atender e de circunstâncias externas que precisamos debelar; impõe-se, assim, uma coordenação perfeita dentro do próprio Poder Central, onde a cada actividade seja conferida a posição de hierarquia política - se se permite a expressão - que a sua importância justifique.

Parece-me, portanto, pouco defensável, em face das razões que atrás expus de forma tão sucinta, mas que VV. Ex.ªs imediatamente reforçam por conhecimentos que possuem, que se não tenha feito renascer ainda o Ministério da Agricultura.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não para promover euforias de preços na lavoura, burocratizar ainda mais determinados serviços ou criar condições de especial preponderância ou alforria à economia desta ou daquela região, mas sim para tratar judiciosamente, dentro da própria importância que a posição ministerial confere, os problemas cada vez mais graves da primeira fonte da riqueza nacional.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Creio que numa melhor estruturação do Governo melhor se desenvolveria n acção, por natureza tão vasta, do actual Ministério da Economia, tão pletórico de funções, por um lado. e tão carecido de importância em muitos dos seus sectores, por outro; mais lucraríamos, decerto, substituindo-a pela acção de um Ministério da Agricultura, de um Ministério do Fomento, de um eventual Ministério do Comércio, os quais, a par do Ministério das Finanças e, em certas circunstâncias, até do próprio Ministério do Ultramar, constituiriam o corpo ministerial que coordenaria toda a sua complexa actividade sob a égide indispensável de um Ministro da Coordenação Económica.

E esta solução, que me parece tão útil sob o ponto de vista administrativo, traria indiscutíveis vantagens sob o ponto de vista político.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Termino. Sr. Presidente, tecendo os maiores louvores ao Sr. Deputado Paulo Cancella de Abreu por ter contribuído, através deste seu momentoso aviso prévio, para que nesta Assembleia fosse debatido um dos mais importantes problemas da economia nacional; e endereço-os também a todos quantos aqui ardorosamente defenderam a justa posição das suas terras, num emocionante reflexo de uma das mais altas qualidades da boa gente que vive da lavoura: coragem, teimosia, persistência.

Por ela ter, é certo, os seus inconvenientes, mas lá estará o Governo para os atenuar ou superar; por isso mesmo faço votos para que ela nunca se perca entre nós no convencimento do alcance da profecia da vidente de Lagerlof: «Enquanto houver lavradores teimosos como tu, está salva a honra da Pátria».

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão. A próxima será amanhã, com a mesma ordem do dia da de hoje.

Está encerrada a sessão.

Eram 18 horas e 30 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Abel Maria Castro de Lacerda.

Henrique dos Santos Tenreiro.

Manuel de Sousa Rosal Júnior.

Mário Correia Teles de Araújo e Albuquerque.

Pedro de Chaves Cymbron Borges de Sousa.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Agnelo Orneias do Rego.

Antão Santos da Cunha.

António Júdice Bustorff da Silva.

Augusto César Cerqueira Gomes.

Carlos de Azevedo Mendes.

Carlos Mantero Belard.

Jerónimo Salvador Constantino Sócrates da Costa.

João Carlos de Assis Pereira de Melo.

João Cerveira Pinto.

Joaquim de Moura Relvas.

Jorge Pereira Jardim.

José Gualberto de Sá Carneiro.

José dos Santos Bessa.

Luís Filipe da Fonseca Morais Alçada.

Luís Maria da Silva Lima Faleiro.

Manuel Cerqueira Gomes.

Manuel Maria de Lacerda de Sousa Aroso.