lidade. Aprofundaram-no doutamente também no seu aspecto comum todos os oradores que intervieram.

Mas, como era natural e legítimo, a grande maioria defendeu também os aspectos e interesses especiais e próprios de cada uma dos regiões a que pertence ou representa e que, afinal, são parcelas de um todo onde se consubstancia o interesse nacional.

Eu, pela minha parte, quando abri o debate devia pôr o problema em conjunto, e neste sentido me esforcei.

E, por isso, abstive-me de fazer mais do que ligeiras referências à região que melhor conheço, embora, na verdade, lhe interessem grandemente os aspectos gerais que contemplamos.

Mas agora não devo dispensar-me de deixar aqui um ligeiro apontamento sobre uma das mais importantes, características e tradicionais regiões vinhateiras do País, alheando-me, todavia, do que pudesse interessar-me como pequeno produtor bairradino, que não vive, nem podia viver, da sua modesta colheita.

A Bairrada (como disse o Sr. Cabral Mascarenhas, a zona da Beira Litoral de maior importância económica no sector da vinha) - digo eu - constitui uma vasta mancha, onde predomina a encosta e cuja produção tem características especiais, muito apropriadas à formação da lota e à exportação, por se tratar de vinhos encorpados e de boa graduação alcoólica.

No perímetro que aquele ilustre Procurador à Câmara Corporativa atribui à Bairrada, com uma população agrícola de 44 535 indivíduos, o número de vitivinicultores é de 14'809, dos quais mais de dois terços (10 570) lavram só até 5 pipas, 2544 de 5 a 10, havendo apenas 13 que produzem de 100 a 200 pipas, ou sejam estes cerca de 1,92 por cento do total da produção. Quer dizer: ali, como, aliás, no Douro, em todas as Beiras e noutras regiões, predominam extraordinariamente a propriedade pequena e dispersa e as pequenas produções.

Se a isto acrescentarmos que a grande maioria daqueles bons e modestos lavradores bairradinos mais não pode do que colher o milho p ara a sua broa e a couve para o seu caldo - e isto nem sempre -, fica posto o panorama à luz crua de uma realidade cujos perigos as adegas cooperativas muito têm atenuado, mas virão a ficar longe de uma possibilidade total se a saturação do mercado vier a atingir um nível que dela só poderia libertá-lo o celebrado tonel das Danaides.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: foi apresentada uma moção destinada a concretizar este debate. O rápido conhecimento que tomei dela levou-me a concluir que não satisfaz inteiramente os pontos de vista e sugestões aqui apresentados; mas, como não os contraria, dar-lhe-ei o meu voto, esperançado em que o Governo tomará na devida conta tudo o que aqui se disse e provou nestas onze sessões.

Sr. Presidente: não é com palavras minhas que encerro este debate. É com estas, há dias aqui pronunciadas e que ainda soam nos meus ouvidos:

Sobretudo a pequena e a média lavoura vivem uma vida toda feita de dificuldades e privações. Há que dar-lhes a mão para que elas também possam colaborar por forma eficiente nesta bendita obra de protecção ao trabalhador rural e realizar plenamente a função que também lhes cabe no conjunto da vida nacional..

Merecem-no elas pelo seu admirável espirito de sacrifício e merece-o o pobre trabalhador rural, que, entre os trabalhadores portugueses, é quiçá o mais prestimoso e o mais pronto na imolação de si mesmo.

Só com a doutrina do Evangelho, e inundados pela sua luz, nos será possível ir ao encontro dos grandes problemas da humanidade e dar-lhes solução conveniente e definitiva.

Não nos decidimos a fazê-lo, e já, nós todos os que temos responsabilidades sociais? Serão esses mesmos problemas que desesperadamente virão sobre nós com estranhas e subversivas soluções, que importarão fatalmente a negação o a morte da própria vida.

Palavras de dolorosa profecia, com dobrada expressão no seu conteúdo cheio de verdade e na autoridade das virtudes e do múnus venerável de alguém cuja presença honra a Assembleia Nacional: monsenhor Santos Carreto. Atente o Governo nisto.

Vozes : - Muito bem, muito bem !

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai ser lida a moção há pouco enviada à Mesa.

Foi lida:

O Sr. Presidente: - Vai votar-se.

Submetida à votação, foi aprovada.

O Sr. Presidente: - Registar-se-á no Diário das Sessões que a moção foi aprovada por unanimidade.

Antes de encerrar a sessão quero comunicar que vou interromper o funcionamento efectivo da Assembleia Nacional.

Há pendente da apreciação da Câmara o seguinte:

Avisos prévios