continham nos seus feitos heróicos e na sua tarefa política e administrativa.

Desta e daqueles, do prosseguimento das suas orientações salutares, dos resultados decisivos dos seus gestos admiráveis e desassombrados ninguém duvida ter derivado beneficio e préstimo para a Pátria, para o enraizamento e progresso da nossa acção em África, para o próprio revigoramento do espírito patriótico, duma fé, que um pouco se entibiara, nos destinos eternos, na missão histórica de Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mouzinho foi o notável, o valente, o clarividente delineador e realizador da tarefa inaugural duma política que deu um sentido elevado à nossa presença em África e que definitivamente converteu Moçambique num pedaço fremente, vivo e sagrado da carne, da própria alma da Pátria.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- A condigna celebração deste centenário, a que, como uma das suas realizações efectivas, não deve faltar o reatamento feliz da iniciativa do levantamento em Lisboa dum monumento individual a Mouzinho, esta celebração do centenário, repito, deve, a meu ver, revestir, além do significado lógico de justo preito ao valor, o aspecto, não menos apreciável, de lição e estímulo perenes, concretos, à mocidade - à mocidade, que é luminosa esperança deste país.

Mouzinho, ressalvando a sua atitude derradeira, foi, é e será sempre paradigma excelente de acção patriótica e esclarecida.

É bom que a juventude actual saiba que eram bem duras e difíceis as condições daquele tempo para um europeu, como ele, em África.

Vozes: - Muito bem!